Brasil perde para Espanha, mas se classifica no futebol e enfrentará a França nas quartas de final

Por Leandro Stein
8 min|
Marta é marcada por duas espanholas
Foto por Juan Manuel Serrano Arce/Getty Images

Era de se esperar que o Brasil tivesse dificuldades na última rodada da fase de grupos do futebol feminino nos Jogos Olímpicos Paris 2024. Nesta quarta-feira, 31 de julho, em Bordeaux, a Seleção enfrentou a atual campeã do mundo, a Espanha. E pouco importou a escalação alternativa das adversárias, repletas de reservas. As espanholas dominaram o jogo e venceram por 2 a 0, com Marta expulsa ainda no primeiro tempo. As brasileiras ainda se classificaram, entre as melhores terceiras colocadas. Terão um desafio imenso nas quartas de final: a França.

O Brasil fica na terceira colocação do Grupo C, com três pontos. Como as duas melhores terceiras colocadas avançam às quartas de final, as brasileiras passam de fase. No Grupo B, a Austrália perdeu para os Estados Unidos por 2 a 1 e ficou com três pontos, mas saldo de -3 gols, abaixo dos -2 gols do Brasil. Foi o suficiente para as brasileiras avançarem ao lado da Colômbia, terceira com três pontos e 0 de saldo.

A Espanha, classificada por antecipação, passa em primeiro no Grupo C com nove pontos. O Japão fica em segundo, com seis pontos, ao derrotar a Nigéria por 3 a 1 no outro jogo da rodada final. Já no Grupo B, Estados Unidos e Alemanha avançaram nas duas primeiras colocações. O Grupo A teve a França em primeiro com seis pontos, o Canadá em segundo com três e a Colômbia também garantida, como melhor terceira colocada. O detalhe é que o Canadá teve 100% de aproveitamento, mas recebeu uma punição de seis pontos, o que não impediu a classificação das atuais campeãs.

Nas quartas de final, o Brasil enfrenta a anfitriã França. Quem passar pega o ganhador de Espanha x Colômbia. Já o outro lado da chave terá os embates entre Estados Unidos x Japão e Canadá x Alemanha. As partidas estão marcadas para 3 de agosto, próximo sábado. O Brasil fecha a rodada às 16h, de Brasília.

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Foi uma partida muito dura para o Brasil, desde o início. A Espanha sufocou a partir dos primeiros minutos, com raros respiros das brasileiras. A goleira Lorena era essencial, com boas defesas. A situação, porém, se complicou quando Marta foi expulsa por jogo perigoso, nos acréscimos do primeiro tempo. O domínio das espanholas se seguiu na segunda etapa, com o gol de Athenea del Castillo. O Brasil não deixou de lutar, mas ficou com nove jogadoras, quando Antônia se lesionou no fim. Nos acréscimos, Alexia Putellas fechou o placar com um golaço.

A situação de Marta é a que mais chama atenção. Destaque nas duas primeiras partidas, criando os dois únicos gols do Brasil nos Jogos Olímpicos, a craque exibia ótima forma. Contudo, foi expulsa num lance imprudente. Marta deixou o campo chorando. Antes do torneio, Marta havia declarado este deve ser seu último ano na Seleção.

Os jogos anteriores do Brasil

Os confrontos das quartas de final do futebol feminino

*Horário de Brasília

  • 3 de agosto, 10h - Estados Unidos x Japão
  • 3 de agosto, 12h - Espanha x Colômbia
  • 3 de agosto, 14h - Canadá x Alemanha
  • 3 de agosto, 16h - Brasil x França

Como foi o Espanha 2x0 Brasil

Para enfrentar a Espanha no jogo decisivo, o Brasil voltou a realizar alterações em sua escalação para o terceiro jogo. Rafaelle, com um desconforto muscular, era ausência na zaga. Tamires e Vitória Yaya retornavam ao time após problemas físicos, assim como Kerolin ganhava sua primeira chance como titular no ataque, após longo processo de recuperação por romper os ligamentos do joelho.

Arthur Elias escalou o time com Lorena no gol. A linha de zagueiras tinha Antônia, Lauren e Tarciane, com Adriana e Tamires nas alas. Duda Sampaio e Vitória Yaya fechavam o meio, enquanto Marta e Ludmila faziam a ligação como meias. Kerolin ficava à frente no ataque.

Espanha poupava jogadoras. Destaques como Aitana Bonmati, Salma Paralluelo, Alexia Putellas e Mariona Caldentey ganharam um descanso de início. Em compensação, a experiente Jennifer Hermoso liderava o 11 inicial, ainda forte.

