Jogos Paralímpicos: curiosidades sobre 10 porta-bandeiras na Cerimônia de Abertura de Beijing 2022

A Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno Beijing 2022 está chegando. Escolhemos 10 atletas que vão representar suas nações no evento, entre eles Aline Rocha e Cristian Ribera pelo Brasil.

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(2018 Getty Images)

A Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno Beijing 2022 promete ser um grande momento. Com representantes de 46 países, a Parada dos Atletas é sempre um dos pontos altos.

Cumprindo o protocolo da IPC, a ordem de saída das nações é determinada pelo idioma local, pelo que neste caso será a Bélgica quem primeiro desfilará no Estádio Nacional de Pequim. A Cerimônia ficará concluída com a entrada dos atletas da República Popular da China.

Escolhemos 10 porta-bandeira que reúnem algumas curiosidades e histórias que vale a pena conhecer.

Brasil: Aline Rocha e Cristian Ribera

O Time Brasil estará representado no estádio Ninho de Pássaro por dois esquiadores de cross-country: Aline Rocha e Cristian Ribera dão a cara pela delegação de seis atletas na terceira presença brasileira em Jogos Paralímpicos de Inverno. Os pioneiros foram André Cintra (snowboard) e Fernando Aranha (esqui cross-country), em Sochi 2014.

Aline Rocha e Cristian Ribera repetem a honra que já tiveram em PyeongChang 2018, já que ambos foram porta-bandeiras no evento que aconteceu na República da Coreia. A paranaense está na terceira participação, enquanto o esquiador natural de Rondônia compete pela segunda vez.

O caso de Aline Rocha é curioso porque também competiu nos Jogos Paralímpicos de Verão, na Rio 2016, quando competiu no atletismo (categoria T54), obtendo seu melhor resultado em 1500m (nono lugar). Paraplégica desde os 15 anos por um acidente de carro, Aline Rocha chega com ambição de melhorar os resultados de há quatro anos.

No caso de Cristian Ribera os Jogos são um estilo de vida familiar, já que ele é irmão de Eduarda Ribera que competiu no cross-country em Beijing 2022. Por motivo da artrogripose múltipla congênita do irmão mais velho, os Ribera se mudaram para Jundiaí (São Paulo) e daí partiu Cristian tendo as medalhas no horizonte.

O esquiador fez história a 22 de janeiro de 2022 conquistando a primeira medalha do Brasil em Mundiais de modalidades invernais que fazem parte dos programas Olímpico e Paralímpico, concretamente a prata no sprint para atletas sentados no Mundial Paralímpico de Esportes na Neve.

EUA: Danelle Umstead e Tyler Carter

O Time EUA escolheu duas estrelas do esqui alpino para transportarem a bandeira na Abertura dos Jogos Paralímpicos Beijing 2022. Danelle Umstead e Tyler Carter receberam a maioria dos votos dos 67 atletas da delegação.

Umstead compete em Pequim com o marido, Rob, que será seu guia. Eles são a única dupla casada da equipe e esquiam juntos desde 2008. Danelle marca presença pela quarta vez nos Jogos Paralímpicos, onde venceu três medalhas de bronze na categoria de atletas com deficiências visuais.

“Fiquei totalmente surpreendida”, ela disse ao Time EUA. “Fizeram algo lindo e deixaram que o meu marido estivesse comigo. Tudo o que eu fiz, ele esteve sempre ao meu lado. Está tão orgulhoso. É uma honra e estou completamente em choque."

Carter também tem duas experiências anteriores em Jogos Paralímpicos e até trabalha no Museu Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos.

"Carregar a bandeira ao lado da Danelle é uma honra enorme”, explicou Carter ao Time EUA. “Vivi com ela alguns meses quando estava iniciando a minha carreira e nos tornamos melhores amigos. Poder desfilar ao lado dela representando o nosso país e a nossa equipe... não tem ninguém melhor para poder partilhar esse momento."

(2018 Getty Images)

Itália: Giacomo Bertagnolli

O time italiano também escolheu um atleta do esqui alpino como porta-bandeira nos Jogos Paralímpicos de Inverno Beijing 2022 .

Giacomo Bertagnolli é bicampeão Paralímpico após vencer na categoria de atletas com deficiências visuais em PyeongChang 2018. Ele venceu o slalom e o slalom gigante ao lado do guia e amigo de infância Fabrizio Casal. Juntos conquistaram ainda a prata no super-G e o bronze no downhill.

Giacomo (ou ‘Jack’ como é conhecido no Instagram) foi pela primeira vez campeão mundial em Tarvisio (Itália) na temporada 2016-17. Agora trocou de guia e vai competir com Andrea Ravelli.

