Ana Patrícia/Duda e André/George superam Mundial e conquistam medalha de ouro no vôlei de praia dos Jogos Pan-Americanos 

Por Daniel Perissé e Gustavo Longo
10 min|
Ana Patricia Silva and Eduarda Santos of Brazil celebrares during the Beach Volley at the Santiago 2023 Pan American Games at the Centro de Voleibol Playa, Parque Penalolen on October 27 in Santiago, Chile
Foto por Jonathan Oyarzun/ Santiago 2023 vía Photosport

Após vice-campeonato no México, as líderes do ranking mundial superaram canadenses na final, enquanto no masculino a dupla do Brasil passou por cima da eliminação ainda na fase de grupos ao derrotar cubanos na decisão em Santiago. 

Nada como um dia após o outro - ou um torneio após o outro, no caso das duplas Ana Patrícia/Duda e André/George, que comemoraram a medalha de ouro nos torneios feminino e masculino de vôlei de praia os Jogos Pan-Americanos 2023, respectivamente, uma semana depois de encerrar sua participação no Mundial da modalidade, no México.

Na primeira decisão do dia, depois de caírem na final de um Mundial em que vinham como as principais favoritas***,*** dessa vez Ana Patrícia e Duda conseguiram confirmar a condição ao superarem as canadenses Melissa Humana-Paredes e Brandie Wilkerson por 2 sets a 0, parciais de 22-20 e 21-18.

No Mundial, Ana Patrícia e Duda tentavam o bicampeonato e acabaram superadas por Sarah Hughes e Kelly Cheng por 2 a 0, chegando à decisão sem ter perdido sequer um set - mesma situação nesta semana do Pan, em que não tiveram dificuldades nas cinco partidas até a decisão.

Além disso, elas encerram um incômodo tabu de 12 anos sem título brasileiro no vôlei de praia na competição. O último foi com Juliana e Larissa na edição de 2011, em Guadalajara, no México.

Campeãs dos Jogos Olímpicos da Juventude Nanjing 2014, Duda e Ana Patrícia retomaram a parceria no ciclo Olímpico de Paris 2024 e, desde então, seguem em grande fase nesta temporada. O título dos Jogos Pan-Americanos 2023 soma-se ao vice-campeonato mundial e os quatro títulos em oito etapas do Elite 16 do circuito mundial da modalidade.

Projetando Paris 2024, Duda ressaltou que ainda é preciso concretizar a classificação. "Vai ser um sonho. A gente vai lutar muito, ainda tem que classificar para Paris 2024 até junho do próximo ano. Vamos fazer o melhor em todos os campeonatos para conseguir uma medalha futuramente. E não conseguirmos, vamos tentar de novo", afirmou ao Olympics.com.

A respeito de lidarem sempre com a expectativa do favoritismo, Duda comentou: "Óbvio que nós estamos muito bem, mas a gente tenta não pensar nisso porque é uma pressão. As outras duplas são dificílimas. Cada jogo é um jogo de apresentar ranking de número 1 do mundo. A gente tenta administrar e fazer nosso melhor, porque cada torneio é diferente."

PARIS 2024 | Confira o sistema de classificação olímpico do vôlei de praia

Na disputa pelo bronze, melhor para as americanas Nicole Quiggle e Sarah Schermerhorn-Murphy, que derrotaram as argentinas Ana Maria Gallay e Fernanda Pereyra por tranquilos 2 a 0, com 21-18 e 21-10.

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Como foi a final feminina do vôlei de praia no Pan 2023

Diferente de outras partidas nos Jogos Pan-Americanos 2023, Ana Patrícia e Duda tiveram mais dificuldades contra as canadenses. Mesmo sofrendo com o saque do Canadá, Ana Patrícia conseguiu dois bloqueios seguidos para abrir 4 a 1 no placar.

A vantagem no primeiro set, contudo, durou pouco. Brandie Wilkerson, em grande atuação, soube explorar os espaços na defesa e, com duas largadas de segunda, descontou para 4 a 3. O jogo seguiu equilibrado ao longo do set. Aproveitando um erro de ataque, as canadenses chegaram a empatar em 7 a 7.

