Sobrevivente, Renan Dal Zotto comanda o vôlei masculino do Brasil em Tóquio 2020
Durante internação de mais de um mês por Covid-19, treinador da seleção masculina de vôlei se preocupou com presença em Tóquio 2020 em 2021. Porém, os médicos deixaram claro que sua luta naquele momento era pela sobrevivência.
O vôlei masculino do Brasil buscará o tetracampeonato Olímpico nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 em 2021 com a batalha mais importante já superada. O treinador Renan dal Zotto poderá comandar a equipe no Japão após sobreviver a um quadro gravíssimo de COVID-19 entre abril e maio deste ano. Vice-campeão Olímpico no vôlei como jogador em 1984, Dal Zotto busca sua primeira vitória Olímpica como treinador.
36 dias de angústia
O Brasil se preparava para a Liga das Nações, em abril de 2021, quando o treinador começou a sentir os sintomas da COVID-19, que quase tiraria sua vida.
Em depoimento à Folha de S.Paulo, Dal Zotto afirmou que pediu para ser intubado por não aguentar mais o sofrimento quando seu quadro se agravou. Ele teve uma trombose gravíssima com indicação de amputação da perna, mas os médicos avaliaram que ele não resistiria ao procedimento e realizaram uma cirurgia vascular. Dal Zotto chegou a ser retirado da ventilação mecânica, mas logo foi preciso retomá-la. O treinador chegou a alucinar com a própria morte.
"Tinha medo de dormir, porque não sabia quanto tempo ficaria de novo apagado. Pedi que sempre houvesse alguém da família comigo. Em nenhum minuto fiquei sozinho e quase não dormia, eles sofreram nas minhas mãos".
Renan Dal Zotto, treinador da seleção brasileira masculina de vôlei, à Folha
Recuperação rumo a Tóquio
Em 21 de maio, Dal Zotto deixou o hospital em uma cadeira de rodas, ainda com suporte de oxigênio. Com 20 kg a menos, o treinador precisou reaprender a falar, sentar-se, comer e andar. Um trabalho intenso de fisioterapia permitiu que ele se recuperasse a tempo Tóquio 2020.
Dal Zotto acompanhou pela TV a sua equipe, comandada pelo auxiliar Carlos Schwanke, conquistar o título da Liga das Nações, com vitória sobre a Polônia na final por 3 a 1. Após o maior triunfo de sua vida, é hora de Dal Zotto retomar o sonho Olímpico.
"Estou muito feliz de ter conquistado a vitória pela vida, quando eu acordei e me dei conta de que estava de volta - eu achava que tinha ficado 2/3 dias, mas foram 30 - já comecei a fazer uma contagem regressiva para os Jogos. Continuo fazendo fisioterapia aqui, mas me sinto bem para estar à beira da quadra para desempenhar o meu papel", afirmou Dal Zotto ao UOL.
A apreensão da espera por notícias sobre o treinador enquanto disputavam a Liga das Nações uniu ainda mais a seleção brasileira.
"Foi uma situação complicada, ver nosso comandante naquela situação foi difícil, ficamos tensos e apreensivos, foi angustiante. Ficávamos muito felizes quando sabíamos que ele estava melhorando. O Renan fez muita falta e é muito bom ter ele de volta nas quadras."
- O ponteiro Lucarelli ao UOL
Convocados da seleção brasileira masculina de vôlei
Dal Zotto convocou os seguintes 12 jogadores para Tóquio 2020: os levantadores Bruno Rezende - um dos porta-bandeiras do Brasil na Cerimônia de Abertura - e Fernando Cachopa, os opostos Wallace e Alan, os centrais Lucas "Lucão" Saatkamp, Maurício Souza e Isac, os ponteiros Lucarelli, Leal, Maurício Borges e Douglas Souza e o líbero Thales.
Jogos da seleção masculina de vôlei do Brasil
Os tricampeões Olímpicos estão no duro Grupo B do torneio de vôlei, junto a ROC, Argentina, Tunísia, Estados Unidos e França. Já o Grupo A conta com Itália, Canadá, Japão, Venezuela, Polônia e República Islâmica do Irã. Confira os jogos da seleção masculina:
- 24 de julho - Brasil x Tunísia - 11:05 JST/ 23:05 horário de Brasília
- 26 de julho - Argentina x Brasil - 21:45 JST/ 9:45 horário de Brasília
- 28 de julho - Brasil x ROC - 21:45 JST/ 9:45 horário de Brasília
- 30 de julho - Brasil x EUA - 11:05 JST/ 23:05 horário de Brasília
- 1 de agosto - Brasil x França 11:05 JST/ 23:05 horário de Brasília