Sete fatos sobre Gabi Portilho, protagonista da epopeia da seleção feminina de futebol em Paris 2024
Gabi Portilho constrói uma aura com a seleção feminina de futebol do Brasil em Paris 2024. A atacante, afinal, despontou como protagonista em duas vitórias que já estão na história da Canarinha. Anotou o gol que superou a anfitriã França nas quartas de final e jogou demais na imposição por 4 a 2 sobre a campeã mundial Espanha nas semifinais. É uma personagem central que, à espera da cor da medalha, sabe que subirá no pódio Olímpico.
Paris 2024 é o grande torneio de Gabi Portilho com a camisa da seleção brasileira. Até então, a atacante de 29 anos não havia disputado edições anteriores dos Jogos Olímpicos ou de Copa do Mundo. E a estreia não poderia ser em melhor estilo. A camisa 18 ajuda a mudar a história de um time que vinha sob desconfianças e teve problemas na fase de grupos, mas que cresce na hora da decisão.
Obviamente, o sucesso do Brasil não se resume a uma atleta só. A vitória sobre a Espanha, em especial, dependeu até mais da postura do time sem a bola. A pressão na marcação sufocou as favoritas e gerou muitas chances às brasileiras, até mais do que os quatro gols indicam. Outras que não balançaram as redes foram ótimas, como Ludmila, Tarciane e a goleira Lorena. Gabi Portilho, ainda assim, apareceu em momentos decisivos.
Apesar de duas chances perdidas no primeiro tempo, Gabi fez um gol fundamental nos acréscimos, que deu a vantagem parcial de 2 a 0. Mostrou inteligência na movimentação e categoria para bater de chapa no canto, de primeira. Além disso, ela também era importante na pressão, como numa roubada que quase rendeu o terceiro gol na volta do intervalo. E serviu as companheiras. Seria dela também a assistência para Adriana guardar o terceiro.
A final contra os Estados Unidos guarda outro desafio ao Brasil. Diante da maneira como as americanas têm atuado bem, será um compromisso complicado às brasileiras. De qualquer forma, as duas últimas vitórias são motivos mais que suficientes para fazer a Seleção sonhar. E se alguém não conhecia o talento de Gabi Portilho, com destaque concentrado sobretudo no futebol brasileiro, seu cartão de visitas agora é imenso.
Futebol em Paris 2024
A inspiração da avó
Gabi Portilho começou no futebol, acima de tudo, para ter condições de ajudar a família humilde. E um grande apoio à jogadora vinha de sua avó. Leva os aprendizados de casa para o gramado. "Toda vez que entro no campo, faço o que minha avó ensinou: peço proteção e direção. Depois de tudo, coloco a mão no coração", afirmou a jogadora, em 2021, em entrevista ao Estadão.
Uma história construída no futebol brasileiro
Nascida em Brasília, Gabi Portilho passou pelas seleções de base e ascendeu em clubes de Santa Catarina. O destaque inicial aconteceu no Kindermann e depois foi para o São José, do interior de São Paulo. Vice-campeã brasileira, se transferiu para o Madrid CFF em 2016 e teve sua única experiência na Europa ali, mas foi atrapalhada por lesões. Sete meses depois, a atacante retornou ao Brasil. Defendeu de novo o São José, além de Osasco Audax e 3B da Amazônia. O auge, de qualquer maneira, seria pelo Corinthians.
As dificuldades que a tornaram mais forte
Além da contusão no joelho que encurtou sua estadia na Europa, Gabi Portilho também lidou com a depressão no início de sua carreira. "A maior dificuldade foi ter que ficar longe da minha família para ir atrás de uma vida melhor para eles. Era muito nova. Foram muitas adversidades, fora o preconceito, e confesso que pensei em desistir. Mas por outro lado, esses momentos difíceis me tornaram mais forte. Aprendi a ser resiliente. Percebi que momentos ruins servem como lições”, declarou Gabi, também ao Estadão.
Jogadora de confiança de Arthur Elias
A relação do técnico Arthur Elias com Gabi Portilho vem do Corinthians. Foi o treinador que a convidou para trabalhar no clube, a partir de janeiro de 2020. A atacante chegaria à melhor fase de sua carreira sob as ordens do atual comandante da Seleção. Com a camisa alvinegra, Portilho conquistou quatro edições do Campeonato Brasileiro e duas da Libertadores feminina. Foi decisiva em vários momentos, como em seu primeiro título continental, com gol na final contra o Independiente Santa Fe, em 2021.
A primeira conquista com a Seleção
A primeira competição internacional de Gabi Portilho pelo Brasil aconteceu em 2022, na Copa América Feminina. Seria uma conquista importante especialmente por assegurar a vaga das brasileiras no futebol feminino dos Jogos Olímpicos Paris 2024. A atacante não era tão utilizada pela técnica Pia Sundhage, mas entrou no segundo tempo da final contra a Colômbia. Depois, Gabi ainda participou do vice na Copa Ouro Feminina 2024, já com Arthur Elias. A final foi perdida para os EUA, com a revanche agora em Paris.
O primeiro gol pela Seleção foi em casa
Gabi Portilho só tinha marcado um gol pelo Brasil até o início dos Jogos Olímpicos Paris 2024. Foi em um amistoso contra o Japão, com vitória brasileira por 4 a 3. Mais especial ainda, a partida foi realizada na Arena Corinthians, estádio onde a atacante se acostumou a brilhar pelo clube. Agora com três gols, os outros dois já são inesquecíveis, contra França e Espanha nos Jogos Olímpicos. Ajuda também na Seleção o entrosamento com várias companheiras de clube: sete convocadas são do Corinthians, fora as ex-jogadoras – a exemplo de Adriana, para quem deu a assistência nesta semifinal.
Gabi Portilho cresce nos Jogos Olímpicos
A primeira partida de Gabi Portilho como titular em Paris 2024 foi na estreia, contra a Nigéria. Auxiliou a vitória por 1 a 0, mas sem se sobressair tanto. Foi para a reserva diante do Japão e entrou no segundo tempo contra a Espanha, na terceira rodada da fase de grupos. Já diante da França, a entrada de Gabi Portilho foi importante não só pelo gol, como também pelo aumento da intensidade do Brasil. A vitória sobre a Espanha na semifinal, por fim, mostra como a camisa 18 ganha lugar cativo.
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