Com uma defesa forte e aproveitando os contra-ataques, o Brasil chegou a ampliar novamente para 12 a 9, mas de novo com grande atuação de Wilkerson no ataque e bloqueio e de Humana-Paredes na defesa, o Canadá buscou o placar e conseguiu virar em 14 a 12, com cinco pontos seguidos.

Duda recolocou o Brasil no jogo com dois aces seguidos, virando novamente o placar para 15 a 14. Mas as duas duplas continuaram trocando pontos, seja com erros de saque ou pontos de ataque. Na reta final do primeiro set, o placar mostrava 19 a 19. Brandie Wilkerson aproveitou o ataque e fez 20 a 19. Ana Patrícia devolveu e empatou em 20 a 20. Wilkerson, destaque do primeiro set, errou a diagonal curta, deixando as brasileiras com set point. E no contra-ataque, Duda conseguiu fechar em 22 a 20.

No segundo set, com Duda no saque, o Brasil fez 2 a 0.  As canadenses empataram em 2 a 2, mas o Brasil fez 3 a 2.

As duplas seguiram o equilíbrio com 4 a 4, em ataque de Wilkerson. Havia pouca margem para manobra, e o placar chegou a 7 a 6 em um dos raros erros de ataque das canadenses. A resposta veio imediatamente, com o empate em 7 a 7 e a troca de lado.

As canadenses viraram para 8 a 7, e em uma bola de Wilkerson que bateu na rede, e ampliaram para 9 a 7. Duda e Ana Patrícia responderam com novo empate, em 9 a 9, após ataque de Wilkerson na rede. No tempo técnico, as canadenses venciam por 11 a 10, após bloqueio de Ana Patrícia que foi para fora.

Brasil e Canadá permaneceram empatados em 13 a 13, e foi aí que Ana Patrícia e Duda cresceram no jogo, abrindo dois pontos de vantagem, com direito a um deles de ace. Porém, as rivais encostaram de novo com 15 a 15.

Com um ataque e um bloqueio de Ana Patrícia, o placar chegou a 17 a 15. Duda errou a bola seguinte, mas Wilkerson sacou muito mal em seguida e o Brasil fez 18 a 16 – em outra falha canadense, o placar chegou a 19 a 16.

Faltavam dois pontos para o ouro. Ana Patrícia errou o saque seguinte e as canadenses reduziram para 19 a 18, mas um ataque certeiro do Brasil e um bloqueio de Ana Patrícia garantiram o segundo set em 21 a 18 e o título para esquecer a queda no Mundial desse ano.

Após sair na fase de grupos no Mundial, André e George brilham

No caso de André e George, o ouro serviu para superar o fato de ter sido a única dupla do país eliminada na fase de grupos no México - eles ficaram em último na chave D, com uma vitória e duas derrotas. No ranking geral, eles ficaram entre os países em 37o lugar do torneio.

Na final desta sexta-feira, 27 de outubro, os atuais quintos colocados no ranking mundial superaram os cubanos Jorge Luiz Alayo e Noslen Díaz*,* que estão na posição 34 da lista internacional, por 2 sets a 1, parciais de 21-12, 19-21 e 15-13.

Para festa da torcida local, os primos chilenos Marco e Esteban Grimalt também precisaram da terceira parcial para obter o bronze diante dos americanos Michael Webber e Hagen Smith, parciais de 21-14, 18-21 e 15-12.

Os finalistas tinham se encontrado previamente na fase de grupos do Pan em partida que também foi ao terceiro set, mas com vitória da representação de Cuba (16-21, 21-18 e 8-15).

Diante do retrospecto, era fundamental que os brasileiros tentassem tomar a dianteira na final de hoje. E o Brasil pontuou primeiro, com belo ataque de André. Aos poucos, os brasileiros foram construindo vantagem e fizeram 4 a 2, com bloqueio de André em ataque de Diaz.

Graças a um ataque para fora de Alayo, o Brasil abriu 5 a 2 na primeira virada de lado. Os cubanos seguiam seu ritmo e André, em outro belo bloqueio, colocou o placar em 7 a 2, quando foi pedido tempo.

Em seguida, mais um bloqueio de André e o placar foi a 8 a 2. Em um ataque de George, o Brasil abriu 10 a 3 no primeiro set.

Cuba aproveitou para fazer dois pontos com um ataque e bloqueio de Alayo em queda de ritmo dos brasileiros, mas o marcador seguiu com ampla vantagem aos brasileiros – 14 a 7,nada menos que o dobro, na virada do tempo técnico.

