Brasil faz escala em Portugal rumo às medalhas Olímpicas em Tóquio 2020

Velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze, barreirista Alison dos Santos e seleções de handebol treinam em Portugal na reta final para Tóquio 2020. 

4 minPor Gonçalo Moreira
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(2016 Getty Images)

Ao longo do presente ciclo Olímpico, que chega no final em Tóquio 2020, que acontece em 2021, têm sido vários os exemplos de atletas brasileiros que escolheram Portugal como base europeia da preparação para os Jogos. O mais recente exemplo é o Camping Internacional de Treinamento organizado pelo Comitê Olímpico do Brasil, em parceria com as Confederações Olímpicas.

No centro esportivo de Rio Maior tem treinado um grupo onde encontramos Alison dos Santos, campeão Pan-Americano e recordista sul-americano dos 400m com barreiras, que prepara a participação em eventos da Liga de Diamante antes da estreia Olímpica em Tóquio 2020. O técnico Felipe de Siqueira, que trabalha com Alison dos Santos, acompanha os atletas já que é também responsável pelo revezamento 4x100m masculino que estará em Tóquio 2020.

Outros atletas presentes no estágio do bloco do atletismo são Andressa Oliveira de Moraes (lançamento do disco), Gabriel Constantino (110 m com barreiras), Almir Cunha dos Santos (salto triplo), Samory Uiki Fraga (salto em distância), entre outros.

A proximidade cultural, o clima ameno, o foco total nos treinamentos e a proximidade geográfica face a competições de caráter internacional permitem a otimização dos processos antes de passarem à seguinte fase: a aclimatação que acontece em Saitama, no Japão.

(Photo by Charlie Crowhurst/Getty Images for IAAF)

Também a seleção brasileira feminina de handebol escolheu Rio Maior, complexo esportivo situado a 75km da capital Lisboa, como base principal de suas atividades. De Portugal a seleção feminina se desloca na Hungria para três amistosos contra Montenegro e Hungria.

A seleção masculina de handebol ficou mais a Norte, na cidade do Porto, onde jogará um amistoso contra a seleção de Portugal, estreante em Jogos Olímpicos. O Brasil viaja depois para a Alemanha onde defronta a seleção anfitriã e o Egito, no Torneio de Nuremberg, último testes antes de Tóquio 2020.

Brasil repete a fórmula das grandes potências mundiais

A rede de centros de alto rendimento em Portugal é procurada não apenas pelos atletas brasileiros. Em maio, o sul-africano Chad Le Clos, que em Londres 2012 bateu Michael Phelps nos 200m borboleta e na Rio 2016 levou duas pratas nos 200m livre e nos 100m borboleta, passou pelas piscinas do Centro Desportivo Nacional do Jamor, perto da capital Lisboa.

Pertinho do Jamor está a lindíssima Baía de Cascais, onde velejadores brasileiros têm realizado vários treinamentos nesse ciclo Olímpico. A dupla campeã olímpica de vela da classe 49erFX, Martine Grael e Kahena Kunze, foi bronze na abertura da Semana Internacional de Vela de Cascais, evento que não conta para a classificação Olímpica, mas que reuniu alguns dos melhores velejadores mundiais.

No centro de Portugal se situa uma nova estrutura de treinamentos de elite: o Centro de Alto Rendimento de Anadia tem o único velódromo coberto do país, pista de BMX e uma infraestrutura multiusos capaz de receber atletas do judô e da ginástica. O início da pandemia impediu que os atletas competissem ou treinassem fora de seus países, mas em finais de 2020 a seleção brasileira de judô deu início à Missão Europa se instalando primeiro em Rio Maior e posteriomente em Coimbra, a cidade do conhecimento pela sua histórica universidade, próxima da pacatez de Anadia. O mesmo caminho seguiram os ginastas tanto da artística como da rítmica, realizando várias concentrações ao longo do atual ciclo Olímpico.

Poucos imaginarão o impacto que o Centro de Alto Rendimento de Anadia teve na Rio 2016, contribuindo para a conquista de 14 medalhas. Entre os atletas que passaram pelo complexo situado na região centro de Portugal, se destacam a judoca Telma Monteiro (bronze em até 57 kg) – única medalhada portuguesa na Rio 2016 –, o ginasta britânico Max Withlock (ouro no Solo e no Cavalo com alças, bronze no Individual geral), a holandesa Elis Ligtlee (ouro no Keirin no ciclismo de pista) ou as russas Anastasiia Voinova e Daria Shmeleva (vice-campeãs Olímpicas na velocidade por equipes no ciclismo de pista).

(© Alexandre Castello Branco/COB)

Além do trabalho que tem sido desenvolvido por países como Brasil, Grã-Bretanha, Rússia ou Países Baixos, estruturas como a de Anadia têm ajudado no desenvolvimento do esporte português. Ótimo exemplo são as estreias de duas jovens ciclistas em Tóquio 2020, em disciplinas onde Portugal nunca esteve representado nos Jogos: Maria Martins é a pioneira no ciclismo de pista, competindo no Omnium, enquanto Raquel Queirós é a primeira mulher lusa a se classificar no cross-country, variante do mountain bike.

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