Nove participações em Jogos Olímpicos. A primeira, em Montréal 76, como atleta, aos 22 anos. Nas outras oito, como treinador das seleções brasileiras de vôlei. Nessas oito, levou o Brasil ao pódio em cinco ocasiões. Dessas cinco, deixou o time no degrau mais alto em três - uma com a equipe masculina, duas com a feminina. Este é o currículo de Zé Roberto Guimarães, que irá receber o "Troféu Adhemar Ferreira da Silva", em reconhecimento à sua contribuição para o esporte do país, durante o Prêmio Brasil Olímpico (PBO) 2024. O evento irá acontecer no próximo dia 11 de dezembro (quarta-feira), no Rio de Janeiro.
A distinção foi idealizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) e recebe o nome do brasileiro que conquistou duas medalhas de ouro em Jogos: Adhemar Ferreira da Silva. A honraria é destinada a personalidades que representam os ideais do bicampeão Olímpico no salto triplo, como ética, excelência, respeito e espírito coletivo. Valores que são identificados em Zé Roberto.
“Fico muito honrado com o prêmio por dois motivos, pela admiração por Adhemar Ferreira da Silva e significado dele para o esporte brasileiro e mundial, e pelo reconhecimento do COB nessa homenagem. Ser algum dos brasileiros a receber essa honraria me deixa muito feliz, porque era um sonho de adolescente representar meu país e vestir a camisa da seleção. Era meu grande sonho que consegui realizar”, disse Zé Roberto Guimarães em comunicado enviado pelo COB.
A carreira de Zé Roberto Guimarães no vôlei
Conheceu o esporte quando se mudou para Santo André/SP, nos anos 1960. Chegou à seleção brasileira e disputou os Jogos Olímpicos de 1976, no Canadá. Quando parou de jogar, já se arriscava à beira da quadra. Aos 34 anos, foi convidado por Bebeto de Freitas (treinador medalhista de prata em 1984) para ser seu assistente na seleção brasileira masculina e a colaborar com as equipes de base.
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Depois de levar as equipes sub-17 e sub-19 do país às finais dos seus respectivos Mundiais, assumiu o time principal em 1990. Dois anos mais tarde, o Brasil conquistava o primeiro ouro Olímpico no vôlei, com a seleção masculina em Barcelona 92.
Após Atlanta 96, passou por cargos de gestão no futebol mas voltou ao vôlei para treinar o Osasco, equipe da Superliga feminina. Foi em um trabalho que o fez retornar à seleção, mas desta à frente da feminina.
Sob o seu comando, as mulheres do vôlei brasileiro foram bicampeãs em Jogos (Beijing 2008 e Londres 2012), prata em Tóquio 2020 e, mais recentemente, bronze em Paris 2024. Ademais, conduziu o Brasil na conquista de três medalhas de prata e uma de bronze em Mundiais, mais três títulos de Grand Prix.
Em entrevista para o Podcast dos Jogos Olímpicos, ao ser perguntado sobre qual das três medalhas de ouro obtidas em Jogos foi a mais especial, Zé Roberto assim respondeu: "As três, num momento só. Quando toca o hino nacional brasileiro, para mim é o melhor momento de todos, que aí eu digo assim: 'Zé, missão cumprida, você pode dormir em paz.'"
Para além da seleção, idealizou o Barueri Vôlei, clube que se tornou sinônimo na formação dentro e fora das quadras: “Eu sempre falo que o mais importante para mim foram as oportunidades que eu tive, quando as pessoas acreditaram que eu podia construir alguma coisa. Com o projeto de Barueri eu me sinto realizado ao poder dar essas oportunidades para essas meninas, não só para serem jogadoras de vôlei, mas estudarem em boas escolas, se formarem, terem uma profissão", disse Zé Roberto para o COB.
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Troféu Adhemar Ferreira da Silva: todos os premiados
- 2001 – Nelson Prudêncio – atletismo
- 2002 – João Gonçalves Filho - natação e polo Aquático
- 2003 – Amaury Pasos – basquete
- 2004 – Maria Lenk – natação
- 2005 – Agberto Guimarães – atletismo
- 2006 – Aída dos Santos – atletismo
- 2007 – André Gustavo Richer – remo
- 2008 – João Havelange - natação e polo aquático
- 2009 – Joaquim Cruz – atletismo
- 2010 – Eder Jofre – boxe
- 2011 – Bernard Rajzman – vôlei
- 2012 – Hortência – basquete
- 2013 – Torben Grael – vela
- 2014 – Vanderlei Cordeiro de Lima – atletismo
- 2015 – Gustavo Kuerten – tênis
- 2016 – Bernardinho – vôlei
- 2017 – Lars Grael – vela
- 2018 – Jackie Silva – vôlei de praia
- 2019 – Oscar Schmidt – basquete
- 2021 – Janeth Arcain – basquete
- 2022 - Daiane dos Santos - ginástica artística
- 2023 - Chiaki Ishii – judô
- 2024 - José Roberto Guimarães - vôlei