Japão vira nos acréscimos e impõe primeira derrota do Brasil no futebol feminino

Por Leandro Stein
7 min|
Marta, do Brasil
Foto por Michael Steele/Getty Images

O Brasil sofreu sua primeira derrota no futebol feminino dos Jogos Olímpicos Paris 2024. Neste domingo, 28 de julho, a seleção brasileira enfrentou o Japão no Parc des Princes, em Paris. Era uma partida sabidamente difícil, mas o resultado foi cruel com as brasileiras. A vitória estava nas mãos até os acréscimos do segundo tempo, quando saiu a virada japonesa por 2 a 1.

O Brasil estreou com vitória por 1 a 0 sobre a Nigéria na primeira rodada e o resultado contra o Japão seria importante em busca da classificação no Grupo C. A goleira Lorena defendeu um pênalti no fim do primeiro tempo, enquanto Jheniffer fez o primeiro gol no início da segunda etapa. Porém, as japonesas empataram aos 47, num pênalti convertido por Kumagai Saki, e viraram aos 51, numa pintura por cobertura de Tanikawa Momoko.

O Brasil volta a campo na próxima quarta-feira, 31 de julho, quando enfrenta a Espanha na conclusão do Grupo C. Com três pontos, as brasileiras tentam se recuperar na tabela, para avançar ao menos entre as melhores terceiras colocadas.

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O técnico Arthur Elias precisou acionar três suplentes por conta de lesões, algo permitido pelas novas regras dos Jogos Olímpicos. Priscila, Lauren e Angelina foram relacionadas, diante das ausências de Tamires, Vitória Yaya e Adriana. As três poderão retornar na sequência da competição, caso se recuperem.

A escalação do Brasil, assim, naturalmente tinha modificações em relação à estreia contra a Nigéria. Arthur Elias mudou até mesmo o desenho tático, num 3-4-3. Lorena era a goleira, com a linha defensiva formada por Thaís, Lauren e Rafaelle. Antônia, Ana Vitória, Angelina e Yasmim compunham o meio. Marta, Gabi Nunes e Priscila comandavam o ataque. Do outro lado, o Japão vinha com alterações. O destaque em campo ficava para a capitã Kumagai Saki, bem como à artilheira Miyazawa Hinata.

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Lorena salva pênalti no primeiro tempo

O primeiro tempo teve mais posse de bola do Brasil, mas dificuldades para entrar na área do Japão. As japonesas fechavam bem os espaços e aplicavam seu estilo de jogo característico, com velocidade e qualidade nos contra-ataques.

As chances demoraram a aparecer, mas quase o Japão saiu em vantagem aos 19. Tanaka Mina recebeu o cruzamento livre na área e chutou para fora, desperdiçando excelente lance. A resposta brasileira, aos 23, veio com a zagueira Rafaelle. Após escanteio, o desvio no primeiro poste saiu rente à trave.

O Japão era mais perigoso e teve domínio nos minutos finais. A maior oportunidade de abrir o placar pintou nos acréscimos, quando um chute da entrada da área foi bloqueado por Rafaelle com o braço. Pênalti para as japonesas. Tanaka cobrou e a goleira Lorena se agigantou, segurando sem sequer dar rebote, para levar o empate rumo ao intervalo.

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Jhennifer, do Brasil

Foto por 2024 Getty Images

Brasil melhora na volta do intervalo

O Brasil voltou para o segundo tempo com três mudanças. Jheniffer, Ludmila e Tarciane entraram, nas vagas de Gabi Nunes, Priscila e Lauren. O impacto das mudanças foi inegável. O Brasil estava melhor e conseguiu abrir o placar aos dez minutos, com ajuda vital das substitutas.

A jogada se iniciou graças a Marta, com um lançamento magistral da veterana – em lance muito parecido com o do gol contra a Nigéria. Desta vez, ela encontrou Ludmila em velocidade pelo lado esquerdo e a atacante rolou para Jheniffer, com uma finalização no canto da meta japonesa. Bola no fundo das redes e vantagem para o Brasil.

