'Começar com um clássico tem um gostinho especial', diz goleira Lorena antes da estreia contra a Argentina

Em sua primeira Copa América, goleira foi destaque do Brasil nos amistosos de abril e junho. Uma das caras desse novo ciclo da Seleção, ela é a segurança embaixo das traves em busca de uma das duas vagas para Paris 2024. Confira a entrevista exclusiva de Lorena para o Olympics.com.

6 minPor Virgílio Franceschi Neto
A goleira brasileira Lorena, durante amistoso contra a Espanha, em Alicante, em abril de 2022.
(Lucas Figueiredo/CBF)

Com 25 anos, Lorena passou pelas seleções de base do Brasil antes de ser convocada pela primeira vez para a seleção principal, após os Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Titular do Grêmio, onde joga desde 2019, é uma das representantes dessa nova fase da Seleção feminina, que começa neste sábado, contra a Argentina pela Copa América, a busca por uma das duas vagas em Paris 2024.

"É um momento de aprendizado e oportunidade. Acho que é importante a oportunidade que a Pia tem dado para a nova geração, criar 'bagagem', se acostumar a fazer grandes jogos contra grandes seleções, fico feliz em misturar a juventude com experiência, isso é muito bom para as mais novas", avaliou sobre esta nova fase do time.

Destaque nos amistosos que o Brasil fez em abril e em junho, Lorena é sinônimo de segurança e símbolo de uma geração que quer fazer muito pela Seleção. Desde a Colômbia, a goleira falou com o Olympics.com sobre o momento em que vive, o novo ciclo da equipe, as expectativas para a Copa América Feminina e o sonho Olímpico.

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Destaque nos amistosos de abril e junho

Em sete convocações de Lorena pela Seleção Brasileira principal, em abril ela foi a titular da equipe nos amistosos contra a Hungria e a Espanha. Sobre as magiares, vitória por 3 a 1. Contra as espanholas, empate em um gol em partida tensa, em que foi bastante exigida. "Foram dois grandes jogos, tivemos grandes momentos contra a Espanha, podíamos ter tentado a vitória. Para mim, pessoalmente foi uma grande conquista, ter feito dois grandes jogos em alto nível", comentou.

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As atuações fizeram-na novamente ser convocada por Pia Sundhage para os amistosos no fim de junho, contra a Dinamarca e a Suécia. Apesar das derrotas por 2 a 1 e 3 a 1, respectivamente, Lorena foi bastante elogiada pela torcida. "Foram dois jogos tensos, duas grandes seleções. Infelizmente tomamos a virada, mas conseguimos apresentar o nosso jogo e jogar de igual para igual", refletiu.

"Quero continuar fazendo um bom trabalho, tendo oportunidades, estou muito focada em poder ajudar a Seleção. Mesmo caso eu não faça grandes atuações, quero continuar ajudando tanto dentro como fora de campo", completou.

Uma das 18 entre as 23 convocadas que nunca disputaram a Copa América Feminina, Lorena é exemplo e resultado de um trabalho de longo prazo, tendo feito parte das equipes de base do Brasil. Sobre isso, declarou: "É muito importante atuar na base, para mim foi importante ter esse contato para saber o que significa vestir essa camisa e chegar na (Seleção) principal mais preparada".

(Lucas Figueiredo/Confederação Brasileira de Futebol)

Passo a passo rumo aos objetivos

A Copa América Feminina deste ano na Colômbia dá duas vagas para a competição Olímpica de Paris 2024. Campeão e vice terão lugar nos próximos Jogos. Objetivo de Lorena? Sim. Mas cada passo por vez. É preciso superar cada adversária em busca do título e, como consequência, carimbar o passaporte para a capital francesa.

"É muito importante (a vaga nos Jogos), mas precisamos ir passo a passo, primeiro pensar na Argentina e depois nos próximos adversários. É de degrau em degrau que vamos alcançar os nossos objetivos, que é ser campeão da Copa América e, consequentemente, conquistar a vaga nos Jogos Olímpicos e na Copa do Mundo", falou.

É contra a Argentina que o Brasil começa esta jornada, a fim de também manter a hegemonia regional. As brasileiras são heptacampeãs da Copa América Feminina. Em relação à pressão sobre os resultados, Lorena não fugiu do tema: "A responsabilidade sempre existe quando se veste a camisa da Seleção, a gente sabe o tamanho que é representar todo um país. Sabemos da força do elenco e que faremos uma grande competição."

"Começar com um clássico tem um gostinho especial, tem toda uma história e rivalidade", ela acrescentou sobre a estreia diante das argentinas, as únicas que venceram uma Copa América Feminina além do Brasil, na edição de 2006.

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Lorena: "Quero ser lembrada como referência"

A que veste a camisa 1 no futebol parece ser ainda mais avaliada pelos torcedores e formadores de opinião. Afinal, é uma posição em campo que está em destaque, a responsável final pela bola que pode ou não entrar no gol.

Lorena sabe o que quer. "Quero ser lembrada como uma referência. É muito importante passar para as gerações que vierem depois de mim, algo muito bom. Espero plantar coisas boas agora para aquelas que vierem depois olharem para mim como uma grande goleira", refletiu.

Ela quer ser a referência, mas uma curiosidade é que ela poderá estar nesta Copa América Feminina frente a frente com a sua referência: a chilena Christine Endler. Eleita a melhor na posição em 2021 pela FIFA (Federação Internacional de Futebol), Lorena elencou algumas características de Endler: "A reposição com os pés, a frieza, a liderança me fazem admirá-la."

O novo ciclo

Nesta Copa América Feminina a Seleção não vai contar com um trio que por mais de 15 anos foi o pilar de toda uma equipe: Marta, lesionada; Formiga, aposentada; e de Cristiane, que não foi convocada. "São jogadoras referências, mas a nova geração está aí e está muito bem representada. É uma pena não estarem com a gente, mas temos grandes jogadoras que vão ter a oportunidade de jogar e mostrar o futebol de cada uma", disse.

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Lorena tem muito ainda pela frente. Foram sete jogos pela equipe principal do Brasil. Durante a conversa ela foi direta nas respostas, passou muita confiança e foco. Um tanto reservada, antes dos jogos procura visualizar as situações e inúmeros cenários possíveis dentro de uma partida. Para ajudá-la, de vez em quando ouve uma música. Nada mais.

"A medalha Olímpica é um sonho, vou trabalhar muito para isso. Mas sem a Copa América a gente não vai pra lá. Primeiro temos que vencer a Copa América para depois pensar nos Jogos Olímpicos e na Copa do Mundo. O objetivo maior sempre vai ser colocar uma estrela no peito", concluiu.

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