Brasil é superado pelos EUA na final e termina com a prata no futebol feminino dos Jogos Olímpicos Paris 2024
A seleção feminina de futebol do Brasil fez uma campanha acima das expectativas e chegou a uma final que poucos imaginavam, mas não conseguiu conquistar o inédito ouro nos Jogos Olímpicos. Foi uma caminhada marcante das brasileiras, mas os Estados Unidos de novo apareceram para impedir o sonho em Paris 2024, como foi nas outras duas decisões Olímpicas da Seleção. Neste sábado, 10 de agosto, os EUA venceram a final no Parc des Princes por 1 a 0 e o Brasil ficou com a medalha de prata.
O Brasil conseguiu superar problemas e se reinventou na competição. O time cresceu nos mata-matas, mesmo com muitos desfalques, seja pelas recorrentes lesões ou pela suspensão da capitã Marta. Depois das emblemáticas classificações contra França e Espanha, a Seleção tinha motivos para acreditar na final dentro do Parc des Princes. Criou boas chances e foi melhor de início, mas não voltou bem do intervalo e sofreu o gol.
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O primeiro tempo exibiu a melhor versão do Brasil nestes Jogos Olímpicos, vista contra França e Espanha. Foi um time com uma defesa bem postada e ataque veloz, que criava problemas para as adversárias. Gabi Portilho e Ludmila apareciam bastante na frente. Porém, a falta de precisão do ataque era uma preocupação que também se repetia. E teve seu preço. Os EUA voltaram melhores para o segundo tempo e a sabida velocidade do trio de frente fez diferença. Mallory Swanson, ótima em Paris 2024, marcou o gol. A goleira Alyssa Naeher também foi salvadora, com dois milagres.
Os Estados Unidos conquistam sua quinta medalha de ouro no futebol feminino dos Jogos Olímpicos. As americanas ganharam a edição inaugural do torneio em Atlanta 1996, antes do tri em Atenas 2004, Beijing 2008 e Londres 2012. Também possuem uma prata em Sydney 2000 e um bronze em Tóquio 2020.
Futebol em Paris 2024
Nesta campanha, o Brasil estreou com vitória sobre a Nigéria por 1 a 0. Foi um resultado essencial para a classificação aos mata-matas, diante das derrotas para Japão e para Espanha. A Seleção avançou como uma das melhores terceiras colocadas e mediu forças com a anfitriã França nas quartas de final. Conquistou um triunfo emocionante por 1 a 0. Já nas semifinais, aconteceu a já memorável atuação contra a Espanha, atual campeã mundial, em vitória por 4 a 2 que poderia ser ainda mais ampla.
Anteriormente, o Brasil disputou duas finais dos Jogos Olímpicos no futebol feminino, ambas contra os Estados Unidos. Em Atenas 2004, as americanas venceram por 2 a 1, com um gol da atacante Abby Wambach na prorrogação. Já em Beijing 2008, o Brasil vinha de uma contundente classificação diante da bicampeã mundial Alemanha, ao golear por 4 a 1. Na decisão, os EUA ganharam de novo na prorrogação, por 1 a 0, gol de Carli Lloyd. Marta é a única remanescente daquelas decisões.
Esta foi a oitava participação do Brasil no futebol feminino dos Jogos Olímpicos. Sempre as brasileiras passaram ao menos da fase de grupos. A equipe conquistou no período as duas referidas pratas e conseguiu também três vezes alcançar a quarta colocação, sem vencer a decisão do bronze em Atlanta 1996, Sydney 2000 e Rio 2016.
A final dos Jogos Olímpicos tende a ser a última partida de Marta em grandes competições pela seleção brasileira. Há poucos meses, a Rainha havia anunciado que esta é a sua última temporada pelo Brasil, embora existam expectativas de que ela ainda fique para a Copa do Mundo 2027 sediada no país. Marta teve boas atuações contra Nigéria e Japão na fase de grupos, embora tenha sido expulsa contra a Espanha, suspensa nos dois jogos anteriores das brasileiras nos mata-matas.
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As escalações para a final
Arthur Elias mais uma vez escalou o Brasil com modificações em relação às partidas anteriores. O treinador colocou Adriana e Duda Sampaio na equipe titular, com Priscila e Angelina começando no banco. Já Marta, de volta após os dois jogos de suspensão, também ficou como opção na reserva. Tainá e Rafaelle, recuperadas de problemas físicos, eram outras novidades no banco. Tamires e Antônia tinham sido cortadas anteriormente.
Melhor jogadora do Brasil nas fases anteriores, Lorena abria a escalação no gol. A defesa mantinha o trio Lauren, Tarciane e Thaís, ótimas nos mata-matas. Adriana e Yasmim ocupavam as alas, com o meio-campo fechado por Vitória Yaya e Duda Sampaio. Já na frente, se combinavam Gabi Portilho, Jheniffer e Ludmila.
