Pan 2023: Augusto Akio faz malabarismo entre disputa e amizade no skate park
Um dos grandes nomes do mundo no skate park, o brasileiro chega como favorito em Santiago 2023 representando o espírito de companheirismo do esporte.
Skate
O skate trouxe ao universo Olímpico cenas recorrentes de atletas comemorando manobras de outros competidores, cientes de que todos eles têm um papel no desenvolvimento da modalidade como disputa esportiva, mas também como uma filosofia de vida.
Augusto Akio é um grande embaixador desse movimento. O curitibano, que foi vice-campeão e quinto colocado nos Mundiais disputados durante o ano de 2023, será o único representante brasileiro no skate park masculino nos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023 e favorito ao ouro na prova que acontece em 22 de outubro, às 16h30.
“Dos Mundiais eu já venho participando, então tenho um certo conhecimento do assunto, como é a rotina de competição, como funciona a organização do evento. No entanto, o Pan-Americano é uma experiência nova para mim”, comentou o segundo colocado do ranking da World Skate a um grupo de jornalistas em São Paulo, incluindo o Olympics.com.
“Não sei muito bem o que esperar, não. Na verdade, espero ver muito skate e espero conhecer ainda mais sobre esse esporte que eu tanto amo, e também tenho como expectativa apresentar um skate de qualidade”, acrescentou.
Augusto Akio: 'Não é sempre que estou tranquilo'
Também conhecido como Japinha por suas origens orientais, Akio costuma fazer malabares durante as provas para se divertir e treinar seu raciocínio. Por mais que a pressão da proximidade de Paris 2024 seja difícil de ignorar, ele não quer mudar nada em sua preparação e comportamento até lá.
“Cheguei onde cheguei fazendo o que eu faço. Pretendo continuar fazendo, claro, me adaptando, sempre buscando o que for melhor para mim e não só para mim, assim como para meus amigos. Porque, se não fossem eles, eu talvez não andaria tanto de skate como eu ando”, contou Akio, que é grande amigo de Luigi Cini, medalha de prata no último Mundial, em Roma.
Mas não se engane ao pensar que Akio é 100% sereno. O skatista reconheceu que suas sensações flutuam, assim como para todos os outros atletas.
“Não tem como ser 100% tranquilo e talvez também não tenha como ser 100% estressado. Acredito é sempre como ondas, um ondulatório. Esses sentimentos, essas fases... dia e noite, sol e chuva, frio e calor, tudo sofre mudanças. Não é sempre que estou tranquilo, por mais que o meu semblante seja de tranquilidade. Às vezes estou muito preocupado por dentro e, na verdade, eu gosto de andar de skate, então sou feliz fazendo o que eu faço”, garantiu.
Augusto Akio: ser o melhor em cada momento
Uma maneira de tentar manter a tranquilidade é não pautar o seu valor a partir das notas dos árbitros, segundo Akio.
"Eu não olho tanto para as notas durante a prova. Porque aquilo são números. O número foi criado pelo homem, não é uma parada que de fato exista”, opinou.
"Ganhar ou perder depende de outros fatores. Não é apenas o seu desempenho que vai definir o resultado da prova. Pode ser que todos os competidores na final errem e aquele que mesmo não tendo um maior nível de manobras acerte. Isso significa que ele é o melhor skatista do mundo? Talvez, mas provavelmente foi o melhor naquele momento, naquele período de tempo.”
A maior preocupação de Akio está em viver momentos especiais ao lado de seus amigos e comemorar a evolução coletiva do skate.
“Estava andando de skate com os meus amigos e torcendo para que eles acertem as manobras deles. Também quero acertar as minhas. Compreendo que para eles também não foi fácil estar debaixo do sol em prol do esporte, do entretenimento, da alegria e diversão. Meu propósito é me alegrar e me divertir. Se dizem que sou bom naquilo, acredito, e por que não dar o meu melhor?”
Outro propósito de Akio é honrar sua família, que o apoiou em sua aventura no esporte e continua fazendo parte de sua jornada no topo do skate park.
“Meu pai [Altamiro Alves dos Santos] me levou para minha primeira competição de skate, as viagens... Devo muito a ele e ao meu avô e à minha mãe. Meu avô foi um dos pioneiros da acupuntura no Brasil e minha mãe seguiu o mesmo caminho. O tratamento da acupuntura me ajudou muito a me recuperar das lesões, porque o que fazemos é muita pancada.”