Beatriz Dizotti queria ir a uma Olimpíada; agora, sonha com objetivos maiores em Paris 2024
Aos 23 anos, ela é a única brasileira até o momento que obteve o índice Olímpico na natação em Paris 2024. Dona do recorde nacional nos 1.500 metros e sexta colocada no último Mundial, Beatriz Dizotti almeja resultados melhores, começando pelo Troféu Brasil entre 30 de maio e 3 de junho, em Recife.
Quando pequena, Beatriz Dizotti falava para seus pais que só iria treinar natação porque queria ir aos Jogos Olímpicos. Esse objetivo ela já cumpriu em Tóquio 2020. Mas agora a atleta segue treinando forte porque possui novas metas em mente, como a final em Paris 2024 e o título dos Jogos Pan-Americanos 2023, em Santiago.
Bia é uma das estrelas presentes na disputa do Troféu Brasil de Natação 2023, que acontecerá em Recife, Pernambuco, entre 30 de maio e 3 de junho de 2023. O torneio serve como seletiva brasileira para o Mundial de Esportes Aquáticos em Fukuoka, no Japão, entre 23 e 30 de julho.
É lá que ela espera conquistar seu primeiro objetivo nos próximos meses: ser top 5 na prova dos 1.500 metros, superando a sexta posição no Mundial de 2022. Depois, “porque não ser campeã pan-americana”, como ela mesma afirmou. Até chegar à final da mesma prova nos Jogos Olímpicos Paris 2024 – ou ir além.
“Esse ano e o próximo, todas as competições, o Mundial, o Pan, é tudo para chegar bem e forte nos Jogos Olímpicos. Eu tenho meu sonho de ser finalista Olímpica. Só de chegar na final hoje, para a natação feminina do Brasil, é uma grande coisa. Mas sonhos mudam ao longo do tempo e quem sabe no final do ano a gente não possa sonhar por coisas maiores”, contou com exclusividade ao Olympics.com.
Beatriz Dizotti pode realmente sonhar porque vive grande fase na carreira. Mais do que os resultados, ela é a primeira – e até momento única – atleta de natação do Brasil que já conseguiu o índice Olímpico principal em Paris 2024. E logo nas primeiras semanas após a abertura do período para obtenção das marcas.
“Por um momento eu fiquei surpresa, mas hoje eu vejo que é fruto do que eu treino, do que eu trabalho. Eu estava brincando que a gente colhe o que planta e eu estou plantando todos os dias o meu sonho para um dia colhê-lo e cada vez mais plantar sonhos maiores para fazer o meu nome e minha história”.
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Beatriz Dizotti acumula feitos na natação no início de 2023
O índice Olímpico é apenas um dos grandes resultados que Beatriz Dizotti conquistou nos primeiros meses de 2023. Mesmo em um período focado na maior preparação e com poucas competições, ela alcançou a marca quando conquistou o ouro nos 1.500 metros do TYR Pro Swin Series, nos EUA, em abril – também foi bronze nos 800 metros.
Recentemente, repetiu o desempenho no Mare Nostrum: ouro na prova mais longa das piscinas em Barcelona, na Espanha, e bronze nos 800 metros em Canet, na França. Além disso, ela quebrou o recorde brasileiro dos 1.500m, que já era dela, em um torneio regional de natação em São Paulo ao marcar o tempo de 16min04seg21.
“Acho que ninguém esperava esses resultados tão expressivos, tão bons no começo do ano pela fase de treino. Isso me deixa mais motivada, porque eu sei que descansando para as competições principais eu vou estar ainda melhor”, afirmou.
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Próxima parada de Beatriz Dizotti: ser campeã pan-americana
Entre as competições principais que Beatriz Dizotti elencou em 2023 está a edição dos Jogos Pan-Americanos em Santiago, Chile. Lá, ela espera fazer história e ser a segunda atleta de natação do Brasil a conquistar um ouro nas piscinas. Apenas Etiene Medeiros, campeã nos 100m costas em 2015 e nos 50m livre em 2019, conseguiu esse feito.
