Júlia Soares reforça Brasil no Mundial de ginástica artística: ‘Temos uma equipe muito forte’
Ginasta de 17 anos, que conquistou quatro ouros nos Jogos Sul-americanos, espera que seu desempenho na trave e no solo ajude a seleção a conquistar uma das três vagas Olímpicas em disputa em Liverpool. Confira a entrevista exclusiva ao Olympics.com.
Caçula da seleção brasileira no Mundial de Ginástica Artística de 2022, Júlia Soares sabe muito bem o que quer, aos 17 anos. Na verdade, ela tem certeza desde que imitava a irmã mais velha, Giovanna, no ginásio.
“Percebi que a ginástica não era só uma brincadeira para mim, mas algo que eu poderia levar para frente, chegar em competições internacionais, até as Olimpíadas, que são o meu sonho e meu foco”, disse a curitibana Júlia ao Olympics.com.
Prestes a estrear no Mundial adulto, que acontece de 26 de outubro a 6 de novembro, em Liverpool, na Inglaterra, a ginasta pensa na maior recompensa possível por todo o seu empenho durante a infância e adolescência.
“Desde novinha, meu sonho é ir para as Olimpíadas. Eu decidi me focar totalmente nos treinos desde aquela época. Mesmo indo para a escola, com os amigos chamando para sair. A gente acaba abdicando de certas coisas para treinar. Mas isso é importante para chegar onde eu quero chegar, que é estar nas Olimpíadas e ouvir o Hino Nacional.”
Saiba mais sobre a promissora ginasta brasileira, que estará ao lado de Rebeca Andrade, Flavia Saraiva, Carolyne Pedro e Lorrane Oliveira na busca pelas primeiras vagas por equipes para Paris 2024.
Júlia Soares: ‘Cada uma tem o seu aparelho mais forte’
Para ficar no pódio do evento por equipes no Mundial, e assim ganhar uma das três primeiras vagas para os próximos Jogos Olímpicos, o Brasil precisa mais do que nunca da força do conjunto.
“A gente espera conseguir uma vaga nas Olimpíadas. Temos uma equipe muito forte, cada menina tem o seu aparelho mais forte. A Rebeca, por exemplo, tem um salto muito bom e notas muito elevadas, mas também esperamos ajudar nossa equipe a ter um valor bem alto e poder conquistar, se Deus quiser, a vaga Olímpica”, comentou Júlia.
Júlia treina em Curitiba, no CEGIN, mas afirmou ter um bom entrosamento com Rebeca, Flavia e Lorrane, que são atletas do Flamengo e melhores amigas.
“É importante estar com elas e ver como elas treinam, o que elas fazem. Temos uma amizade muito legal. Quando a gente se junta, sabemos quem gosta de receber uma palavra de incentivo, quem prefere ficar concentrada. Vamos aprendendo uma sobre a outra”, afirmou.
“Vou para este Mundial para ganhar mais experiência ainda”, acrescentou.
Especialista em trave e solo
Nos Jogos Sul-americanos de 2022, no início de outubro, Júlia foi a líder da equipe brasileira e saiu da competição com quatro ouros, no individual geral, no solo, na trave e na disputa por equipes.
Desde que chegou à categoria adulta, ela tem se especializado na trave de equilíbrio e no solo.
“Quando a gente gosta de um certo aparelho, a gente acaba treinando com mais gosto e tendo mais segurança para fazer os elementos”, explicou a ginasta.
Júlia gosta tanto da trave, que até treinou em uma improvisada pelo pai e pelo tio na sua casa quando a pandemia de Covid-19 tomou o mundo.
“Fiquei muito feliz quando eles construíram. Na pandemia, a gente tinha que continuar a treinar de algum jeito. Se não treinar, perde a resistência, a força”, lembrou.
A pandemia começou justamente quando Júlia estrearia na categoria adulta, tirando dela um ano crucial para o seu desenvolvimento. Mais do que nunca, ela precisou de força mental.
“O mental é muito importante para a gente, assim como o físico. Não adianta ter um e não ter o outro, porque lidamos com muita pressão psicológica e física.”
Em 2021, Júlia pôde enfim estrear na seleção principal e o fez com estilo: homologou um elemento no seu nome, que consiste na adição de uma meia pirueta à entrada em vela na trave (quando a ginasta usa um trampolim para subir pela lateral da trave em posição esticada). Veja abaixo:
Encontro com Simone Biles?
Júlia afirma que a Olimpíada que mais a marcou foi a Rio 2016, na qual Simone Biles ganhou cinco medalhas, quatro de ouro. Não por acaso, a americana está entre seus principais ídolos.
“A Daiane dos Santos foi muito importante para a ginástica, assim como a Rebeca, a Flávia, a Lorrane e a Jade. Acho a Simone Biles surreal, ela tem uma explosão incrível e faz coisas que deixam todo mundo chocada. Todas elas me inspiram muito”, contou.
Biles ainda não revelou seus planos para Paris 2024, mas Júlia espera poder pelo menos conhecer a multicampeã.
“Ela disse que não sabe se vai como atleta ou no público, mas se Deus quiser eu vou encontrá-la em Paris”, disse Júlia.
Mesmo se não for possível encontrá-la, a jornada até os Jogos Olímpicos terá valido a pena.
“É uma competição diferenciada. Seria muito diferente de todas as competições que já participei. É um sonho de todos os atletas.”