O que se viu nos minutos seguintes foi o amplo domínio dos brasileiros, que seguraram qualquer reação dos cubanos com bloqueios de André, belas defesas e os erros dos próprios rivais. A distância foi aumentando até que, em um ataque de George, o Brasil fechou o primeiro set em 21 a 12, sem muitas dificuldades.

A etapa final começou com um bloqueio de André. Porém, os cubanos se mostraram concentrados e fizeram jogo equilibrado até o 3 a 3, quando deixaram os brasileiros abrir três de vantagem.

Alayo e Diaz encostaram em 6 a 5, mas George virou uma bola e a diferença voltou a ser de dois pontos – 7 a 5, depois 8 a 6 em mais um bloqueio de André, e 9 a 7.

Porém, a dupla de Cuba empatou em 9 a 9 com dois ataques certeiros de Díaz. Novamente o jogo ficou equilibrado, com 12 a 12 – neste ponto, George tentou um ataque de costas, defendido pelos cubanos.

O Brasil chegou a fazer 15 a 13, com duas viradas de George, mas os rivais empataram novamente em 15 a 15, desta vez com o bloqueio de Alayo funcionando. Foi a hora de o Brasil pedir tempo para acalmar os ânimos e esfriar o melhor momento dos adversários.

Depois da parada, o Brasil fez 16 a 15 e Cuba respondeu com nova igualdade. Em seguida, com atuação gigante de Alayo no bloqueio, os cubanos fizeram 18 a 16, na primeira vez com vantagem em toda a partida.

George respondeu com um ataque que tocou a ponta da linha e Alayo atacou para fora: 18 a 18. Diaz fez 19 a 18 para Cuba e George virou outra, fazendo 19 a 19.

Porém, os cubanos chegaram ao set point com Diaz fazendo 20 a 19. E em seguida veio a confirmação do que poucos esperavam diante do visto na etapa inicial: os brasileiros erraram na recepção e Cuba fez 21 a 19, empatando a partida e levando a decisão para o terceiro set.

Mais concentrados, brasileiros seguram reação dos rivais 

O set final começou com um ace do Brasil, mas Cuba empatou. George virou duas boas bolas para fazer 3 a 1. Em seguida, André jogou o saque na rede e cubanos encostaram: 3 a 2.

No ponto seguinte, George aparece novamente para dar três pontos de vantagem ao Brasil: 5 a 2, em um deles com direito a largadinha que caiu de leve, após bater na fita. Mais um ponto dos rivais e a partida parou por conta de um pedido de tempo.

Cuba voltou da parada com um ace de Díaz, e George voltou a atacar bem em diagonal: 6 a 4 Brasil. Alayo surge no bloqueio novamente e diferença cai para um ponto. André, com uma pancada, faz 7 a 5, e o mesmo colocou outra bola no chão para ampliar para 8 a 5.

Díaz marcou o sexto ponto de Cuba com um bonito ataque, mas o Brasil seguiu a vantagem com George explorando o bloqueio adversário, 9 a 6 e troca de lado.

André errou novamente o saque, entregando o sétimo ponto aos cubanos, mas o presente foi devolvido com George, colocando o Brasil a cinco pontos da medalha de ouro.

A diferença caiu para 10 a 8, mas George virou novamente e fez 11 a 8. André bloqueou para fora e os cubanos diminuíram mais uma vez.

George errou o ataque em seguida e colocou o Brasil com apenas um ponto de vantagem (11 a 10), obrigando a dupla a pedir tempo imediatamente.

A parada resultou no empate de Cuba em 11 a 11, com ataque de George que não passou. André respondeu com um ataque cruzado e fez 12 a 11. André surgiu novamente no bloqueio e deixou o Brasil a dois pontos do ouro.

Com 13 a 11 atrás no set decisivo, Alayo pediu tempo para Cuba. Neste momento, os brasileiros se mostravam mais concentrados e conversando no banco sobre como seguir no jogo.

Cuba fez seu ponto de número 12, mas o Brasil chegou ao match point com uma largadinha de George. Alayo deixou o placar em 14 a 13, porém Diaz mandou o ataque para fora e os brasileiros ganharam o ouro na segunda oportunidade que tiveram, fechando em 15 a 13.