“Vai ser meu primeiro Pan e já estou muito animada porque vai ser a realização de um sonho. Todo mundo que está em alto rendimento tem sonhos no Pan, nos Jogos Olímpicos, e eu não sou diferente. Hoje eu tenho a chance de ser campeã pan-americana e estou lutando para isso. É algo que a Beatriz de 12 anos não acreditaria. É uma coisa muito grande para mim”.
Porém, mesmo que a Beatriz adulta saiba que essas metas são alcançáveis, a medalha de ouro no Pan é o único objetivo que ela cita em termos de posição na classificação. A atleta prefere pensar nos tempos necessários para alcançar esses resultados. “Se eu bater esses objetivos, grandes coisas virão”, resume.
Beatriz Dizotti ainda prefere se inspirar em grandes nomes
O fato é que, mesmo aos 23 anos, Beatriz Dizotti já se posiciona como uma das melhores atletas da natação brasileira e fonte de inspiração para meninas que estão começando na modalidade. Ela, porém, ainda não se enxerga com esse status.
“Hoje eu escuto que já sou uma inspiração, que as pessoas se inspiram em mim, mas ainda é difícil de acreditar. Para mim, eu ainda me inspiro nas pessoas. Acho que vou começar a entender isso mais para frente”, explica.
Isso porque a inspiração de Beatriz está literalmente a seu lado: Ana Marcela Cunha, também atleta da Unisanta e campeã olímpica da maratona aquática em Tóquio 2020.
“No início era ‘nossa, a Ana está do meu lado”, a gente nem se falava muito, eu tinha vergonha. Mas hoje temos uma relação super leve, uma puxa a outra no treino, e estamos nos ajudando todos os dias. Não é mais surpresa. Ela é minha companheira de treino, minha inspiração e estou muito feliz de tê-la ao meu lado”.
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Beatriz Dizotti gosta da 'dor' das provas longas
A prova feminina dos 1.500 metros entrou no programa Olímpico em Tóquio 2020 – o que potencializou a preparação de Beatriz Dizotti. Atualmente, ela disputa as duas provas de fundo da natação, competindo também nos 800 metros – ainda que admita sua preferência pela distância mais longa.
“A minha prova é 1.500 metros. Nela o dia fica azul, os passarinhos cantam, as borboletas voam...”, brinca, para depois concluir. “Quanto maior a prova, mais confortável, entre aspas, é para mim. Eu gosto do difícil”.
Tanto que ela também reconhece sua história nos 200 metros borboleta – prova na qual foi campeã sul-americana, inclusive. “O que vou falar é até estranho, mas gosto da dor. Gosto de sentir a dor dos 200 borboleta. Ela saiu das minhas prioridades, mas é uma prova que eu gosto de nadar também”.
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Trajetória de Beatriz Dizotti começou na infância e teve pausa em 2019
Beatriz Dizotti começou na natação aos dois anos por questões de saúde. Aos seis, já treinava de segunda a sexta-feira. Desde então, acumulou passagens nas principais equipes do Brasil, como Corinthians e Pinheiros. Até que em 2019 ela resolveu dar uma pausa na carreira e foi estudar nos EUA.
“Eu estava vendo meus amigos começando faculdade, indo para fora, parando de nadar e eu comecei a me questionar muito se era realmente isso que eu queria. Minha vida sempre foi natação, mas falava assim ‘será que é isso mesmo que eu quero para minha vida?’”.
Pela sugestão do irmão, aproveitou os anos na piscina para conseguir uma bolsa de intercâmbio. Foi a chama que faltava para retomar sua trajetória esportiva.
“Passei seis meses lá e vi que queria nadar mesmo, que meu sonho era ir aos Jogos Olímpicos. Foi a virada de chave na minha carreira. A partir dali muita coisa se encaixou na minha cabeça e muitos sonhos se mostraram reais para mim”, concluiu.