Brasil desbanca França e vai às semifinais do futebol feminino nos Jogos Olímpicos Paris 2024
Não houve retrospecto ruim, favoritismo das adversárias ou pressão da torcida que intimidasse a seleção feminina de futebol do Brasil nas quartas de final dos Jogos Olímpicos Paris 2024. Neste sábado, 3 de agosto, as brasileiras encararam a França, não apenas dona da casa, mas também uma amarga algoz nas últimas Copas do Mundo. Porém, esta era a hora e a vez do Brasil: venceu por 1 a 0, se garantindo nas semifinais.
Além do desafio que a França representava, o Brasil teria que se virar com os desfalques, inclusive da suspensa Marta. O time de Arthur Elias vinha sob desconfiança, após suas últimas duas derrotas. Contudo, as brasileiras conseguiram encontrar o caminho para a vitória em Nantes já nos minutos finais.
Gabi Portilho foi a heroína, aos 37 minutos do segundo tempo. Apesar de tensos 19 minutos de acréscimos no segundo tempo, o Brasil confirmou o triunfo. Destaque durante toda a campanha, a goleira Lorena ainda defendeu um pênalti na primeira etapa.
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Com a classificação, o Brasil enfrentará novamente a Espanha na semifinal, após a vitória espanhola por 2 a 0 na fase de grupos. As atuais campeãs do mundo tiveram dificuldades para eliminar a Colômbia nas quartas de final. A partida acontecerá em 6 de agosto, às 16h (de Brasília). Do outro lado da chave, Estados Unidos e Alemanha se enfrentam.
Esta é a sexta vez que o Brasil alcança as semifinais do futebol feminino nos Jogos Olímpicos, em oito participações. As brasileiras tentam reconquistar o pódio que não vem há 16 anos. São duas pratas, em Atenas 2004 e Beijing 2008.
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Como ficaram as semifinais do futebol feminino em Paris 2024
- 6 de agosto, 13h: Estados Unidos x Alemanha
- 6 de agosto, 16h: Brasil x Espanha
Os jogos anteriores do Brasil
A escalação do Brasil
O Brasil precisou lidar com uma série de problemas de lesão ao longo dos Jogos Olímpicos. O técnico Arthur Elias perdeu Antônia, com uma fratura, e desta vez também não tinha disponível Vitória Yaya, com um desconforto no pé. Já a ausência mais sentida era a de Marta, suspensa após a expulsão no jogo anterior contra a Espanha.
A escalação teve Lorena no gol, com a defesa formada pelas zagueiras Thais, Tarciane e Rafaelle. Adriana e Yasmim eram as alas, com Duda Sampaio e Ana Vitória no meio. Mais à frente, Gabi Portilho e Jhennifer atuavam na ligação para Gabi Nunes como referência.
Já a França tinha jogadoras de renome internacional, como a zagueira Wendie Renard, a ponta Delphine Cascarino e a atacante Marie-Antoinette Katoto. Eram velhas conhecidas das brasileiras, mas não de boas lembranças. Nas duas últimas Copas do Mundo de futebol feminino, as francesas eliminaram o Brasil.
Nantes, em compensação, tinha um significado especial para o Brasil. Foi no mesmo local que a seleção masculina venceu as quartas de final da Copa do Mundo de 1998, contra a Dinamarca. O placar desta vez foi mais econômico que os 3 a 2 de 26 anos atrás, mas a história se repetiu.
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Lorena pega mais um pênalti
O primeiro tempo já teve uma provação para o Brasil. Num momento em que os times tentavam estabelecer seu domínio, Tarciane cometeu pênalti em Cascarino, aos 11 minutos. Era a chance para a França abrir o placar. Sakina Karchaoui cobrou e Lorena acertou o canto, fazendo a defesa. Foi o segundo pênalti salvo na competição pela goleira, principal destaque brasileiro na fase de grupos.
Num primeiro tempo sem muitas chances de gol, o Brasil teve suas poucas finalizações em bolas aéreas. E a França, com mais posse de bola, poderia ter feito o primeiro aos 40. Após cobrança de escanteio, Griedge Mbock desviou de cabeça e acertou o travessão. Diante dos apuros, o empate era lucro para o Brasil.
Na volta para o segundo tempo, o Brasil teve uma boa chegada em cabeçada de Jhennifer. Contudo, logo o time precisou lidar com a lesão da zagueira Rafaelle, que atuava no sacrifício. Tamires entrou. Do outro lado, Katoto ameaçou numa cabeçada por cima aos 12. A Seleção logo voltou a acionar o banco na sequência, com Kerolin e Angelina.