O Japão acionou seu banco e tentou aumentar a pressão. Estava difícil de passar por Lorena, com outra ótima defesa diante de Tanaka aos 23. Já no Brasil, Duda Sampaio entrou para renovar o meio, aos 25, no lugar de Angelina. Apesar do abafa, a situação parecia sob controle para o Brasil. Marta ficou em campo até os 40, quando Kerolin entrou.

Foto por Getty Images

A inacreditável virada do Japão

A situação saiu do controle para o Brasil já nos acréscimos. O Japão ganhou a oportunidade de empatar em mais um pênalti, aos 47 minutos, quando um passe rasteiro bateu no braço de Yasmim, que dava um carrinho dentro da área. Após revisão do VAR, a arbitragem confirmou a penalidade. A capitã Kumagai só deslocou Lorena e deixou tudo igual.

O Brasil perdeu a concentração. Começou a cometer erros e permitiu a virada aos 51 minutos, a partir de um passe errado de Rafaelle no campo defensivo. A substituta Tanikawa não apenas roubou a bola, como também deu um lindo tapa da intermediária. Encobriu a goleira Lorena e deu a vitória do Japão. As japonesas se recuperam, após a derrota para a Espanha na estreia.

A agenda do Brasil no futebol feminino em Paris 2024

O torneio de futebol feminino dos Jogos Olímpicos reúne 12 seleções, divididas em grupos com quatro equipes. As duas primeiras colocadas de cada chave avançam às quartas de final, assim como as duas melhores terceiras colocadas no geral. O Brasil está no Grupo C, ao lado de Nigéria, Japão e Espanha.

Confira os compromissos da seleção na fase de grupos dos Jogos Olímpicos. Os horários são de Brasília:

  • 25 de julho, 14h - Brasil 1x0 Nigéria - Bordeaux
  • 28 de julho, 12h - Brasil 1x2 Japão - Paris
  • 31 de julho, 12h - Brasil x Espanha - Bordeaux

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Espanha assume a liderança, EUA faz 4x1 na Alemanha e o insano Austrália 6x5 Zâmbia

A Espanha assumiu a liderança isolada do Grupo C, o mesmo do Brasil, e garantiu a classificação para as quartas de final. As atuais campeãs do mundo tiveram amplo domínio diante da Nigéria, mas venceram apenas por 1 a 0. O gol saiu aos 40 do segundo tempo, com a craque Alexia Putellas. A camisa 11 cobrou uma falta lateral e encobriu a goleira Chiamaka Nnadozie, numa pintura. As espanholas somam seis pontos, três a mais que Brasil e Japão.

O Grupo B também confirmou a classificação dos Estados Unidos, que chegaram à segunda vitória com uma goleada por 4 a 1 sobre a Alemanha. Sophia Smith foi o destaque do time, com dois gols. Mallory Swanson e Lynn Williams fizeram os outros, enquanto Giulia Gwinn marcou para a Alemanha. Os EUA ficaram com seis pontos, contra três das alemãs.

Já o outro duelo da chave foi insano: vitória da Austrália por 6 a 5 diante da Zâmbia. As zambianas surpreendiam e venciam por 5 a 2 no início do segundo tempo, com três gols da capitã Barbra Banda. A sensacional reação australiana teve quatro gols na meia hora final, com Michelle Heyman selando o triunfo aos 45 do segundo tempo. A Austrália soma seus primeiros três pontos, com a Zâmbia zerada.

Por fim, no Grupo A, a anfitriã França perdeu para o Canadá, atual campeão Olímpico. A virada por 2 a 1 dependeu de um gol de Vanessa Gilles aos 57 do segundo tempo. Já a Colômbia somou seus primeiros pontos, ao anotar 2 a 0 sobre a Nova Zelândia, gols de Leicy Santos e Marcela Restrepo. Punido em seis pontos, o Canadá está zerado na tabela, apesar de conquistar duas vitórias. Colômbia e França somam três pontos, com zero pontos também para a Nova Zelândia.