Campeã mundial juvenil, Sabrina Cass estreia pelo Brasil na temporada Olímpica 

Atleta de 19 anos, filha de mãe brasileira e nascida e criada nos EUA, passa a representar a bandeira verde e amarela no moguls, disciplina do esqui estilo livre. Seu objetivo: entrar no grupo das 16 melhores do mundo. Confira a entrevista de Cass para o Olympics.com.

4 minPor Sheila Vieira
Sabrina Cass, do esqui estilo livre, campeã mundial juvenil em 2019.
(COB)

Em 20 novembro de 2021, o nome da esquiadora Sabrina Cass será acompanhado pela bandeira brasileira pela primeira vez em uma competição oficial.

Aos 19 anos, a campeã mundial juvenil de 2019 no moguls - uma das disciplinas do esqui estilo livre - faz sua estreia representando o país no Aberto de Idre Fjall, na Suécia. Até a última temporada, ela fazia parte da equipe americana de esqui.

Cass busca a classificação para os Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022, que acontecem de 4 a 20 de fevereiro. Ela precisa ficar entre as 30 melhores do mundo até a metade de janeiro, mas a brasileira quer mais.

“Eu já estou no top 30, mas quero entrar no top 16 das competições, porque são as esquiadoras que vão para as finais. Ficar nesse grupo significa que você está entre as melhores do mundo”, afirma Cass.

Confira a entrevista da promissora esquiadora brasileira ao Olympics.com.

(2021 Getty Images)

Arroz, feijão, picanha e farofa

Esse é o prato que Cass – nascida e criada nos EUA – sempre pede quando visita a família da mãe Flavia Cass no Brasil. “Eu comeria o dia inteiro, todos os dias”, conta a esquiadora, em português fluente com um jovem sotaque americano.

Seu pai, o estadunidense Steve Cass, foi quem a incentivou a praticar esqui. “Nós dirigíamos para as montanhas todo fim de semana. Quando eu fiz 10 anos, sugeriram que eu fizesse o freestyle. Eu não queria de jeito nenhum, tinha medo, mas acabei amando. Todo inverno a gente se mudava de Connecticut para Park City [local dos Jogos de Inverno Salt Lake City 2002] para eu treinar. Era um grande sacrifício, mas eles queriam o melhor para mim”.

Após anos fazendo parte do time dos EUA, Cass procurou a Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) com o objetivo de defender a sua nação materna, um sonho que a família tinha desde a sua infância.

“Vai me ajudar a competir melhor. Quando estava no time americano, sentia que estava esquiando mais por outras pessoas do que por mim”, afirma Cass. “Foi uma decisão difícil, mas que eu estou muito feliz de ter tomado”.

Campeã mundial juvenil

Por pouco, Cass não disputou o torneio que mudou sua vida. Ela era reserva da equipe americana no Mundial juvenil de moguls de 2019 em Chiesa in Valmalenco, na Itália, mas entrou na competição devido a uma lesão de uma colega.

“Eu não esperava nem ganhar uma medalha, só queria aproveitar a oportunidade para curtir a competição. Quando terminei minha run e falaram que eu estava em primeiro, eu fiquei chocada”, lembra a brasileira. “É um dia que eu nunca vou esquecer. Até hoje eu fico emocionada quando falo sobre isso”.

Fã da americana Hannah Kearney, ouro em Vancouver 2010 e bronze em Sochi 2014, Cass acredita que o segredo de descer uma montanha de neve coberta de morrinhos e fazer acrobacias no ar – uma explicação do moguls para os leigos – é ter confiança.

“É um esporte muito difícil fisicamente, mas se você não está bem mentalmente antes de competir, pode cometer um erro muito grande”, opina.

Rumo a Pequim

Após o Aberto de Idre Fjall, nos dias 20 e 21 de novembro, Cass participa das seguintes etapas da Copa do Mundo FIS de Esqui Estilo Livre:

  • Ruka, Finlândia – 2 a 4 de dezembro
  • Idre Fjall, Suécia - 11 e 12 de dezembro
  • Alpe d’Huez, França – 17 a 18 de dezembro
  • Tremblant, Canadá – 7 a 8 de janeiro
  • Deer Valley, EUA – 13 e 14 de janeiro
  • Chiesa in Valmalenco, Itália – 23 de janeiro

Antes da última etapa programada, em 16 de janeiro, a Federação Internacional de Esqui definirá as cotas de cada país de acordo com os seus rankings.

“Os Jogos Olímpicos são uma coisa tão grande, que eu nem consigo imaginar que realmente tenho a chance de ir, fico chocada”, diz Cass.

Os holofotes por conta de sua ‘mudança de país’ acabam sendo mais uma motivação para a brasileira.

“Quando eu estava nos EUA não tinha muita atenção, mas agora eu quero treinar ainda mais duro. Ao mesmo tempo, quero focar nesse momento e fazer o que eu posso em vez de pensar demais no futuro”.

Ao que tudo indica, será um futuro brilhante. E verde-amarelo.

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