Alison dos Santos reconquista bronze nos 400m com barreiras dos Jogos Olímpicos Paris 2024

Por Leandro Stein
6 min|
Alison dos Santos, do Brasil
Foto por Wagner Carmo/CBAt

Alison dos Santos, o Piu, está de volta ao pódio do atletismo nos Jogos Olímpicos. O atleta dos 400m com barreiras era uma das maiores esperanças de medalha para o Brasil, após o bronze em Tóquio 2020 e o ouro no Mundial 2022. Piu se recuperou de lesão no último ano e, após bons resultados na Diamond League, levou um susto na semifinal de Paris 2024, ao correr riscos. Ainda assim classificado à final, voltou à pista do Stade de France nesta sexta, 9 de agosto. Piu cumpriu as expectativas com novo bronze, com tempo de 47s26.

Dono da melhor marca do ano, o americano Rai Benjamin conquistou o ouro, com tempo de 46s46. A prata foi do norueguês Karsten Warholm, com 47s06. Os dois inverteram as posições de Tóquio 2020, quando Warholm foi ouro e Benjamin ficou com a prata. Já Piu manteve a terceira posição, com 0s5 de vantagem sobre o quarto colocado, o francês Clement Ducos -- que o superou na semifinal, mas não o ameaçou desta vez.

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Rai Benjamin é dono de quatro das cinco melhores marcas do ano nos 400m com barreiras. O tempo de 46s46 em Paris 2024 repete seu melhor da temporada, mesmo com a pista molhada pela chuva no Stade de France. Piu tem o terceiro melhor tempo do ano, com 46s63 em maio. Entretanto, não conseguiu repetir seu melhor desempenho em Paris 2024. Piu chegou a correr risco de se ausentar da final, ao terminar em terceiro na sua bateria semifinal, mas avançou com 47s95. O desempenho se elevou na final.

Piu era o quinto colocado antes da terceira barreira. Passou para o quarto lugar uma barreira depois e para a terceira posição antes da quinta barreira. A partir de então, Piu conseguiu sustentar o bronze. O brasileiro cresceu nos momentos finais e chegou a ameaçar a prata de Warholm, com parciais superiores após as duas últimas barreiras, mas sem ultrapassá-lo.

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Após o bronze em Tóquio 2020, Alison dos Santos teve um ótimo início de ciclo Olímpico e conquistou o ouro no Mundial de Atletismo 2022. Porém, desde então, o brasileiro teve seu desempenho prejudicado por lesões e operou o menisco. Foi quinto no Mundial 2023 e se ausentou dos Jogos Pan-Americanos 2023. A volta definitiva às pistas ocorreu em abril. Desde então, Piu disputou seis etapas da Diamond League, com cinco ouros e um bronze.

A única ocasião em que Alison não chegou ao topo do pódio na Diamond League foi na etapa de Mônaco, a única com a presença de Rai Benjamin e Karsten Warholm. O americano ganhou o ouro, numa prévia do que se viu em Paris 2024. Em Oslo, Piu chegou a vencer Warholm. Foi uma das duas vezes antes dos Jogos Olímpicos que correu abaixo de 47s.

Alison, Warholm e Benjamin revolucionaram os 400m com barreiras desde o último ciclo. Até 2018, apenas um barreirista tinha corrido abaixo de 47s -- o americano Kevin Young, detentor do recorde por 27 anos, com 46s78 durante o ouro em Barcelona 1992. Desde que Warholm e Benjamin correram abaixo da marca em Tóquio 2020, os dois e Piu superaram o recorde 17 vezes até o início dos Jogos Olímpicos Paris 2024. Benjamin repetiu o feito pela 18ª vez nesta final.

Atletismo em Paris 2024

Almir Júnior, do Brasil

Foto por Wagner Carmo/CBAt

Almir Júnior é o 11° no salto triplo e faz pedido de casamento

O Brasil também contou com Almir Júnior nas finais do atletismo desta sexta-feira em Paris 2024. O mato-grossense competiu no salto triplo, já um feito enorme, com o retorno de um brasileiro à final da prova após 16 anos -- desde Jadel Gregório em Beijing 2008. Almir fez a quinta melhor marca durante a classificatória e honrou a tradição dos saltadores brasileiros, que garantiram seis medalhas para o país, incluindo os dois ouros de Adhemar Ferreira da Silva.

Na decisão do salto triplo em Paris 2024, Almir não repetiu o resultado da qualificação e saltou para 16m41. Terminou no 11° lugar. O ouro ficou com o espanhol Jordan Díaz Fortun (17m86), a prata com o português Pedro Pichardo (17m84) e o bronze com o italiano Andy Díaz Hernández (17m64). Leia mais sobre a prova aqui.

A grande vitória de Almir no Stade de France aconteceu depois da competição: pediu sua namorada, agora noiva, em casamento. "É o dia mais feliz da minha vida. Eu trabalhei para esse momento. Eu cheguei numa final Olímpica. Na última vez nem isso eu consegui fazer. A gente teve um ciclo bem diferente. Eu estou com o coração tranquilo, porque eu dei o meu máximo, eu dei o meu melhor", comentou, com exclusividade ao Olympics.com.

"E no fim eu coroei com esse pedido de noivado, a minha mulher merecia isso. Ela esteve do meu lado por muito tempo. Ela me apoiou, ela me deu suporte. Ela me deu a tranquilidade de poder estar aqui, trabalhando e fazendo o meu melhor. E ela vai me dar essa tranquilidade pra poder chegar em 2028 bem também. Então ela merecia esse momento. Eu dei o meu máximo dentro e fora da pista."

Almir Júnior saltou para 17m53 em maio de 2018, sua melhor marca antes de Tóquio 2020, quando ficou no 23° lugar. No atual ciclo, ele foi prata nos Jogos Pan-Americanos 2023 e fez seu melhor salto da temporada com 17m31, durante o Campeonato Ibero-Americano de Atletismo. Também levou um bronze em etapa da Diamond League. Pouco antes, Almir tinha ajudado os resgates das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O mato-grossense ficou dez dias sem treinar e se recuperou para ótimos resultados.

Atletismo em Paris 2024