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Primeiro tempo complicado e Marta expulsa

A prova de que a Espanha não facilitaria ao Brasil, mesmo com reservas, veio aos três minutos. Num chute fechado, Lorena fez sua primeira defesa. Porém, o Brasil também teve sua chance de abrir o placar. Aos dez minutos, num contra-ataque, Ludmila deu um passe que desviou em Laia Codina e bateu na trave.

O lance de sorte era pouco ao Brasil. A Espanha tinha amplo domínio e controlava a bola no campo de ataque. A Roja balançou as redes aos 14 minutos, mas o lance foi anulado por impedimento. A partida era tensa, diante da pressão espanhola. Aos 26, após escanteio, Tarciane tirou uma bola em cima da linha. A goleira Lorena também fazia boas defesas, mesmo dependendo de atendimento médico em algumas oportunidades.

A situação do Brasil se tornou mais difícil nos acréscimos, aos 51 minutos, quando Marta foi expulsa. A camisa 10 chegou com o pé alto na bola, em disputa com Olga Carmona, e recebeu o cartão vermelho direto por jogo perigoso. A veterana saiu de campo às lágrimas. Antes do intervalo, Lorena salvou mais uma, na falta cobrada por Teresa Abelleira.

A Espanha sai em vantagem

A Espanha terminou o primeiro tempo com 79% de posse de bola e 11 finalizações, contra nenhuma do Brasil. O cenário se prometia ainda mais difícil para a segunda etapa. Salma Paralluelo e Mariona Caldentey reforçavam o time espanhol, entrando no intervalo.

O Brasil até começou mais ativo, com um contra-ataque de Ludmila que deu trabalho a Cata Coll. Kerolin também testou a goleira aos seis minutos. Gabi Portilho entrou no lugar de Ludmila aos dez. Entretanto, logo a Espanha voltou a botar as garras de fora, com as entradas das craques Bonmati e Putellas. Yasmim, Jheniffer e Ana Vitória vieram num pacotão de mudanças no Brasil aos 16.

A presença ofensiva da Espanha se pagou aos 23 minutos, com o primeiro gol. Numa jogada pela esquerda, o cruzamento desviado foi espalmado parcialmente por Lorena. Com a bola viva dentro da área, Athenea del Castillo marcou.

Brasil x Espanha, em Paris 2024

Foto por 2024 Getty Images

Putellas anota um golaço

Sem muita organização, o Brasil não dava sinais de reação, mesmo que não faltasse empenho e esforço das jogadoras. O final da partida ficou bastante arrastado, com paralisações para atendimento médico e pouca ação. A tensão era evidente, sem que o Brasil criasse tanto pelo empate. Gabi Nunes foi a última cartada, no lugar de Yaya.

A arbitragem de 16 minutos de acréscimos, que seriam ainda ampliados com novas pausas. Antônia se lesionou e deixou o Brasil com dez jogadoras. A Espanha permanecia em cima, mas a Seleção teve um último suspiro pelo empate, em cabeçada de Gabi Nunes que a goleira Cata Coll defendeu.

Já aos 62 do segundo tempo, a Espanha fez o segundo gol, algo ruim para o Brasil pensando na questão do saldo de gols entre as melhores terceiras colocadas. Putellas deu um tapa de canhota e cravou a bola no ângulo de Lorena, fechando o placar. Foi mais uma pintura da espanhola, que assinalou um gol por cobertura diante da Nigéria. A Espanha fechou o segundo tempo com 87% de posse e 17 finalizações, mas ao menos seis arremates do Brasil.

A campanha do Brasil na fase de grupos

  • 25 de julho - Brasil 1x0 Nigéria - Bordeaux
  • 28 de julho - Brasil 1x2 Japão - Paris
  • 31 de julho - Brasil 0x2 Espanha - Bordeaux

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Os resultados da terceira rodada da fase de grupos

Grupo A

  • França 2x1 Nova Zelândia
  • Canadá 1x0 Colômbia

Grupo B

  • Estados Unidos 2x1 Austrália
  • Alemanha 4x1 Zâmbia

Grupo C

  • Espanha 2x0 Brasil
  • Japão 3x1 Nigéria

Como ficaram os grupos

Grupo A

  • França -- 6 pontos
  • Canadá -- 3 pontos* e +3 de saldo
  • Colômbia -- 3 pontos e 0 de saldo
  • Nova Zelândia -- 0 pontos

*Punida com -6 pontos

Grupo B

  • Estados Unidos -- 9 pontos
  • Alemanha -- 6 pontos
  • Austrália -- 3 pontos e -3 de saldo
  • Zâmbia -- 0 pontos

Grupo C

  • Espanha -- 9 pontos
  • Japão -- 6 pontos
  • Brasil -- 3 pontos e -2 de saldo
  • Nigéria -- 0 pontos