De tratador de cavalos a atleta nos Jogos Pan-Americanos: a trajetória de Renderson Oliveira, do hipismo
Integrante da equipe brasileira do adestramento, Renderson começou como tratador de cavalos. Dedicação e conhecimento renderam convite para montar e, anos depois, para competir com cavalo próprio. Participará do Pan pela primeira vez como competidor, de olho na vaga Olímpica.
Renderson Oliveira é um dos mais recentes integrantes da equipe brasileira de hipismo adestramento. Apesar da idade (31 anos), passou a ser parte apenas neste ano 2023. Fez bons resultados, obteve índice Olímpico e está pronto para sua primeira participação nos Jogos Pan-Americanos em Santiago.
Diferente de vários colegas da modalidade, Renderson tem origem humilde. Natural de Ituiutaba, mudou-se aos 16 anos para Araçoiaba da Serra, perto da capital paulista, junto com a família. O pai, Anderson, arranjou para o jovem emprego em um haras, responsável por cuidar dos cavalos e limpar a cocheira.
Um emprego determinante para que Renderson pudesse estar em Santiago, em busca da sonhada participação Olímpica.
Rumo a Paris 2024 | O sistema Olímpico de classificação do hipismo adestramento
Renderson: 'Uma vez que se tem o cavalo, tudo é possível'
A dedicação ao trabalho redeu-lhe um convite à montaria, quatro anos depois. Tornou-se adestrador e teve contato com a elite do esporte. Sem cavalo próprio, fez seu primeiro torneio de alto nível em 2012.
Os anos lhe deram experiência e prepararam-no para uma oportunidade que surgiu em 2021, em Portugal, meses após os Jogos Tóquio 2020. Passava alguns meses na Europa, como tratador dos cavalos de João Victor Oliva (cavaleiro brasileiro da equipe de adestramento), quando recebeu outro convite. "O Rodrigo Torres [cavaleiro português] voltou de Tóquio, disse para eu montar o Fogoso, dar um trote. Teve um dia que eu experimentei e pensei 'esse é o meu cavalo, é para mim'", recordou Renderson ao Olympics.com.
Como em um jogo de quebra-cabeças, quando as peças vão se encaixando facilmente, recebe um telefonema decisivo meses depois: "O Tiago [Mantovani, dono do haras onde estava o cavalo Fogoso] tinha uns planos, me ligou e perguntou: 'você acha que consegue montar o Fogoso?'", relembrou.
Era o que Renderson precisava ouvir. "Uma vez que se tem o cavalo, tudo é possível", pontuou. "Só depende de mim. Fica tudo mais fácil, porque quando você não tem o cavalo, você depende de mais um fator. Quando depende só de você, é questão de desempenho, trabalho, de nunca desistir."
Renderson Oliveira no Pan 2023: 'Nunca estive tão preparado'
Renderson não desistiu. Junto com Fogoso Campline, assegurou os resultados que lhe levaram à convocação ao time brasileiro de adestramento. Em setembro, Renderson obteve o índice Olímpico em Grand Prix na Alemanha, confirmando o seu lugar na equipe para o Pan de 2023. Um ambiente não desconhecido para ele, que já esteve em duas edições como tratador.
"É aquele clima de competição bacana. A vontade de ele estar lá logo é muito grande, porque vai ser a minha vez. Por mais que eu estava lá, agora é o meu momento de ter a minha vez. Agora vou entrar dentro da pista, então não vejo a hora", disse Renderson.
Em Santiago ele vai procurar ajudar a equipe brasileira obter a vaga em Paris 2024 e realizar o sonho de uma participação Olímpica. "Desde o primeiro dia, já era o plano [estar nos Jogos Olímpicos]", recorda-se. "Nunca estive tão preparado. Eu quero fazer o melhor, é o momento de fazer o melhor, para ajudar toda a equipe a conseguir o resultado."