José Roberto Guimarães: as grandes conquistas Olímpicas da lenda do vôlei

Por Virgílio Franceschi Neto
4 min|
Jose Roberto Guimaraes coach of Brazil in action during the women's qualifying volleyball match between the Brazil and Dominican Republic on Olympic Qualification Tournament at the Sabiazinho Arena on August 3, 2019 in Uberlandia, Brazil
Foto por Pedro Vilela/2019 Getty Images

José Roberto Guimarães. É bem difícil não associá-lo à história Olímpica do Brasil, do esporte e do vôlei do país. Quer seja como atleta ou como treinador, testemunhou o desenvolvimento da modalidade no país, sendo parte bastante importante nesse processo.

Teve um início dentro de quadra como todo jogador: incansável, em busca do seu espaço. Do contato com veteranos, como Antônio Carlos Moreno, fazia uma ideia eram os Jogos Olímpicos.

“Aqui para mim era inatingível, um mundo impossível. Como a gente faz para chegar lá [nos Jogos]? Minha cabeça só viajava e sonhava”, relembrou José Roberto Guimarães para o podcast dos Jogos Olímpicos.

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Anos de trabalho premiaram-no com a seleção brasileira. Convocado, viajou para o Canadá e competiu em Montreal 76.

Em transição de carreira, parou de jogar em 1988 e, em 1989, Bebeto de Freitas (treinador da seleção masculina) o convidou para ser seu assistente no Mundial de 1990. No fim de 1991, assumiu o cargo de treinador principal.

“Nunca imaginei que pudesse ser técnico de uma seleção nacional.”

Era o começo de uma belíssima história Olímpica, desta vez à beira da quadra.

Barcelona 1992: o primeiro ouro do Brasil nos esportes coletivos

Aos 38 anos de idade, esteve à frente da equipe masculina de vôlei que conquistou para o Brasil o primeiro ouro em esportes coletivos na história dos Jogos Olímpicos. O título em Barcelona 1992 marcou uma era e inspira gerações até hoje.

“Eu não queria decepcionar o meu país”, recordou Zé Roberto no podcast dos Jogos Olímpicos.

Após Atlanta 1996, em que a seleção parou nas quartas de final, trabalhou no futebol e apenas regressou ao vôlei em no final dos anos 1990, para comandar o Osasco, time feminino da Superliga. No elenco, atletas que foram a base de uma geração que anos mais tarde daria ao país mais duas medalhas Olímpicas de ouro para o país, como Mari e Paula Pequeno.

Em 2003, assumiu a o cargo de treinador da seleção feminina.

Mais de 20 anos com a seleção feminina e três medalhas Olímpicas

Depois de deixar escapar a final Olímpica ao perder para a Rússia por 3 sets a 2, de virada na semifinal Atenas 2004, em jogo em que o Brasil teve seis oportunidades de fechar na quarta parcial, em Beijing 2008 foi totalmente o contrário. Realizou uma campanha dourada para ninguém colocar defeito. Foram oito jogos, oito vitórias e apenas um set perdido - na final quando a seleção fez 3 a 1 sobre os Estados Unidos - para dar inédito título Olímpico feminino para o vôlei do Brasil.

“Quebramos um grande tabu, que era o de não ganhar uma grande competição”, acrescentou Zé Roberto.

Quatro anos depois, em Londres 2012, a seleção feminina avançou de fase com desconfiança, em quarto lugar do grupo (passavam quatro entre seis equipes). No entanto, a partir das quartas de final, o time cresceu e encarou a Rússia logo de cara.

Quis o destino que desta vez as russas tivessem seis match-points a favor, mas sem definir o jogo, que as brasileiras reagiram e venceram por 3 a 2. Vitória sobre o Japão por 3 a 0 na semi, mais outro 3 a 1 sobre as americanas na finalíssima deram o segundo ouro Olímpico consecutivo para o Brasil

“Passamos por tantas dificuldades que não tem como responder qual foi o [ouro] mais importante. O segundo [ouro] foi mais difícil. O primeiro [ouro] havia um estigma e o segundo [ouro] poderíamos ter ficado fora logo na fase de grupos”, analisou Zé Roberto durante o podcast.

Duas edições depois, em Tóquio 2020, trabalho de renovação do elenco levou o time a mais uma final Olímpica, a terceira, e pela terceira vez contra os Estados Unidos. Na capital japonesa as americanas não deram chances e ficaram com o ouro, e o Brasil com uma bastante comemorada medalha de prata.

“Poder dar orgulho à minha família, representar o país e minha bandeira me motivam. Eu sonhava com isso quando eu era criança. Isso ainda em mim mexe, ainda em mim pulsa”, refletiu Zé Roberto.

Motivações que o treinador levará para Paris 2024, em busca da quinta medalha em Jogos Olímpicos à beira da quadra. Quem sabe, a quarta de ouro.