Vôlei de praia em Paris 2024: quem são as duplas do Brasil

Por Leandro Stein
7 min|
Ana Patricia Duda Rome
Foto por FIVB

Desde que o vôlei de praia entrou no programa dos Jogos Olímpicos, em Atlanta 1996, o esporte se tornou uma importante fonte de medalhas para o Brasil. São 13 pódios das duplas brasileiras, mais do que qualquer outro país, com três ouros e sete pratas. Porém, Tóquio 2020 registrou uma marca negativa: pela primeira vez, o Brasil passou em branco, tanto no feminino quanto no masculino. Em Paris 2024, os brasileiros tentarão recuperar seu terreno e possuem suas credenciais para a volta ao pódio.

Neste domingo, 10 de junho, o ranking classificatório do vôlei de praia foi fechado ao término do Elite 16 de Ostrava. Assim, 17 novas cotas em cada gênero foram asseguradas aos Comitês Olímpicos Nacionais (CONs). O Brasil contará com quatro duplas, duas no masculino e duas no feminino. Como os Comitês Olímpicos Nacionais têm autoridade exclusiva sobre a representação de seus respectivos países nos Jogos Olímpicos, a participação dos atletas nos Jogos de Paris depende de seus CONs selecioná-los para representar sua delegação em Paris 2024.

A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) já confirmou as nomeações de Ana Patrícia/Duda e Carol Solberg/Bárbara no feminino e de André/George e Arthur/Evandro no masculino.

Confira os detalhes das quatro duplas brasileiras que devem representar o país em Paris 2024. Alguns dos atletas possuem experiências anteriores em Jogos Olímpicos, mas todas as equipes serão inéditas na competição - e com resultados expressivos no circuito mundial de vôlei de praia, sobretudo no feminino.

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Foto por World Volleyball

Ana Patrícia e Duda Lisboa

Líderes do ranking mundial, Ana Patrícia e Duda Lisboa despontam como principais favoritas ao pódio em Paris 2024. Ambas estiveram presentes em Tóquio 2020, mas em duplas distintas. Ana Patrícia competiu com Rebecca e alcançou as quartas de final, enquanto Duda parou nas oitavas ao lado de Ágatha. Para o novo ciclo, a mineira de 26 anos e a sergipana de 25 anos resolveram unir forças, após jogarem juntas nas categorias de base.

Embora tenham inicialmente seguido por caminhos distintos no nível adulto, Ana Patrícia e Duda haviam conquistado juntas o ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude Nanjing 2014, além de ganharem duas edições do Campeonato Mundial Sub-21. Elas tiveram sucesso em suas carreiras paralelas, sobretudo Duda, duas vezes campeã do circuito mundial, mas é o reencontro a partir de 2022 que marca o ápice das duas atletas. A amizade fora das quadras se transformou numa excelente combinação de talentos nas areias.

Logo no primeiro ano de parceria, Duda e Ana Patrícia conquistaram o Campeonato Mundial 2022 e ficaram com a prata nas finais do circuito mundial. Já em 2023, levaram a prata no Mundial e o bronze nas finais do circuito, além do ouro nos Jogos Pan-Americanos. Ao longo dos últimos dois anos, o domínio no circuito mundial é absoluto: são 13 medalhas em etapas do Elite 16, incluindo oito ouros - o mais recente faturado em Brasília. No Elite 16 de Ostrava, que fechou o ranking neste domingo, as brasileiras ficaram na quarta posição.

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Bárbara Seixas and Carol Solberg of Brazil, during the World Beach Volleyball Championships 2023, in Tlaxcala, Mexico. Photo: FIVB

Foto por FIVB

Carol Solberg e Bárbara Seixas

Carol Solberg e Bárbara formam a dupla mais experiente do Brasil em Paris 2024, mas com históricos distintos em Jogos Olímpicos. Bárbara participou da Rio 2016, quando dividia a equipe com Ágatha, e conquistou a medalha de prata. Aos 36 anos, retorna ao cenário Olímpico depois de se ausentar em Tóquio 2020. Já Carol fará sua estreia nos Jogos, também aos 36 anos. Honra o legado da família: a mãe Isabel Salgado, craque da seleção na quadra, disputou duas edições dos Jogos e o irmão Pedro Solberg esteve na praia da Rio 2016.

