José Roberto Guimarães: as grandes conquistas Olímpicas da lenda do vôlei
José Roberto Guimarães. É bem difícil não associá-lo à história Olímpica do Brasil, do esporte e do vôlei do país. Quer seja como atleta ou como treinador, testemunhou o desenvolvimento da modalidade no país, sendo parte bastante importante nesse processo.
Teve um início dentro de quadra como todo jogador: incansável, em busca do seu espaço. Do contato com veteranos, como Antônio Carlos Moreno, fazia uma ideia eram os Jogos Olímpicos.
“Aqui para mim era inatingível, um mundo impossível. Como a gente faz para chegar lá [nos Jogos]? Minha cabeça só viajava e sonhava”, relembrou José Roberto Guimarães para o podcast dos Jogos Olímpicos.
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Anos de trabalho premiaram-no com a seleção brasileira. Convocado, viajou para o Canadá e competiu em Montreal 76.
Em transição de carreira, parou de jogar em 1988 e, em 1989, Bebeto de Freitas (treinador da seleção masculina) o convidou para ser seu assistente no Mundial de 1990. No fim de 1991, assumiu o cargo de treinador principal.
“Nunca imaginei que pudesse ser técnico de uma seleção nacional.”
Era o começo de uma belíssima história Olímpica, desta vez à beira da quadra.
Barcelona 1992: o primeiro ouro do Brasil nos esportes coletivos
Aos 38 anos de idade, esteve à frente da equipe masculina de vôlei que conquistou para o Brasil o primeiro ouro em esportes coletivos na história dos Jogos Olímpicos. O título em Barcelona 1992 marcou uma era e inspira gerações até hoje.
“Eu não queria decepcionar o meu país”, recordou Zé Roberto no podcast dos Jogos Olímpicos.
Após Atlanta 1996, em que a seleção parou nas quartas de final, trabalhou no futebol e apenas regressou ao vôlei em no final dos anos 1990, para comandar o Osasco, time feminino da Superliga. No elenco, atletas que foram a base de uma geração que anos mais tarde daria ao país mais duas medalhas Olímpicas de ouro para o país, como Mari e Paula Pequeno.
Em 2003, assumiu a o cargo de treinador da seleção feminina.
Mais de 20 anos com a seleção feminina e três medalhas Olímpicas
Depois de deixar escapar a final Olímpica ao perder para a Rússia por 3 sets a 2, de virada na semifinal Atenas 2004, em jogo em que o Brasil teve seis oportunidades de fechar na quarta parcial, em Beijing 2008 foi totalmente o contrário. Realizou uma campanha dourada para ninguém colocar defeito. Foram oito jogos, oito vitórias e apenas um set perdido - na final quando a seleção fez 3 a 1 sobre os Estados Unidos - para dar inédito título Olímpico feminino para o vôlei do Brasil.
“Quebramos um grande tabu, que era o de não ganhar uma grande competição”, acrescentou Zé Roberto.
Quatro anos depois, em Londres 2012, a seleção feminina avançou de fase com desconfiança, em quarto lugar do grupo (passavam quatro entre seis equipes). No entanto, a partir das quartas de final, o time cresceu e encarou a Rússia logo de cara.
Quis o destino que desta vez as russas tivessem seis match-points a favor, mas sem definir o jogo, que as brasileiras reagiram e venceram por 3 a 2. Vitória sobre o Japão por 3 a 0 na semi, mais outro 3 a 1 sobre as americanas na finalíssima deram o segundo ouro Olímpico consecutivo para o Brasil
“Passamos por tantas dificuldades que não tem como responder qual foi o [ouro] mais importante. O segundo [ouro] foi mais difícil. O primeiro [ouro] havia um estigma e o segundo [ouro] poderíamos ter ficado fora logo na fase de grupos”, analisou Zé Roberto durante o podcast.
Duas edições depois, em Tóquio 2020, trabalho de renovação do elenco levou o time a mais uma final Olímpica, a terceira, e pela terceira vez contra os Estados Unidos. Na capital japonesa as americanas não deram chances e ficaram com o ouro, e o Brasil com uma bastante comemorada medalha de prata.
“Poder dar orgulho à minha família, representar o país e minha bandeira me motivam. Eu sonhava com isso quando eu era criança. Isso ainda em mim mexe, ainda em mim pulsa”, refletiu Zé Roberto.
Motivações que o treinador levará para Paris 2024, em busca da quinta medalha em Jogos Olímpicos à beira da quadra. Quem sabe, a quarta de ouro.