Já os Estados Unidos mantinham a espinha dorsal sob as ordens da técnica Emma Hayes, num ótimo início de trabalho. A goleira Alyssa Naeher e a zagueira Naomi Girma eram as referências no sistema defensivo, com a liderança da capitã Lindsey Horan no meio. O ataque reunia o embalado trio Trinity Rodman, Sophia Smith e Mallory Swanson. A experiente Rose Lavelle virou opção no banco.
O bom primeiro tempo do Brasil
O Brasil começou melhor a partida no Parc des Princes. Conseguiu adiantar suas linhas e dominar o meio-campo. Conseguiu uma chance logo aos três minutos, numa infiltração de Ludmila após tabela com Jheniffer. O chute rasteiro, porém, não saiu tão forte e a goleira Alyssa Naeher pegou. Aos poucos, os EUA ganharam volume de jogo e o Brasil passou a sair nos contra-ataques, mas sem perigo. Trinity Rodman, filha do ex-jogador de basquete Dennis Rodman e destaque em Paris 2024, incomodava com os dribles pela direita.
Ainda assim, a Seleção tinha qualidade individual para responder. Ludmila demonstrou isso aos 15 minutos, com uma jogadaça pela esquerda. Deixou a marcadora na saudade com um giro e chutou forte para estufar as redes, mas estava impedida e o gol foi anulado. O Brasil voltava a crescer e, pouco depois, num cruzamento de Gabi Portilho, Ludmila ficou a um triz de finalizar na pequena área. As brasileiras ainda tiveram uma reclamação de pênalti sobre Adriana, mas a arbitragem não marcou, após revisão.
Os EUA tiveram sua primeira grande chance quando encaixaram um contra-ataque. Aos 26, Mallory Swanson arrancou pela esquerda com espaço e saiu de frente para o gol. A goleira Lorena cresceu diante da atacante e espalmou. Do outro lado, o Brasil respondeu com uma sequência de bolas na área, sem que Yasmim finalizasse.
Depois da pausa para hidratação aos 30 minutos, o jogo ficou mais picado, com faltas e atendimentos médicos. O Brasil voltou a ter mais presença nos minutos finais, em especial com Gabi Portilho no mano a mano pela direita. Aos 47, quando teve a chance de finalizar, Portilho ainda forçou um milagre da goleira Naeher. Bateu de primeira o cruzamento da direita e Naeher espalmou à queima roupa para salvar.
Swanson marca o gol que vale ouro
Logo na volta ao segundo tempo, Vitória Yaya sentiu lesão e precisou ser substituída por Ana Vitória. Já os EUA tiveram as primeiras chegadas mais perigosas no ataque, com a defesa brasileira afastando o perigo no limite. Era um momento mais difícil para o Brasil, que não conseguia reter a posse de bola, com muitas ligações diretas. O ritmo acelerado era melhor para as americanas, que abriram o placar aos 12 minutos.
O gol dos EUA pintou numa sequência de bolas rebatidas pelo Brasil. Korbin Albert deu uma enfiada de bola e Mallory Swanson saiu nas costas da zaga, no limite da linha de impedimento. Com espaço, a atacante não teve problemas para vencer a goleira Lorena e balançar as redes. A resposta do Brasil veio com uma mexida tripla: entraram Marta, Angelina e Priscila, saíram Duda Sampaio, Jhennifer e Ludmila.
O Brasil se postava mais à frente, com mais capacidade para trabalhar a bola. O problema era dar mais espaços ao rápido ataque dos Estados Unidos. O risco de tomar o segundo gol era palpável. Trinity Rodman bateu com muito perigo aos 19, pouco antes de um chute de Sophia Smith ao lado da trave. A partida ficava tensa, sem que a Seleção tivesse tanta vibração. O time conseguia alguns escanteios, mas sem criar chances.
Depois da pausa para hidratação, o Brasil se manteve no campo de ataque. Buscava alguém na área, mas os cruzamentos e passes não eram precisos. Lauren, lesionada, deu lugar para Rafaelle aos 38. Um pingo de esperança para o Brasil veio aos 44, numa falta nas cercanias da área para Marta. A camisa 10, porém, chutou por cima do travessão.
Os dez minutos de acréscimos davam mais um sobrevida. Aos 49, Adriana teve a melhor chance do Brasil no segundo tempo. A atacante recebeu o cruzamento frontal e apareceu com espaço pelo lado direito da área. A boa cabeçada parou numa defesa ainda melhor da goleira Naeher, outra protagonista da tarde. Foi o último lance de perigo, em minutos finais amarrados que permitiram a comemoração dos Estados Unidos.