Zé Roberto nos Jogos Olímpicos pela nona vez: 'Uma vida sem pressão é sem significado'
A seleção brasileira feminina de vôlei segue em forte ritmo de preparação para os Jogos Olímpicos Paris 2024. Já instalada em Saint-Ouen-sur-Seine, nos arredores de Paris, a equipe faz os últimos ajustes antes da estreia contra o Quênia, dia 29 de julho (segunda-feira). O Olympics.com esteve lá e conversou com o treinador, José Roberto Guimarães, que fez uma análise de como tem sido o trabalho do elenco em busca do tricampeonato Olímpico.
O time usou a VNL (Liga das Nações) realizada entre os últimos meses de maio e junho como preparação para os Jogos. Foram 13 partidas invictas e duas derrotas. A primeira tirou o Brasil da decisão do torneio, já a segunda foi na disputa de terceiro e quarto. Reveses diante de Japão e Polônia, respectivamente, curiosamente adversários do time na fase de grupos em Paris.
Nós tivemos essa participação na VNL, que foi o nosso primeiro campeonato durante o ano, que nós usamos como preparação para os Jogos Olímpicos. Eu acho que a nossa participação foi bastante efetiva. Foram treze vitórias consecutivas. Depois nós tivemos duas derrotas, para o Japão na semifinal, depois por disputa de terceiro e quarto [para a Polônia]. No entanto eu acho que algumas coisas positivas aconteceram lá.
José Roberto Guimarães ao explicar a Liga das Nações de Vôlei como torneio de preparação para os Jogos.
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O título não veio, mas dentre os pontos positivos durante os 15 confrontos da seleção no torneio, o treinador destaca:
De todas as equipes que participaram da VNL na fase final [disputada na Tailândia], fomos o único time que ficou na Ásia a não ser o Japão, que é da Ásia e foi para casa, visitou a família e tudo mais. No Brasil, em função da distância, nós continuamos treinando, continuamos por lá e isso é muito importante para elas.
Japão: um duro rival
O algoz do Brasil na VNL 2024 foi o Japão, seleção que será o segundo adversário do país na fase de grupos, em 1 de agosto (sexta-feira). Um duelo que acontece ininterruptamente em palcos Olímpicos desde Atenas 2004 e que já se repetiu por 37 vezes nos últimos 18 anos, com 32 vitórias do Brasil.
A gente vinha de quatro vitórias consecutivas contra o Japão, depois na VNL a gente teve essa derrota. Mas sempre foram jogos 3 a 2. Então a gente sabe que jogos com o Japão vão ser dessa maneira, equilibrados, decididos nos últimos pontos. E o que a gente precisa é ter uma atenção muito grande, porque muda a velocidade completamente em comparação com os outros times. A dinâmica do jogo contra o Japão é muito diferente. A gente precisa atacar três, quatro vezes para derrubar uma bola. Elas se posicionam bem, elas têm o sistema defensivo forte e se tratando de defesa, não é tanto bloqueio, mas é um bloqueio arrumado. Não é alto, é um bloqueio baixo, mas que tem uma boa técnica de mãos, de equilíbrio e isso dificulta um pouco. Já a defesa delas é muito ágil, muito rápida e tecnicamente é a melhor do mundo. Isso tem sido a tônica do jogo. A gente espera outro jogo difícil, a gente sempre espera o 3 a 2.
José Roberto Guimarães em uma análise sobre o rival Japão.
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Aspectos do jogo do Brasil que merecem atenção
Zé Roberto destaca que a preparação em Saint-Ouen-sur-Seine tem procurado aprimorar e melhorar os movimentos do elenco brasileiro, sobretudo no lado tático, transição de jogo, tempo da bola, relação bloqueio e defesa.
A gente precisa ajustar isso um pouco melhor para contra atacar melhor. A gente está vendo que o grupo tem evoluído, tem melhorado ainda faltando uma semana. Essa é a pegada para a participação dos Jogos Olímpicos, que vai requerer muito, vai exigir bastante do nosso time durante todo esse processo que nós vamos estar aqui.
Outro ponto que Zé Roberto chama a atenção é o aspecto mental. Manter a cabeça em situações decisivas no set. Algo que tem se tornado decisivo, ainda mais em partidas bastante disputadas, como são as contra o Japão.
Isso é que a gente tem trabalhado muito, com a parte mental, dos momentos de crise, dos momentos difíceis que a gente vai atravessar, para decidir a bola da melhor maneira possível. Os nossos treinamentos estão visando muito isso, para que a gente não cometa erros nesses momentos. É o que nós temos que buscar, esse salto, essa chavinha que nós temos que virar para conseguir melhores resultados.
José Roberto Guimarães ao mencionar a importância do aspecto mental durante o jogo.
José Roberto Guimarães: veterano em Jogos Olímpicos
Prestes a completar 70 anos de idade (31 de julho), a trajetória Olímpica de Zé Roberto começou como atleta, quando disputou Montreal 1976, há quase 50 anos. Desde então, esteve em oito edições de Jogos. Ao ser perguntado se ainda sente frio na barriga, ele não esconde:
Claro, acho que uma Olimpíada é diferente da outra. Toda atmosfera mexe muito com a gente.
A busca incessante pela vitória, a possibilidade do tri Olímpico e colocar a bandeira do país no topo do pódio - uma vez mais - são combustíveis para o treinador.
Acostumado à pressão, ele assim termina em uma metáfora do vôlei com a vida:
Aprender a lidar com ela [a pressão] é um privilégio. Eu acho que uma vida sem pressão é uma vida sem significado. Mas lógico, tem que trabalhar bem com essa pressão, saber sair dos momentos difíceis com raciocínio, para fazer diferença em momentos decisivos que vão nos levar à vitória.
Jogos do Brasil no torneio feminino de vôlei em Paris 2024
As 12 equipes foram divididas em três grupos de quatro seleções, que jogam entre si em turno único. Os dois primeiros colocados de cada, mais os dois melhores terceiros avançam às quartas de final.
Confira a programação do Brasil no vôlei feminino em Paris 2024, pelo horário de Brasília:
29 de julho, segunda-feira
- 8:00 – Brasil x Quênia
1 de agosto, quinta-feira
- 8:00 – Brasil x Japão
4 de agosto, domingo
- 16:00 – Brasil x Polônia
No Brasil, acompanhe as partidas através do Olympics.com (com restrições), Globo e Cazé TV.