Carol e Bárbara também se conhecem há tempos, desde as categorias de base. Elas foram parceiras entre 2003 e 2004, com direito a duas medalhas de prata no Mundial Infanto-Juvenil. Nas quase duas décadas seguintes, ambas atuaram ao lado de diferentes companheiras. Carol passou grande parte da carreira com a irmã Maria Clara e, até 2020, jogou com Talita. Já Bárbara teve seu maior sucesso com Ágatha, mas vinha atuando ao lado de Carol Horta. Não tiveram tempo de ir a Tóquio 2020, mas cresceram no atual ciclo.

Além dos currículos recheadíssimos, com dezenas de medalhas nos circuitos mundial e nacional, Carol e Bárbara mostraram como a experiência segue fazendo a diferença em quadra. As brasileiras passaram a frequentar os pódios juntas entre 2022 e 2023, com títulos no Challenge e medalhas de prata ou bronze no Elite 16. Já os melhores resultados vieram justamente em 2024, com o ouro no Elite 16 de Doha e o bronze em Tepic. Atualmente as duas ocupam a quinta posição no ranking mundial.

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Foto por Maurício Val/CBV

André Stein e George Wanderley

George e André disputarão pela primeira vez os Jogos Olímpicos, mas são bastante conhecidos no circuito. Aos 29 anos, André teve grandes momentos anteriores ao lado de Evandro: juntos conquistaram o Campeonato Mundial e o circuito mundial em 2017. Já os feitos de George eram mais numerosos nas categorias de base, incluindo conquistas nos Mundiais Sub-19 e Sub-21 ao lado de Arthur Lanci. No nível adulto, o paraibano atuou principalmente com Thiago Santos.

André surpreendeu ao deixar a dupla com Evandro em 2018, logo após conquistarem o circuito brasileiro. O jovem se uniu a Alison Cerutti, campeão Olímpico na Rio 2016, mas a parceria não deu liga e durou apenas nove meses. A partir de 2019, André e George formaram uma equipe que não demorou a se consagrar. Faturaram juntos o circuito brasileiro em 2020, com mais dois títulos na competição desde então. No entanto, não conseguiram a vaga em Tóquio 2020 - com as presenças justamente de Evandro e Alison, em duplas distintas.

Os resultados internacionais de André e George se tornaram mais notáveis no atual ciclo. Os brasileiros levaram o bronze no Campeonato Mundial 2022, ano em que também ganharam o Elite 16 de Uberlândia. Em 2023, os melhores momentos vieram com o ouro nos Jogos Pan-Americanos e com o bronze nas finais do circuito mundial, em Doha. Já em 2024, a dupla consolidou a segunda posição no ranking, com o título do Saquarema Challenge, além de três medalhas no Elite 16 - incluindo o bronze em Brasília.

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Evandro e Arthur, do vôlei de praia

Foto por FIVB

Evandro Oliveira e Arthur Lanci

Evandro está entre as grandes figuras do vôlei de praia brasileiro nos últimos anos. O carioca de 33 anos disputará os Jogos Olímpicos pela terceira vez. Esteve ao lado de Pedro Solberg na Rio 2016 e do campeão Olímpico Bruno Schmidt em Tóquio 2020, eliminado em ambas nas oitavas de final. Entre as duas participações Olímpicas, Evandro ainda foi campeão mundial em 2017 com André. Já Arthur Lanci teve destaque na base, com os títulos mundiais sub-19 e sub-21 com George. No adulto, foi vice-campeão do circuito brasileiro com Hevaldo.

Evandro e Arthur começaram o atual ciclo Olímpico em outras duplas. Arthur ficou duas temporadas com Pedro Solberg, com quem chegou a levar a prata no Elite 16 de Uberlândia em 2022. Já Evandro teve dois parceiros diferentes após Tóquio 2020, até unir forças com o paranaense a partir de 2023. Conseguiram engrenar rapidamente para se estabelecer no ranking mundial, atualmente no oitavo lugar.

O melhor desempenho de Evandro e Arthur em 2023 veio no Challenge de Saquarema, com a primeira colocação. Já em 2024, alcançaram novas conquistas nas areias brasileiras, durante o Challenge de Recife e o Elite 16 de Brasília - em que venceram nas semifinais os antigos parceiros André e George. Os resultados na capital federal foram essenciais para encaminhar a vaga em Paris 2024, também com a ausência de Pedro Solberg e Guto, que apareciam como principais concorrentes no ranking.

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