100 dias para Paris 2024: 10 prováveis estreantes brasileiros nos Jogos Olímpicos para ficar de olho
O Brasil chegará a Paris 2024 cheio de medalhistas de outras edições dos Jogos Olímpicos que tentarão subir mais alguns degraus no Olimpo do esporte. No entanto, se os principais holofotes vão para figuras consagradas, há também muitos novatos que buscam seu lugar ao sol: brasileiros que pela primeira vez viverão seu sonho Olímpico e pintam como candidatos a fazer bonito - seja com um bom desempenho ou até mesmo com pódio.
Faltando apenas 100 dias para o início dos Jogos Olímpicos, confira uma lista com dez atletas brasileiros que devem fazer a estreia Olímpica e merecem atenção. Vale sublinhar que nem todos estão confirmados em Paris 2024. Dos dez citados, Wanderley Pereira e Filipe Toledo são os únicos que já obtiveram vagas nominais.
Como os Comitês Olímpicos Nacionais têm autoridade exclusiva sobre a representação de seus respectivos países nos Jogos Olímpicos, a participação dos atletas nos Jogos de Paris depende de seus CONs selecioná-los para representar sua delegação em Paris 2024.
Beatriz Souza, judô
Beatriz Souza coleciona medalhas importantes no judô desde 2017, quando tinha 19 anos e conquistou a prata por equipes no Campeonato Mundial. Desde então, Bia teve resultados expressivos nas principais competições do mundo, incluindo uma prata e dois bronzes individuais nos Mundiais de 2021, 2022 e 2023.
Embora seu nome esteja no topo da modalidade há um bom tempo, a paulista disputará sua primeira edição dos Jogos Olímpicos: em Tóquio 2020, a escolhida na categoria acima de 78 kg foi a experiente Maria Suelen Altheman. Hoje treinada por Maria Suellen, Bia é candidatíssima não apenas a apresentar suas credenciais em Paris 2024, como também a subir no pódio.
"Estou em busca da medalha Olímpica. Quero a medalha Olímpica como qualquer outro atleta", declarou Bia Souza, em entrevista ao Olympics.com em março. “Os treinos estão sendo bem encaminhados e os resultados que eu venho tendo durante esses últimos anos mostram que eu estou no caminho certo e que preciso continuar firme."
Bia está na lista de pré-convocados do judô do Brasil para Paris 2024.
Filipe Toledo, surfe
Filipinho é um nome badalado há tempos, como representante da “Brazilian Storm”. O surfista natural de Ubatuba pegou suas primeiras ondas sob as orientações do pai, Ricardo Toledo, bicampeão brasileiro. Filipe ganhou etapas do circuito mundial a partir de 2015, até chegar ao bicampeonato da Championship Tour da WSL em 2022 e 2023. Também levou o ouro no ISA Games em 2019 e 2024.
Com apenas duas vagas para os surfistas brasileiros em Tóquio 2020, porém, Filipe viu de longe as participações de Gabriel Medina e do medalhista de ouro Ítalo Ferreira. Agora, Filipinho terá sua chance Olímpica no auge da carreira. O paulista resolveu até abrir mão do circuito mundial para se concentrar em Paris 2024.
“Acho que é o momento mais alto que a gente consegue chegar no nosso esporte, onde a gente consegue mostrar o nosso talento pro mundo inteiro. Então, acho que ter uma medalha Olímpica em casa, se for de ouro melhor ainda, mas ter uma medalha Olímpica em casa eu acho que é o auge que a gente pode atingir. Então, vou dar o meu máximo”, disse Filipe ao podcast do Olympics.com, em janeiro.
Carol Solberg, vôlei de praia
É curioso pensar que Carol Solberg, aos 36 anos, nunca disputou uma edição dos Jogos Olímpicos. Sua família tem DNA Olímpico, afinal. Antes que Carol nascesse, a mãe Isabel esteve presente em Moscou 1980 e Los Angeles 1984 como lenda da seleção de vôlei. O irmão, Pedro Solberg, participou do vôlei de praia no Rio 2016. Agora é a vez de Carol, na reta final de uma carreira muito condecorada nas praias.
A carioca ganha medalhas no circuito mundial desde 2008, com mais de 20 pódios no currículo. Falta mesmo completar o sonho Olímpico. Carol compete ao lado de Bárbara, prata no Rio 2016, reeditando a parceria de títulos juvenis. A dupla recentemente conquistou o ouro no Elite 16 de Doha.
