Saiba quem é Lucas Braathen, estrela do esqui alpino que pretende defender o Brasil 

Campeão do slalom na Copa do Mundo de Esqui Alpino 2022/2023, Lucas Pinheiro Braathen vai desistir da aposentadoria anunciada em outubro de 2023 e quer competir pelo Brasil, país de sua família materna. Conheça a estrela que pode garantir a primeira medalha brasileira nos Jogos Olímpicos de Inverno Milão e Cortina d’Ampezzo 2026.  

5 minPor Gustavo Longo
Lucas Braathen na Copa do Mundo FIS de esqui alpino em janeiro de 2022 em Wengen, na Suíça.
(2022 Getty Images)

Quando Lucas Braathen chocou o mundo e anunciou sua aposentadoria na véspera da abertura da Copa do Mundo de Esqui Alpino em outubro de 2023, ele afirmou, entre outras coisas, que já se sentia realizado com as conquistas que alcançou aos 23 anos. Porém, um verdadeiro desafio o fez querer voltar ao circuito internacional da modalidade.

O esquiador revelou a intenção de competir pelo Brasil, país de origem de sua família materna, em entrevista ao Globoesporte.com nesta quarta-feira, 6 de março. Caso a troca seja confirmada pela FIS (Federação Internacional de Esqui e Snowboard), estará apto a esquiar pelo país a partir de julho de 2024 – quando começa o período pré-olímpico para os Jogos de Inverno de Milão e Cortina d’Ampezzo 2026.

Para trocar a nacionalidade no esqui alpino, o atleta precisa ou ter autorização do país que o registrou na FIS ou ficar uma temporada inteira (12 meses entre julho e junho do ano seguinte) sem competir. A aposentadoria anunciada dias antes da primeira etapa da Copa do Mundo em Sölden, na Áustria, garantiu esse período sabático ao atleta.

Com a entrada de Lucas Braathen na delegação brasileira, o país terá pela primeira vez um atleta que já conquistou um globo de cristal como campeão de uma disciplina na Copa do Mundo de Esqui Alpino. Ele foi o primeiro colocado no slalom na temporada 2022/2023 e ainda ficou em quarto na classificação geral (que soma os pontos de outras disciplinas).

Mas quem é esse esquiador filho de uma brasileira com um norueguês que decidiu trocar a principal potência do esqui para se aventurar por um país tropical com pouca tradição nos esportes de inverno? Conheça mais sobre as raízes geográficas, culturais e emocionais que conectam Lucas ao Brasil.

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Lucas Braathen, um brasileiro que nasceu em Oslo, na Noruega

Em um voo para Miami, a brasileira Alessandra Pinheiro de Castro conheceu o norueguês Bjørn Braathe no avião e começaram a conversar. O que poderia ser uma simples prosa entre dois desconhecidos se transformou em relacionamento e dele nasceu Lucas Braathen, em 2000, em Oslo, na capital da Noruega.

Para ele, nascer e morar no país europeu é apenas mais um detalhe que não o impediu de construir laços com sua família no Brasil. Até pouco tempo antes de se profissionalizar, visitava todos os anos os avós e primos em São Paulo e Campinas. Sempre que pode, vem para cá nas férias aproveitar as praias nacionais.

“O meu lado brasileiro define quem eu sou, é grande parte de mim”, sintetizou em entrevista ao Olympics.com em 2022.

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Fã de futebol e de Ronaldinho Gaúcho, Lucas Braathen relutou em esquiar

A ligação com o Brasil é tanta que, quando pequeno, Lucas Braathen queria ser jogador de futebol e seguir os passos de Ronaldinho Gaúcho, seu ídolo de infância. Chegou a treinar em um clube na infância, mas o rigoroso inverno norueguês suspendia as atividades por várias semanas – o que fez aceitar o pedido de seu pai para escolher uma modalidade de neve.

Experimentou o esqui alpino aos nove anos – e a experiência quase foi traumática. “Eu chegava a falar que estava doente para não ir! Com nove anos resolvi tentar e na primeira descida eu vi que era muito ruim em relação às outras crianças, mas nas outras tentativas eu vi que estava melhorando e resolvi continuar”, afirmou ao Olimpíada Todo Dia.

A insistência deu certo. Aos 12 anos já chamava a atenção pelo seu talento e passou a fazer parte da equipe de desenvolvimento da Noruega. Com 18 anos, conquistou o primeiro pódio no campeonato norueguês adulto. Aos 19, duas medalhas no Mundial Júnior e com 20 a primeira vitória na Copa do Mundo de Esqui Alpino.

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Brasil não sai da cabeça, do coração e da gola de Lucas Braathen

O carinho com o Brasil e os brasileiros está em toda parte na vida de Lucas Braathen. Sua vestimenta no esqui alpino inclui uma gola de proteção com listras azul, amarelo e verde. Fã de bossa nova e samba, gosta de ouvir “Mas que Nada”, de Jorge Ben Jor, antes de cada corrida. Também adora churrasco, guaraná e pão de queijo.

Dono de uma personalidade extrovertida, que vai ao encontro das características dos brasileiros, ele chega a ser um contraponto ao comportamento mais sisudo de seus colegas europeus no esqui alpino. Participa de festas, é DJ e modelo e atua em várias frentes para levar sua mensagem e impactar a vida das pessoas.

“Eu procuro sempre tentar o novo e isso eu tenho do meu lado brasileiro. O brasileiro arrisca mais, procura inovar, ele tenta, improvisa. Não existe medo”, prosseguiu ao Olympics.com em 2022.

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Com apoio do Brasil, Lucas Braathen quer impactar esporte

Todas as ações tomadas por Lucas Braathen, inclusive a aposentadoria anunciada em outubro de 2023, buscaram impactar o esqui alpino e o esporte como um todo. Com a intenção de defender o Brasil, ele quer prosseguir nesta missão de levar sua mensagem positiva de amor e felicidade por meio do esporte.

“Sou apenas um esquiador que tenta ser o mais rápido. Claro, sou um privilegiado fazendo isso. O que eu acho que realmente faz a diferença é que com o esporte eu acabo ganhando uma voz. Acabo tendo uma oportunidade de impactar e mudar algumas comunidades, acho que isso é o mais valioso que posso fazer, em dar de volta e mudar o que está ao meu redor. No fim das contas, é isso que vai fazer a diferença”, concluiu na entrevista ao Olympics.com.

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