Por mais que a França tivesse mais a bola, o Brasil poderia ser perigoso forçando os erros. Numa bola roubada, Gabi Portilho chutou ao lado da trave aos 18. Com a posse, as francesas tentavam pressionar. Lorena voltou a se sair bem quando exigida, aos 28, numa batida de Cascarino. Neste momento, a quarta prorrogação do dia parecia palpável.
O gol salvador de Gabi Portilho
O Brasil, no entanto, aproveitou a velocidade para construir sua vitória. O gol saiu aos 37 do segundo tempo, num lance de desatenção da França. Num passe esticado entre as zagueiras, a defesa francesa não se entendeu e Gabi Portilho aproveitou. Escapou em velocidade e, de frente para o gol, não perdoou.
A partir de então, o desafio do Brasil era segurar o placar. A França acionou a experiente Eugénie Le Sommer no banco, enquanto Ludmila e Lauren deram sangue novo à Seleção. Gabi Portilho quase definiu o jogo aos 45, em nova roubada de bola que rendeu bola na trave. As brasileiras precisariam de resiliência, com os 16 minutos de acréscimos assinalados.
A França faria uma blitz no tempo restante. O Brasil conseguiu se segurar na defesa, mesmo com todo o desgaste. As francesas não demonstravam muita criatividade e alçavam a bola na área. No máximo, ameaçavam em rebatidas. As brasileiras afastavam o perigo e Lorena era segura quando exigida. O apito final veio como um alívio, em meio às comemorações pela sofrida classificação.
Os resultados das quartas de final do futebol feminino
- Estados Unidos 1x0 Japão
- Espanha 2x2 Colômbia, 4x2 nos pênaltis
- Alemanha 0x0 Canadá, 4x2 nos pênaltis
- Brasil 1x0 França
Espanha, Estados Unidos e Alemanha avançam
O Brasil enfrentará a Espanha, que passou um sufoco inesperado contra a Colômbia. As espanholas ficaram a um triz da eliminação nas quartas de final. Tomaram dois gols e perdiam até os 52 do segundo tempo. O empate salvador por 2 a 2 garantiu sobrevida e, nos pênaltis, as espanholas ganharam por 4 a 2.
Apesar da postura dominante da Espanha desde o primeiro tempo, a Colômbia abriu o placar aos 12 minutos, com Mayra Ramírez num contra-ataque. A surpresa aumentou quando Leicy Santos ampliou aos sete do segundo tempo, no rebote de grande jogada de Linda Caicedo. As colombianas perderam pouco depois Caicedo por lesão e Jenni Hermoso descontou aos 34, numa sobra. A pressão espanhola não cessou e deu o empate aos 52, com a capitã Irene Paredes, após ótimo lance de Salma Paralluelo.
Após a prorrogação sem gols, a goleira Cata Coll pegou o primeiro pênalti da Colômbia, da experiente Catalina Usme. Liana Salazar bateu para fora mais um penal colombiano e as espanholas fecharam o triunfo por 4 a 2 na marca da cal, sem desperdiçar nenhuma cobrança.
Outro jogo decidido apenas nos pênaltis foi entre Alemanha e Canadá. Após o empate por 0 a 0, as alemãs derrotaram as atuais campeãs Olímpicas por 4 a 2 nas penalidades. Sydney Lohmann mandou uma bola na trave na prorrogação e, nos penais, bateu para fora sua cobrança. A heroína alemã foi a goleira Ann Katrin Berger, que pegou os chutes de Ashley Lawrence e Adriana Leon. A própria goleira converteu o último pênalti alemão.
Já os Estados Unidos vinham embalados pela ótima fase de grupos, mas precisaram da prorrogação para derrotar o Japão por 1 a 0. O gol decisivo foi anotado por Trinity Rodman, filha do ex-jogador de basquete Dennis Rodman. O tento saiu nos acréscimos do primeiro tempo extra. Após ótima inversão de Crystal Dunn, a atacante deu um corte seco na marcação e mandou de canhota no ângulo. Um golaço. Rodman chegou a três gols no torneio Olímpico.
Os Estados Unidos têm seis medalhas no futebol feminino nos Jogos Olímpicos, quatro de ouro, com o bronze mais recente em Tóquio 2020. A Alemanha subiu ao pódio quatro vezes, a última com o ouro na Rio 2016. A Espanha, embora seja a atual campeã mundial, faz apenas sua estreia Olímpica em Paris 2024.