Pé direito de Nicole Silveira e santinho dentro no bobsled: as superstições dos brasileiros em Beijing 2022

A rotina de Nicole Silveira, a fé de Edson Bindilatti, a mentalização de Jefferson Sabino ou o momento zen de Manex Silva. Descobrimos como os brasileiros se concentram para os Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022. 

3 minPor Gonçalo Moreira
Positive thoughts and touching the sled with the right hand. Nicole Silveira's rituals in Beijing 2022
(Alexandre Castello Branco/COB)

A campanha dos brasileiros nos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022 entrou em pausa no dia 9 de fevereiro, mas rapidamente a ação será retomada no skeleton, no bobsled e no esqui cross-country.

Nicole Silveira tem registrado tempos de top 10 nas últimas três descidas de treinamento do skeleton que fez na pista do Centro Nacional de Esportes de Pista, em Yanqing.

Quase nada no esporte provém da sorte, mas um bom ritual ajuda o atleta na mentalização e reforça a confiança. A gaúcha explica como encara cada competição: “Quando vou me arrumar (…) eu penso que tem que começar com o pé direito primeiro, pegar o trenó com a mão direita e não com a esquerda. Gosto de tirar uns minutos, focar na respiração e aí visualizo a pista uma ou duas vezes. Depois, faço algumas afirmações positivas e, por último, eu gosto de olhar pra rua, principalmente aqui, que tem as montanhas, o céu geralmente está azul, e sentir um sentimento de gratidão por poder estar nos Jogos Olímpicos, que eu posso aproveitar e me divertir”.

No bobsled o contexto é diferente do skeleton, desde logo porque os atletas formam um time e podem se apoiar mutuamente. A receita para o êxito passa por conhecer de olhos fechados a pista de Yanqing, onde se podem atingir velocidades de 130km/h, em um esporte de alto risco.

Por isso o piloto Edson Bindilatti encontra conforto em sua fé: “Antes das descidas, depois que coloco o uniforme, a sapatilha e o capacete, faço uma oração, peço proteção para mim e para os meus companheiros, para que dê tudo certo. E também tenho um santinho que está sempre embaixo da minha palmilha no tênis e desce sempre comigo”.

Bindilatti leva Nossa Senhora Aparecida e seu companheiro no 2-man, Edson Martins, também é um homem de fé. “Eu sempre gosto de fazer uma oração e pedir para que tudo corra bem com nosso time e com outras equipes”.

Da mentalização ao banheiro, tudo vale

A crença do atleta é importante, mas outros preferem fazer um exercício diferente antes de cada evento. É o caso de Jefferson Sabino, membro da equipe de bobsled. “O meu ritual antes da competição é mentalizar o que tenho que fazer e, durante o aquecimento, ouvir música. Gosto de ouvir músicas animadas, com batidas bem fortes na hora do aquecimento. Também acho importante fazer visualizações das corridas, da técnica para empurrar o trenó da melhor forma possível”, diz Jeffão, que aos 38 anos voltou aos Jogos Olímpicos após uma primeira experiência em Beijing 2008 no salto triplo.

De Yanqing para Zhangjiakou. Trocamos de cidade na República Popular da China para entender como os brasileiros se preparam para as provas que acontecem no Centro Nacional de Esqui Cross-country.

Jaqueline Mourão e Eduarda Ribera vão participar nos 10km no dia 10, enquanto Manex Silva compete na jornada seguinte nos 15km. Se Duda apela ao lado espiritual com uma oração antes de competir, a superstição de Manex é mais mundana… ir no banheiro. “Não é nem uma questão que eu precise ou use como rotina. Eu apenas faço e me sinto mais aliviado. Geralmente, vou antes de sair pra competição para chegar na arena bem já.”

A rotina tem funcionado já que Manex Silva terminou o sprint masculino na 71ª colocação e marcou 161.58 pontos FIS, a melhor marca do Brasil no esporte em Jogos Olímpicos de Inverno.

Da mentalização ao banheiro, tudo vale por um bom resultado... e por cumprir o sonho de competir nos Jogos Olímpicos de Inverno.

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