Dois Jogos Olímpicos em um semestre: atletas que estiveram em Tóquio 2020 e buscam vaga em Beijing 2022
Mais de 100 atletas já conseguiram disputar os Jogos de Verão e os de Inverno na história Olímpica, mas o caso de Tóquio e Pequim é diferente: o intervalo entre as duas edições é muito menor do que o inicialmente esperado. Saiba quais são os atletas que vão encarar este desafio.
Disputar duas edições Olímpicas dentro de quatro anos já é um grande desafio, mas encarado por mais de 100 atletas durante a história. Mas imagine participar dois Jogos Olímpicos em torno de um semestre. É o caso dos atletas que estiveram em Tóquio 2020 (com encerramento em 8 de agosto de 2021) e lutam por uma vaga nos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022, que começam em 4 de fevereiro de 2022.
A pandemia de COVID-19, que adiou em um ano os Jogos de Verão no Japão, criou uma situação inédita para os seguintes atletas:
Jaqueline Mourão (Brasil) – ciclismo mountain bike e esqui cross-country
Trocar a chave entre os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno é algo que a brasileira Jaqueline Mourão está mais do que acostumada. Aos 45 anos, ela já acumula sete participações Olímpicas: três no ciclismo mountain bike (Atenas 2004, Beijing 2008 e Tóquio 2020) e quatro no esqui cross-country (Turim 2006, Vancouver 2010, Sochi 2014 e PyoengChang 2018). Na Rússia, ela também disputou o biatlo.
No entanto, o inesperado adiamento de Tóquio 2020 para 2021 atrapalhou o detalhado planejamento de Mourão.
“Eu tinha datas distintas para fazer a transição entre os esportes. Mas agora com a pandemia, a classificação do esqui cross-country aconteceu junto com a de Tóquio. Tive que fazer o meu melhor com o que eu tinha naquele momento. Foi corrido demais”, afirmou Mourão ao Olympics.com.
Em março de 2021, quatro meses antes de Tóquio 2020, Mourão participou do Mundial de cross-country para ajudar a garantir duas vagas para o Brasil em Beijing 2022. “Tive que me sacrificar bastante. Foi uma fase muito dura”, ela acrescentou.
Apesar de ter participado da classificação, Mourão ainda não pode descansar esperando por Pequim. As vagas asseguradas são do Comitê Olímpico Brasileiro, e as duas atletas que tiverem o melhor desempenho na temporada 2021/22 serão nomeadas em janeiro. Portanto, Mourão começa a lutar para confirmar sua oitava participação Olímpica no final de novembro.
Vincent de Haître (Canadá) – ciclismo de pista e patinação de velocidade
Outro atleta que tentará disputar duas edições Olímpicas em torno de um semestre é o canadense Vincent de Haître, de 27 anos. O ciclista e patinador participou de Sochi 2014 (com um quarto lugar) e de PyeongChang 2018 na patinação de velocidade e de Tóquio 2020 (com um quinto lugar) no ciclismo de pista.
De Haître não precisou lutar por vagas para os Jogos de Inverno durante a preparação final para Tóquio. Porém, a sua desvantagem é que ele ainda está entrando no ritmo da patinação de velocidade, enquanto seus rivais se dedicaram totalmente aos treinamentos do esporte durante o ano.
Mesmo assim, De Haître não vai desistir do sonho de ir aos Jogos de Inverno pela terceira vez. “Vi um dos meus treinadores dando uma entrevista e ele disse ‘Ah, ele (De Haître) é muito motivado pelo ego”, afirmou o canadense ao Olympics.com em outubro. “Primeiro eu pensei ‘Isso é meio maldoso’. Mas o que ele queria dizer é que eu me motivo em falar que conquistei determinado feito. Resolver problemas e desafios é o que me motiva”, concluiu.
De Haître costumava já garantir sua vaga nos Jogos de Inverno na seletiva canadense, mas desta vez não foi possível. O patinador terá que tentar carimbar o passaporte para a China durante a Copa do Mundo, diante dos melhores do mundo.
“No fim das contas, se eu conseguir me classificar para os Jogos Olímpicos, sei como o Canadá é forte, baseado nos nossos resultados nacionais. Posso dizer com confiança que qualquer atleta que se classificar fará parte de um grupo que é capaz de terminar no top 10 ou top 5 nos Jogos. Talvez ganhar medalhas”, disse De Haître.
Ayumu Hirano (Japão) – skate e snowboard
Apesar de o skate e o snowboard serem praticamente modalidades “irmãs”, são poucos os que se aventuram em ambos na elite do esporte, como o japonês Ayumu Hirano, de 22 anos.
Suas duas primeiras aparições nos Jogos Olímpicos foram no snowboard: em Sochi 2014 e PyeongChang 2018, com direito a duas medalhas Olímpicas de prata no halfpipe.
A adição do skate ao programa Olímpico dos Jogos Olímpicos, justamente eu seu país natal, fez com que Hirano buscasse uma experiência nova na prova do park em Tóquio 2020. Ele terminou na 14ª colocação.
“Quando eu comecei esse desafio há três anos, nunca imaginaria que poderia estar aqui na frente de todos nesta ocasião e competir. Queria agradecer todo mundo que fez isso ser possível”, afirmou Hirano à NHK.
Ainda em Tóquio, Hirano previu as dificuldades que viriam pela frente. “Quero focar agora no snowboard. Há menos de seis meses agora, então, em relação à minha preparação, o desafio começa agora”, completou o japonês.