Caio Bonfim é medalhista de prata nos Jogos Olímpicos Paris 2024 na marcha atlética 20 km do atletismo
Na primeira prova do atletismo dos Jogos Olímpicos Paris 2024, o brasileiro Caio Bonfim conquistou a medalha de prata nesta quinta-feira, 1º de agosto. Ele completou os 20 quilômetros da marcha atlética em 1h19min09s, quatorze segundos atrás de Brian Daniel Pintado, do Equador, que conquistou a medalha de ouro. Álvaro Martin, da Espanha foi o medalhista de bronze, dois segundos atrás do brasileiro. Foi a quinta medalha conquistada pela delegação brasileira nos Jogos Olímpicos Paris 2024.
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O Brasil teve três participantes na prova. A prova foi aberta pelo francês Yohann Diniz, recordista mundial da marcha atlética dos 50km. Ele bateu o cajado por três vezes às 8h da manhã, horário local em Paris, seguindo uma tradição do teatro francês que está sendo homenageada nestes Jogos Olímpicos.
Max Batista foi o 28º, em 1h22min16s. Matheus Correa terminou em 39º lugar, com 1h24min25s. Ao final, 46 dos 49 participantes completaram a prova.
A prova feminina também aconteceu nesta quinta-feira, dia 1º, com a participação de Érica Sena, Gabriela de Sousa e Viviane Lyra. Érica Sena foi a melhor brasileira ao terminar na 13ª posição com 1h29min32s. Viviane Lyra foi a 18ª com 1h30min31s. Já Gabriela de Sousa terminou em 36ª com 1h35min50s.
Pela equipe de Portugal, Vitória Oliveira foi a 38ª com 1h36min22s. Ana Cabecinha, porta-bandeira portuguesa na Cerimônia de Abertura, foi a 43ª com 1h46min30s.
O ouro das mulheres ficou com Yang Jiayu, da República Popular da China, que completou o percurso em 1h25min54s - o melhor tempo da temporada. Maria Perez, da Espanha, ficou com a prata, 25 segundos atrás. A australiana Jemina Montag levou o bronze com 31 segundos de diferença para a líder.
Aos 33 anos, Caio Bonfim participou da quarta edição dos Jogos Olímpicos. Ele foi quarto colocado na Rio 2016. O atleta de Sobradinho-DF já foi medalhista de bronze no Campeonato Mundial Londres 2017 e Budapeste 2023, e tem quatro medalhas em Jogos Pan-Americanos.
Ele ainda disputa a prova do revezamento misto, novidade do programa Olímpico em Paris 2024. O representante masculino marchará por 12,195 km, verá sua parceira marchar por 10 km e em seguida marcha por mais 10 km, antes que a representante feminina continue. Sua parceira na prova será Viviane Lyra.
Ao final da prova, Caio Bonfim conversou com a imprensa presente na Praça do Trocadéro, aos pés da Torre Eiffel, onde aconteceu a prova da marcha atlética. "Não sei ainda colocar em palavras" contou o novo medalhista Olímpico, afirmando que os Jogos Olímpicos são "diferente de tudo".
"Tinha uma expectativa, mas você viu o tanto que é forte o nível. O quarto é campeão Olímpico (Massimo Stano, da Itália, campeão Olímpico em Tóquio 2020). O terceiro é duas vezes campeão mundial (na marcha atlética 20 km e 35 km em Budapeste 2023). O quinto é medalhista de Tóquio (Evan Dunfee, do Canadá, bronze). Tinha os dois melhores do ano (Ikeda Koki, do Japão, e Zhang Jun, da República Popular da China)", comentou Caio Bonfim, sobre o alto nível da prova.
Caio Bonfim vem de família de representants do atletismo. A mãe era marchadora, e o pai era o treinador dela. Apesar disso, ele começou tarde, com apenas 16 anos. "Jogos Olímpicos não são só essas 20 voltas. É um trabalho, mas o resultado valeu a pena. Eu entreguei o meu melhor todos os dias, todas as voltas, todos os momentos, todos os treinamentos, neste ciclo Olímpico curto de três anos", lembrou Caio Bonfim.
No final, consciente das duas faltas, ele optou por garantir um lugar no pódio. "Para mim não me importava a cor da medalha. Eu tenho duas medalhas em mundiais. É um sonho, eu acho que vou dormir flutuando de tão feliz que estou", comentou o atleta.
Caio Bonfim começou forte, mas precisou segurar o ritmo no fim para evitar terceira punição
Já nos primeiros metros, Caio Bonfim escolheu forçar o ritmo, abrindo uma vantagem e fazendo uma ‘fuga’ do pelotão que permaneceu coeso. Ele passou o primeiro quilômetro em 4 minutos, com seis segundos de vantagem sobre os demais. No segundo quilômetro, o pelotão finalmente alcançou ele e o francês Gabriel Bordier assumiu a liderança, com 8:09.
Ele chegou a passar os 10 km na frente, com 40min21s, mas permaneceu sempre dentro do pelotão. Ele recebeu duas punições por perda de contato da perna e precisou fazer uma corrida mais segura para evitar uma punição tardia no fim. Aos 17 km, ele estava na liderança, em uma briga acirrada com Brian Daniel Pintado, do Equador.
Os dois sul-americanos, além do espanhol Álvaro Martin e Massimo Stano, da Itália, se distanciaram e ficou claro no último quilômetro que a medalha estaria entre eles. Na reta de chegada, o equatoriano conseguiu se distanciar para ganhar com folga o ouro, enquanto Caio Bonfim garantiu a prata, primeira prova do Brasil na modalidade.
Erica Sena encerra carreira com ‘gratidão’; Viviane Lyra pensa no revezamento
A disputa feminina da marcha atlética nos Jogos Olímpicos Paris 2024 marcou também a despedida de Érica Sena das competições. Uma das grandes atletas do país na modalidade (e que esteve próxima da medalha em Tóquio 2020) confirmou que foi sua última participação na zona mista.
Além do ciclo mais curto, uma vez que as provas de Tóquio foram realizadas em 2021 por conta da pandemia de covid-19, Erica também se ausentou das competições em 2022 durante a gravidez. Retornou em 2023 mantendo o bom desempenho – em Paris 2024, novamente esteve entre as líderes e terminou na 13ª posição.
“Foi um ciclo mais curto para mim e o retorno para as pistas, para os treinos, foi muito difícil, mas tive o apoio da minha família e da minha equipe”, afirmou. “Encerro os Jogos Olímpicos, esta foi minha última participação, muito feliz e com o coração cheio de gratidão”, completou.
Estreante em Jogos Olímpicos, Viviane Lyra foi a 18ª, muito por conta da punição de 2 minutos que tomou no 12º quilômetro da prova. Mesmo assim, ela preferiu não lamentar e já foca na prova do revezamento. Ela formará a dupla do Brasil com Caio Bonfim em busca de mais uma medalha Olímpica na marcha atlética.
“Feliz de completar esse primeiro desafio, mas ainda não acabou”, lembrou a atleta na zona mista. “Estamos preparados e confiantes também. Essa medalha [conquistada pelo Caio Bonfim] eleva ainda mais a nossa motivação”, declarou.