Retrospectiva Olímpica 2022: a glória de Filipe Toledo no surfe
Temporada do surfe teve o primeiro título de Filipinho, vice de Ítalo Ferreira, bom ano de Tatiana Weston-Webb, idas e vindas de Gabriel Medina, primeiras vagas olímpicas definidas e ascensão da portuguesa Teresa Bonvalot. Relembre como foi no ano em cima da prancha.
O ano de 2022 no surfe masculino foi de Filipe Toledo. Com 10 vitórias na Liga Mundial (WSL) nos anos anteriores, o brasileiro havia batido na trave muitas vezes, mas persistiu e foi o campeão da temporada da Championship Tour.
Os outros membros da Brazilian Storm também tiveram boas temporadas. Ítalo Ferreira foi vice-campeão da WSL, perdendo para Filipe na decisão, Tatiana Weston-Webb se classificou para as finais pelo segundo ano consecutivo e Gabriel Medina, apesar de estar ausente por boa parte do ano, surfou bem quando competiu.
A temporada também teve a definição das primeiras vagas para Paris 2024 no surfe, durante os Jogos Mundiais (ISA Games). Relembre os principais momentos e saiba o que esperar de 2023.
Filipe Toledo é campeão e vira esperança para Paris 2024
Foram anos e anos de espera. Um quarto lugar em 2015 e 2019, terceiro em 2018 e um vice em 2021. Mas a glória veio para Filipe em 2022, com a vitória no WSL Finals.
"Sentia um prédio de vários andares nas minhas costas", confessou o surfista à revista GQ.
Os primeiros bons ventos vieram em Portugal, terceira etapa do ano, em que Filipe foi segundo colocado. Em seguida, ele venceu em Bells Beach, na Austrália, e teve uma sequência arrebatadora na Indonésia (segundo), El Salvador (segundo) e Saquarema (campeão).
Já garantido nas finais, ele guardou a energia para o momento decisivo. Seu adversário acabou sendo o compatriota Ítalo Ferreira. Ambos fizeram um grande duelo, e o desfecho foi Filipe nos braços de sua equipe.
Filipe não disputou Tóquio 2020 porque Gabriel Medina e Ítalo conquistaram as duas vagas do Brasil. Se ficar entre os 10 primeiros da WSL em 2023 (e entre os dois melhores brasileiros), o surfista de Ubatuba pode garantir sua estreia olímpica em Paris 2024.
"Se eu estiver bem colocado no final do ano, as chances de ter uma vaga olímpica são bem grandes, então o foco continua no mesmo plano, que consequentemente já vem a vaga olímpica de bônus, quem sabe trazer a medalha. A gente foca em uma coisa só e acaba acontecendo", afirmou ao UOL.
Ítalo Ferreira tem temporada de superação
Com uma lesão no pé que o prejudicou em boa parte do ano e exigiu uma cirurgia, o surfista potiguar ainda assim terminou a temporada com o vice-campeonato.
Após um início um pouco hesitante, Ítalo obteve três top 5 seguidos entre Portugal e Austrália e depois entre El Salvador e África do Sul. Mesmo sem títulos no ano, ele conseguiu a vaga para as finais e passou por cada adversário até parar em Filipe.
O campeão olímpico já voltou a treinar após a cirurgia no pé e tentará vencer o circuito da Championship Tour pelo segundo ano em 2023.
Entre idas e vindas, Gabriel Medina segue motivado
O ano de 2022 começou com o tricampeão da WSL deixando as competições para cuidar de sua saúde mental. Após turbulências em sua vida pessoal, Medina precisou se reconectar com sua paixão pelo esporte.
Ele retornou com terceiro lugar na Indonésia e em El Salvador, mas lesionou o joelho em Saquarema e perdeu o resto da temporada da Championship Tour. Em novembro, Medina disputou uma etapa da Challenger Series (a segunda divisão da WSL) em Saquarema e conquistou o título.
Se estiver plenamente recuperado em 2023, Medina deve fazer a luta pelo título da WSL ser mais acirrada do que nunca.
Tatiana Weston-Webb se mantém na elite
Vice-campeã da temporada 2021, a brasileira continuou entre as melhores do mundo em 2022. Vencedora das etapas de Portugal e África do Sul, além de outros três resultados top 3, Weston-Webb se classificou paras as finais novamente.
Na decisão da temporada, ela perdeu o segundo confronto para a australiana Stephanie Gilmore, oito vezes campeã do circuito principal.
O ano também teve importante mudança para seu marido, o surfista Jessé Mendes, que passou a representar a Itália, em busca de uma vaga em Paris 2024.
Teresa Bonvalot é uma das revelações do ano
A portuguesa de 23 anos ficou muito perto de ser a primeira de seu país a disputar a Championship Tour por classificação e não por convite. Bonvalot ficou em terceiro na última etapa da Challenger Series, sendo que precisava apenas do segundo lugar para subir de categoria.
O objetivo ficou para a próxima temporada, mas as perspectivas de Bonvalot são as melhores possíveis. Ela ganhou sua primeira etapa Challenger em Sydney neste ano, fazendo história para o surfe português feminino.
Nos Jogos Mundiais da ISA, ela chegou à semifinal, mas se lesionou e não conseguiu competir. Apesar de já ter ido a Tóquio 2020, ela ainda sonha com mais uma participação olímpica.
“Meu objetivo é me classificar para os Jogos Olímpicos Paris 2024. Estar lá uma segunda vez, trazer tudo que eu tentei fazer da primeira", comentou ao Olympics.com.
Mais vagas olímpicas em disputa em 2023
Os primeiros países garantidos em Paris 2024 foram Japão, no masculino, e EUA, no feminino. Ambos conquistaram as vagas nos Jogos Mundiais da ISA de 2022, na Califórnia.
Estas vagas são adicionais às duas permitidas por país por gênero nos Jogos Olímpicos. Portanto, o Japão poderá levar até três surfistas no masculino e os EUA três no feminino, caso seus atletas atinjam os critérios mínimos.
Nos Jogos Mundiais de 2023, em El Salvador, de 30 de maio a 7 de junho, vagas nominais serão distribuídas, mas não para atletas das Américas, que têm o Pan-americano de Santiago como classificatório continental. Estas vagas entram na cota de duas por país.