“Eu penso muito, quero, sonho em ir para os Jogos. Quero demais estar lá. Mas é o que eu te falei, eu acho que essa disputa dessa vaga no Brasil é sempre muito difícil. São vários times muito bons. Então eu quero... eu quero ter certeza, que quero fazer esse ciclo e no dia que definir essa vaga, eu quero estar muito tranquila, sabe? De dizer que eu dei 100%, eu dei meu sangue e agora vamos curtir. Claro que tudo o que eu quero é ir para as Olimpíadas. Para mim é demais estar lá e provavelmente deve ser minha última chance assim também. Eu realmente quero curtir esse processo e estou curtindo”, afirmou Carol Solberg ao Olympics.com, em junho de 2022.
Wanderley Pereira, boxe
O boxe se transformou numa fonte importante de medalhas ao Brasil. Wanderley Pereira chega com credenciais para sonhar na categoria até 80 kg. O pugilista de 22 anos ingressou na seleção como reserva de Herbert Conceição, campeão Olímpico em Tóquio 2020, e despontou no atual ciclo. Wanderley conquistou o ouro nos Jogos Sul-Americanos de 2022, enquanto levou pratas no Mundial de 2023 e nos Jogos Pan-Americanos de 2023.
Tricampeão brasileiro, o baiano de Conceição do Almeida possui o sugestivo apelido de "Holyfield", em referência ao ex-boxeador Evander Holyfield. Bárbara Santos, bronze no Mundial e ouro no Pan, é outra novata do boxe que merece menção.
"Meu principal objetivo no boxe é conquistar a medalha olímpica. Eu sou vice-campeão mundial, campeão sul-americano e o meu foco é conquistar medalhas em todos os campeonatos que eu participar, em todos os campeonatos grandes", afirmou Wanderley, em entrevista ao canal It's On.
Kerolin, futebol
Kerolin vem de uma grande temporada 2023 na NWSL, a liga americana feminina de futebol. A atacante esteve entre as protagonistas do North Carolina Courage, pelo qual conquistou a Challenge Cup. Individualmente, ainda ganhou o prêmio de MVP como melhor jogadora da NWSL - troféu inédito a uma brasileira. Porém, uma grave lesão no joelho, com a ruptura do ligamento cruzado anterior, a tirou de ação desde outubro. Mesmo longe dos gramados desde então, a paulista de Bauru é um nome importante rumo aos Jogos Olímpicos.
Pela seleção brasileira, Kerolin disputou Campeonatos Mundiais na base e fez sua estreia pelo time adulto em 2018, mas apenas no atual ciclo Olímpico se firmou. A atacante conquistou a Copa América 2022, que valeu a vaga Olímpica, e disputou a Copa do Mundo de 2023, em campanha encerrada na fase de grupos.
Em 2023, Kerolin ainda recebeu o Prêmio Brasil Olímpico, como destaque do futebol no país. "Esta honra significa muito para mim, especialmente após uma temporada tão desafiadora e repleta de conquistas nos Estados Unidos. Gostaria de dedicar este prêmio a todas as mulheres que diariamente superam desafios para se destacar no esporte. Que sirva de inspiração para todas as jovens atletas que sonham em trilhar um caminho no futebol", declarou.
Darlan Souza, vôlei
Darlan Souza se colocou entre os protagonistas da seleção de vôlei ao longo de 2023. O oposto de 21 anos teve grande importância na conquista da vaga Olímpica, com ótimas atuações no torneio qualificatório da modalidade - inclusive na decisão contra a Itália, no Maracanãzinho. O alto nível se manteve no Pan 2023, quando levou o ouro e se colocou entre os melhores da competição. E a fase inspirada se nota também na Superliga, como maior pontuador e melhor sacador na fase de classificação, pelo Sesi Bauru.
Paris 2024 será uma experiência nova para Darlan, mas não para sua família: o irmão mais velho Alan Souza, com quem disputa posição, fez sua estreia Olímpica em Tóquio 2020.
"Nossa irmandade é muito boa por conta disso, porque se eu estiver de titular, ele vai estar orgulhoso de mim. Tenho certeza de que, quando olho para o banco, ele está com aquele olhar de admiração e é a mesma coisa quando ele está jogando. Eu saía, ele entrava e eu vibrava do mesmo jeito, porque é um orgulho para a nossa família", declarou Darlan, ao Olympics.com, em outubro de 2023.
