Rafael Pereira: "Arrisquei tudo e voltei para o atletismo"

Depois de quase haver encerrado a carreira no atletismo, o adiamento dos Jogos Tóquio 2020 fez com que ele retomasse os treinos. Hoje é esperança de medalha para o Brasil no Mundial em Eugene, que começou nesta sexta-feira. No arremesso de peso, Auriol Dongmo (POR) e Darlan Romani (BRA) avançaram para a final.

5 minPor Virgilio Franceschi Neto
Rafael Pereira, depois de vencer os 110m com barreiras no Troféu Brasil de Atletismo, em junho de 2022, no Rio de Janeiro.

O mineiro Rafael Pereira tem feito uma excelente temporada 2022. Nos 110m com barreiras pela Liga Diamante, foi bronze na etapa de Oslo (Noruega) e prata na de Paris (França). Recentemente, no Troféu Brasil de Atletismo, quebrou o recorde brasileiro e sul-americano. É um dos 58 atletas da delegação brasileira que está em Eugene, nos Estados Unidos, para a disputa do Campeonato Mundial de Atletismo 2022.

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Os resultados obtidos na Europa durante o primeiro semestre deixaram-no animado para o Troféu Brasil, realizado em junho passado, no Rio de Janeiro. Além disso, melhorou três vezes a sua marca pessoal nesta temporada. A melhor delas foi de 13s17, justamente no Troféu Brasil.

São marcas e resultados que impressionam, uma vez que Pereira voltou aos treinos somente entre 2019 e 2020, depois de praticamente haver largado o atletismo. Hoje, ele é chance de medalha para o Brasil.

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(2021 Getty Images)

O começo

O início no atletismo foi aos 11 anos. Três anos depois um professor da escola onde estudava, o Instituto Tereza Cristina, em Contagem (MG), o incentivou a dedicar-se mais ao esporte. "Comecei nas combinadas, heptatlo, octatlo, decatlo. Até que defini, em 2015, pelos 110m com barreiras", disse Pereira para o jornal 'Estados de Minas'. Tinha 18 anos.

O atletismo e a rotina acadêmica

Os resultados passaram a acontecer. Em 2016, participou do Mundial Juvenil. Foi campeão brasileiro sub-23 em 2017 e, no ano seguinte, faturou o sul-americano. Ao mesmo tempo começou a cursar fisioterapia e passou a se envolver cada vez mais com o estudos. Formou-se e teve várias oportunidades de trabalho, além de vislumbrar um mestrado, após aprovação em projeto de iniciação científica.

O atletismo foi colocado de lado. "Meu rendimento caiu muito. Em 2019 não consegui correr na casa dos 13 segundos", comentou Pereira para o 'O Globo'.

(Wagner Carmo/CBAt)

O retorno

No entanto, em 2020 veio a pandemia de covid-19. Tudo parou. Os estudos foram suspensos. Os trabalhos, foram paralisados. Um cenário incerto em escala global e que fez com que Tóquio 2020 fosse adiado. "Ninguém sabia se a pandemia da covid-19 demoraria três semanas ou três anos. Arrisquei tudo e voltei para o atletismo", disse Rafael Pereira para o site da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

Ele se adaptou e voltou. Treinou nas ruas, estacionamentos e improvisou as barreiras com canos de PVC. Em casa, baldes d'água serviam de anilhas. O calendário de competições foi sendo retomado e ele foi somando resultados, o que deram a ele pontos suficientes para disputar os Jogos Olímpicos pela primeira vez, no Japão. Chegou às semifinais.

Próximos objetivos

Se em Tóquio ele quase foi à final, espera fazer melhor em Paris 2024. Com 25 anos de idade, tem os próximos Jogos na cabeça, mas antes disso tem o Mundial de Atletismo, em Eugene. "Tenho metas curtas e a longo prazo...quero disputar a final do Mundial e brigar por medalha", comentou Pereira para o site da CBAt.

Os recentes resultados mostram claramente do que é capaz. "Minha meta era ficar entre os três primeiros em todas as competições que fiz na Europa este ano. E consegui. Agora, com 13s17 (feitos no Troféu Brasil) posso estar entre os três do mundo. Terei três tiros: eliminatória, semifinal e final. E quero ficar entre os três nos três tiros", disse Pereira para o 'O Globo'.

Quem duvida?

(Carol Coelho/CBAt)

Primeiro dia: Dongmo e Darlan classificados para a final

No primeiro dia do Mundial de Atletismo, 15 de julho, a portuguesa Auriol Dongmo na primeira tentativa fez 19,38m e garantiu a classificação para a final do arremesso de peso. A marca de classificação foi estabelecida em 18,90m. Foi a segunda melhor marca nesta fase classificatória, vencida pela atual campeã Olímpica GONG Lijao (CHN), com 19,51m, sua melhor marca pessoal. A canadense Sarah Mitton também fez 19,38 assim como Dongmo.

Jessica Inchude (POR), com 18,01m, não avançou à final, assim como Ana Caroline Silva (BRA) com 16,58m e Lívia Avancini (BRA), com 16,13m.

A decisão está marcada para a madrugada de sábado (16) para domingo (17), às 2:25 (hora de Lisboa).

Campeão do Mundial 'indoor' em março com 22,53m, Darlan Romani (BRA) passou para a final do arremesso com a nona melhor marca, de 20,98m. O corte era de 20,24m.

Foram 12 classificados para a final. O primeiro lugar foi para o campeão Olímpico Ryan Crouser (USA), com 22,28m. Em segundo ficou o medalhista de bronze em Tóquio, Tom Walsh (NZL) que fez 21,44m e, em terceiro, Josh Awotunde (USA), com 21,18m.

Ao final da prova, Romani comentou para o Sportv: "Eu aqueci bem, estava passando a marca, mas dei uma esfriada, era o último da série...mas estou classificado, sangue nos olhos e vamos para a próxima."

A decisão do arremesso de peso para os homens está agendada para domingo, dia 17 de julho, a partir das 22:27 (hora de Brasília).

Caio Bonfim terminou em sexto nos 20km da marcha

Medalhista de prata no Mundial em Londres, em 2017, Caio Bonfim (BRA) terminou na sexta colocação nos 20km da marcha, com 1h19min51s. "São seis participações em Mundiais, em três fiquei entre os finalistas....chegar entre os melhores do mundo é difícil, se manter entre os melhores é mais ainda", disse Bonfim para o site da CBAt.

Ao término da prova em Eugene, ele falou para o canal Sportv: "Passei (com a parcial) 40min30s nos primeiros 10 quilômetros, o que daria 1h20min, tempo do quarto colocado nos Jogos Olímpicos. Foi um grande dia. Eu tenho os 35km daqui a nove dias, é virar a chave, trabalhar e vamos para cima."

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