Manex Silva visa Beijing 2022 após bom resultado nos Jogos da Juventude e recordes brasileiros 

Uma das revelações da equipe brasileira que deve ir aos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022, o jovem hispano-brasileiro quer aproximar o esqui cross-country nacional do patamar europeu. Confira a entrevista do atleta de 19 anos ao Olympics.com.

4 minPor Sheila Vieira
Manex Silva nos Jogos da Juventude Lausanne 2020.
(COB)

Desde os Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Lausanne 2020, o brasileiro Manex Salsamendi Silva, de 19 anos, tem mostrado potencial para ser um dos grandes atletas de inverno do país.

No momento, o jovem hispano-brasileiro é o principal candidato à vaga que o Brasil já garantiu no esqui cross-country masculino nos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022, que acontecem de 4 a 20 de fevereiro. Seu maior concorrente é Steve Hiestand, 37, que também quebrou a duríssima barreira dos 100 pontos FIS neste ano.

Manex (a pronúncia é Manesh) é o detentor das melhores marcas masculinas do Brasil no cross-country, antes de completar 20 anos. Em Lausanne 2020, o esquiador conquistou o melhor resultado sul-americano do esporte, terminando no top 40.

“Isso me motiva e mostra que, não importa o país, não importa que eu seja do Brasil. Se eu treinar e for consistente, consigo superar países que têm muito mais cultura de neve”, disse Manex ao Olympics.com.

Sem se acomodar

Manex foi o campeão do Circuito Brasileiro de Rollerski (esqui com rodas) em 2021, mesmo indo e voltando para a Espanha durante as competições. Natural do Acre e filho de pai espanhol e mãe brasileira, o esquiador mora no país europeu desde a infância e está cursando Ciências da Atividade Física e do Esporte na Catalunha.

“Preciso falar com os professores, justificar as faltas. Como eu não estou na seleção espanhola, é mais difícil porque preciso mediar entre a confederação brasileira e a universidade. Mas acho que esse ano vai ser melhor”, contou.

As marcas nacionais motivam o esquiador, mas não o acomodam. Manex sabe que ainda há muito a desbravar. No Mundial de 2021, em Oberstdorf, na Alemanha, ele ficou a uma posição de se classificar para a final.

“Sou consciente que o nível na Europa é outro. Fico feliz de ganhar provas no Brasil, mas estou mais focado no internacional. É na neve que eu verei o resultado do trabalho que estamos fazendo”, disse.

A primeira competição da temporada de neve de Manex será em Santa Caterina Valfurva, na Itália, em 27 e 28 de novembro. Em seguida, o brasileiro vai a Ulrichen, na Suíça, em 3 e 4 de dezembro. Ele também planeja competir nos Jogos Universitários de Inverno, em Lucerna, na neve suíça, entre 11 e 21 de dezembro.

Como o Brasil já tem a sua vaga assegurada em Beijing 2022 no masculino (além de duas no feminino) no cross-country, resta saber quem terá o melhor desempenho nos próximos meses para ser convocado em janeiro: Manex ou Steve Hiestand.

Apoio brasileiro

Se Manex não tivesse se mudado para a Espanha aos dois anos de idade, talvez não tivesse conhecido o esqui cross-country. Morando a 25 minutos de carro dos Pirineus e perto de um clube de esqui, ele se encontrou no cross-country. No entanto, ele só vislumbrou a oportunidade de ser um atleta Olímpico quando conheceu a esquiadora brasileira Mirlene Picin.

“Aqui na Espanha existe um time de esqui, mas aqui tem menos apoio ao atleta jovem, eles são mais focados em adultos de altíssimo rendimento. Eu teria mais apoio no Brasil, então entrei em contato com a CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve) e agora posso competir em vários lugares que jamais imaginei competir”, afirmou Manex.

De Lausanne a Pequim

Ter participado dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude deu uma bagagem a Manex, mas ele ainda espera encontrar algo bem maior em Pequim.

“A sensação deve ser parecida, porque é tudo muito grande, tem atletas do mundo inteiro, tem Vila Olímpica, gente de todos os esportes. Foi muito impactante. Já competi em Mundiais, mas nem se compara”, lembrou o esquiador.

“A experiência ajuda, mas vou chegar à China alucinado com tudo, porque estarei ao lado dos meus ídolos”, completou. O maior deles é o “Usain Bolt” do cross-country, o norueguês Johannes Høsflot Klæbo, tricampeão Olímpico e dono de seis ouros em Mundiais.

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