Júlia Soares, ginástica artística
A equipe brasileira da ginástica artística feminina possui várias atletas consolidadas. A novata da turma é Júlia Soares, que ganha espaço no conjunto em seus últimos feitos. A paranaense de 18 anos estreou na seleção adulta em 2021, sem tempo hábil para estar em Tóquio 2020. Sua eclosão aconteceu nos Jogos Sul-Americanos de 2022, com quatro ouros, incluindo o individual geral.
Já em 2023, Júlia participou do time que levou a prata no Mundial e também no Pan. A caçula contribuiu com notas na trave de equilíbrio e no solo durante as duas finais. No individual, a ginasta se aproximou da medalha no solo pelo Pan. Ficou na quarta posição, mas a só 0.1 da prata dividida por Flávia Saraiva e Kayla DiCello.
“Desde novinha, meu sonho é ir para as Olimpíadas. Eu decidi me focar totalmente nos treinos desde aquela época. Mesmo indo para a escola, com os amigos chamando para sair. A gente acaba abdicando de certas coisas para treinar. Mas isso é importante para chegar onde eu quero chegar, que é estar nas Olimpíadas e ouvir o Hino Nacional", disse Júlia, ao Olympics.com, em outubro de 2022.
Guilherme Caribé, natação
Guilherme Caribé surge como uma das maiores esperanças da natação brasileira. O baiano de 21 anos passou a chamar atenção nas provas de velocidade sobretudo a partir de 2022, quando se mudou para os Estados Unidos, para competir pela Universidade do Tennessee.
O nadador buscou o ouro dos 100m livres nos Jogos Pan-Americanos de 2023 e a quinta posição nos 50m livres. Também faturou dois ouros e uma prata nos revezamentos. O novato começa a quebrar recordes, em especial nas fortes competições universitárias americanas. Foi capaz de superar uma marca de César Cielo na prova de 100 jardas da NCAA, na qual ficou com a prata.
“Como nadador, todos os atletas têm como maior sonho o ouro Olímpico. A gente tem só o do Cielo, então quero buscar mais um. Não só mais um. Pretendo buscar mais alguns para a gente”, declarou Caribé, ao Olympics.com, em maio de 2023.
Bárbara Domingos, ginástica rítmica
A ginástica rítmica conquistou resultados inéditos nos últimos meses. Bárbara Domingos oferece os melhores desempenhos individuais. A paranaense de 24 anos possui medalhas em competições continentais desde 2016. Todavia, ficou de fora dos Jogos Olímpicos no Rio 2016 e bateu na trave em busca de Tóquio 2020.
Os pódios se tornaram mais costumeiros no atual ciclo, com brilho nos Jogos Pan-Americanos: foram três ouros, inclusive no individual geral, e duas pratas. Nunca uma brasileira tinha levado o ouro em provas individuais da ginástica rítmica em edições do Pan. Babi ainda ficou no 11° lugar do individual geral no Mundial de 2023, melhor colocação de uma brasileira na história.
"A gente sempre tem que acreditar nos nossos sonhos porque um dia eles vão se realizar. E eu realizei o meu, que é ir para as Olimpíadas", declarou Babi, ao Olympics.com, em outubro de 2023. "O Brasil vem melhorando dia após dia e ter uma representatividade no individual para gente é muito importante. O individual vem trabalhando muito pra melhorar dia após dia. Mostrando ao mundo que podemos chegar nas finais e na Olimpíada."
Augusto Akio, skate
Augusto Akio se sobressai como uma opção do skate brasileiro nos Jogos Olímpicos, embora a própria disputa interna para estar em Paris 2024 seja bastante acirrada. O paranaense de 23 anos surgiu muito jovem na cena do skate em Curitiba, mas não tinha resultados tão consistentes nas disciplinas Olímpicas para estar em Tóquio 2020.
Sua ascensão foi marcante no atual ciclo, com a prata do skate park no Campeonato Mundial de 2022 e a quinta posição no Mundial de 2023. Também faturou a prata do park nos Jogos Pan-Americanos de 2023, com a prata no feminino para Raicca Ventura, que também busca a estreia Olímpica. Akio é conhecido por fazer malabares durante suas provas.
“O Mundial de Sharjah indicou que realmente eu tenho nível para estar disputando uma medalha [Olímpica]. Mas o skate é muito imprevisível. Não sei como vai ser a pista de skate de Paris, nas Olimpíadas. Vai ser uma questão de adaptação, que também não deixa de fazer parte do conceito do skate, que é se adaptar”, afirmou Augusto Akio, ao podcast Olympics.com, em abril de 2023.