“Andrea é um treinador por vocação… Esquiou ao lado dos atletas que vemos na Copa do Mundo até se lesionar. Tomei a decisão quando o Fabrizio ficou mais ocupado na universidade. Ele está fazendo um monte de coisas e eu tinha que treinar diariamente porque o nível no esqui alpino Paralímpico está aumentando", explicou Giacomo Bertagnolli ao sciaremag.it.

“Vencemos muita coisa juntos, mas precisava de uma mudança e estou contente por a ter feito após vencermos tantas medalhas."

França: Benjamin Daviet

A decisão de escolher Benjamin Daviet como o porta-bandeira francês em Beijing 2022 é uma recompensa pela carreira exemplar do atleta. Com 32 anos, o esquiador da região da Sabóia representa os valores Olímpicos por sua resiliência, perseverança e solidariedade. No Para biatlo e no Para cross-country, Daviet coleciona 19 títulos mundiais, além de cinco pódios nos Jogos de Inverno.

Julho de 2006 foi um dos momentos marcantes da vida do esquiador de fundo .Daviet tinha 17 anos quando após um acidente fraturou o joelho esquerdo e teve que ser operado. Após o procedimento sofreu uma infeção por ‘staphylococcus aureus’ e a bactéria comeu a cartilagem e os ligamentos. A infeção o impede ainda hoje de dobrar a perna.

Esportista com participações no esqui alpino, cross-country e futebol, o francês se afastou durante vários anos, até que em 2010 calçou os esquis do tio. Em apenas alguns meses, Benjamin Daviet se juntou à seleção da França e desde então compete na categoria LW2 nos Jogos Paralímpicos.

(Naomi Baker/Getty Images)

Argentina: Enrique Plantey

Enrique Plantey, 39, depende da cadeira de rodas desde os 11 anos, o que não o impediu de acumular já duas participações em Jogos Paralímpicos de Inverno.

O porta-bandeira da Argentina também está em uma missão para romper barreiras sobre o amor, as deficiências e o sexo. Junto com a namorada de há 10 anos, a enfermeira Triana Serfaty, escreveu um livro e têm uma página no Instagram onde respondem a todo o tipo de questões.

"Está cheio de tabus, o tabu do sexo e o tabu da deficiência", disse Plantey.

“Conheci dois meninos, de 17 anos, ambos com deficiência, que me perguntaram como tinham que fazer. Tinham muitas perguntas. Queriam falar porque sentiram que eu os entendia. Só têm 17 anos, então vivem um momento em que começam a explorar o corpo e a fazer muitas perguntas. Um deles me questionava, 'Como posso ir com a minha cadeira de rodas e levar uma menina ao parque?'".

(Linnea Rheborg/Getty Images)

Canadá: Ina Forrest e Greg Westlake

Partilhando a honra de levar a bandeira do Canadá estarão Ina Forrest e Greg Westlake. Ela é três vezes medalhista Paralímpica no curling em cadeira de rodas e ele um dos mais premiados jogadores do hóquei no gelo sobre trenó.

Após os desafios apresentados pela pandemia, ambos conseguiram se apresentar na China para competir e na chegada descobriram que seriam os porta-bandeira no Ninho de Pássaro da forma mais comum de comunicar desde que apareceu a COVID-19: através de vídeochamada.

"Foi estressante", reconheceu Westlake ao TSN. "Podia mentir e dizer que não, mas um dos maiores desafios para estes Jogos foi realmente chegar nos Jogos. [Mas], estou super orgulhoso. Sinto uma enorme humildade e honra e mal posso esperar para desfilar com os meus companheiros."

(LingCheng Meng)

China: Guo Yujie e Wang Zhidong

A última nação que vai desfilar no estádio Ninho de Pássaro, em Pequim, será a República Popular da China. Dois atletas carregam o símbolo que os une a toda uma nação.

Guo Yujie compete tanto no Para esqui cross-country como no Para biatlo. Tem 18 anos e deve se apresentar nas provas de 6km, 10km, 12,5km (para atletas em pé) no Para biatlo, enquanto no cross-country está inscrita no sprint (para atletas em pé).

Wang Zhidong tem 22 anos e joga hóquei sobre trenó, tendo sido um dos principais jogadores na vitória chinesa no Torneio B dos Campeonatos Mundiais de Hóquei no Gelo sobre trenó. A vitória permitiu à China subir ao Torneio A, que em 2021 foi ganho pelos EUA frente ao Canadá.

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