Portugal nos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022: três estreantes e três melhores marcas
José Cabeça (esqui de fundo), Vanina Guerillot Oliveira e Ricardo Brancal (esqui alpino) deixaram os Jogos Olímpicos Beijing 2022 com a sensação de missão cumprida. Confira os resultados.
Portugal é um pequeno país em termos de dimensão Olímpica nos Jogos de Inverno, um estatuto diferente do que representa nos Jogos Olímpicos de Verão.
Se na versão invernal o melhor resultado dos lusos foi conseguido em Nagano 1998 por Mafalda Queirós Pereira (21° posto no esqui estilo livre), quando o evento se realiza no verão Portugal tem 28 medalhas conquistadas.
Com três atletas presentes em Beijing 2022, os portugueses conseguiram melhorar três marcas históricas no esqui alpino e no esqui de fundo.
Motivados pela melhor participação de sempre nos Jogos de Verão – com quatro medalhas e 15 diplomas Olímpicos conquistados em Tóquio 2020 – os atletas Vanina Guerillot Oliveira (esqui alpino), Ricardo Brancal (esqui alpino) e José Cabeça (esqui de fundo) deixaram a República Popular da China com a sensação de missão cumprida.
Vanina Guerillot: a melhor portuguesa de sempre em slalom gigante
Vanina Guerillot Oliveira conseguiu melhorar o resultado de Camille Dias (59ª no slalom gigante) em Sochi 2014. A estreante em Jogos Olímpicos foi 43ª e fez história para a nação mesmo que sua disciplina favorita seja o slalom – aí não terminou a segunda descida após ser 46ª (entre 88 esquiadoras) na primeira.
A atleta reconheceu ter feito “uma boa 1.ª manga” e estar contente pela vivência Olímpica, que incluiu ser porta-bandeira na Cerimônia de Abertura ao lado de Ricardo Brancal: “Foi uma experiência incrível, com pistas formidáveis, neve excelente e cheia de boas recordações.” Aos 19 anos, a franco-portuguesa é a melhor portuguesa de sempre no slalom gigante.
Ricardo Brancal: das raquetes aos esquis
Guerillot Oliveira abriu a participação portuguesa e Brancal fechou, ambos nas montanhas de Yanqing. O subúrbio montanhoso da capital chinesa, localizado 75 quilômetros a noroeste do centro de Pequim, foi a sede dos eventos de esqui alpino.
Ricardo Brancal concluiu seus dois eventos na pista “Ice River”, onde a porta de saída está colocada a 1925m de altitude. O esquiador de 25 anos foi 39º no slalom, mas foi no slalom gigante que entrou na história: o 37º lugar representa a melhor prestação de um esquiador português em Jogos Olímpicos.
“Felizmente consegui chegar ao fim. Na segunda descida tive bons primeiros setores e na parte final senti que podia ter feito algo mais, porque ainda tinha mais para dar. Todos nós aqui sentimos o calor dos portugueses.”
Tenista competitivo até 2019, o covilhanense Ricardo Brancal foi das raquetes aos esquis para inscrever seu nome nos livros do Olimpismo português.
José Cabeça: nova referência no esqui de fundo
Até janeiro de 2020, José Cabeça nunca tinha feito esqui e a escolha resulta curiosa. O atleta é natural de Évora e cresceu nas planícies do Alentejo, região de invernos frios (temperatura mínima média de 5ºC em janeiro) e de verões escaldantes.
Em 2021, nevou em Évora, tal como em 2009 e sobretudo em 2006. Mas a neve é rara, a água escasseia, o que não impediu José Cabeça de conseguir a melhor prestação portuguesa no esqui de fundo 15km estilo clássico.
Como se fosse um nórdico da Lapônia, o alentejano terminou na 88ª posição. Chegou 11 minutos após o campeão Olímpico, o finlandês Iivo Niskanen, nascido em Oulu, norte da Finlândia, onde em janeiro a média é -8ºC.
“Só posso dar o melhor de mim e tentar fazer o meio da tabela. Para os próximos Jogos Olímpicos falaremos de maneira diferente”, dizia Cabeça à partida para Beijing 2022. No final considerou ter ficado “dentro das expectativas” e “dado o melhor que podia”.
José Cabeça é agora a referência de Portugal na disciplina, superando Danny Silva (94º em Torino 2006), que ficou conhecido por treinar na estrada com esquis adaptados com rodas, chamando à atenção dos vizinhos de Almeirim, no Ribatejo, que achavam estranho ver “esquiador” no meio das vinhas.