Podcast - Tiago Splitter: passado, presente e futuro da seleção brasileira de basquete e da NBA

Primeiro brasileiro campeão da NBA, além das muitas temporadas na seleção, ele relembra grandes momentos que marcaram sua trajetória como atleta. Agora ele utiliza esse conhecimento e experiência com as funções na beira da quadra. Confira o 14º episódio.

7 minPor Sheila Vieira e Virgilio Franceschi Neto
Tiago Splitter durante os Jogos Olímpicos Londres 2012.
(Getty Images)

Em junho de 2014, Tiago Splitter tornava-se o primeiro brasileiro a conquistar o sonhado anel de campeão da principal liga de basquete do mundo, a NBA, pelo San Antonio Spurs. Tinha 29 anos. Desde os 12, lá em Blumenau, já percebia que as quadras eram o seu futuro. Aos 15, partiu sozinho para a Espanha, encarar uma carreira profissional.

Venceu na Espanha, nos Estados Unidos, e com a seleção brasileira. Vitorioso nas quadras e estudioso do basquete, há algumas temporadas ele usa sua experiência e conhecimento agora do lado de fora. Atualmente, é o treinador assistente do Houston Rockets (NBA), com uma passagem também à frente da equipe masculina sub-23 do Brasil.

Desde o Texas, Splitter falou para mais uma edição do podcast do Olympics.com. Ele relembrou momentos e pessoas marcantes em sua carreira, refletiu sobre a função que tem à beira da quadra, e como viu o desempenho do Brasil na recente Copa do Mundo masculina, realizada na Ásia.

Confira aqui o 14º episódio, mas antes o Olympics destaca, abaixo, algumas frases dos pouco mais de 50 minutos de conversa.

Eu acho que o Mundial trouxe muitas coisas positivas, né? A gente sabe que não era o resultado que o gente queria. A gente chegou muito perto de conseguir a classificação para Paris. E a gente tem que entender que quando a gente pensa no basquete macro, você pensa em gerações, você pensa em onde está o basquete brasileiro. A gente tem que saber que a gente revelou bons jogadores para essa nova geração. E quem são esses jogadores? Bom, eu acho que a gente tem um trio ali, é bem claro, de Yago, Caboclo, tem um pouquinho o Lucas Dias, talvez o Gui Santos. Talvez não seja muito claro quem são esses jogadores, mas a gente os colocou para jogar, para ganhar experiência.

Em uma avaliação da seleção brasileira masculina no recente Mundial.

Então, quando você ganha essa experiência internacional, você fala 'esse é o meu patamar, é aqui que eu estou, deixa eu treinar para chegar mais. É assim que as seleções europeias jogam, é assim que os Estados Unidos jogam, é assim que o Canadá joga'? Então você começa a ter um parâmetro para você se preparar e melhorar.

Em reflexão sobre atuar em partidas internacionais.

Eu acho o Gustavinho o melhor técnico do Brasil por diversos motivos. Acho que ele entende muito, é um cara que estuda muito basquete, ele tem uma postura muito forte, um caráter muito forte e que é necessário para você comandar uma seleção desse nível. O Gustavo é um cara que merece. Talvez até ir para a Europa, um time de ponta na Europa e ter uma oportunidade boa. E o que ele fez no jogo Canadá? Ele tentou fazer um jogo totalmente anti velocidade, parava muito o jogo, usava a posse até o final. Às vezes ficava muito claro na TV isso, coisa que todo mundo viu que a gente estava segurando a bola, ter menos posse de bola para não deixar o jogo confortável para o Canadá.

Sobre Gustavo de Conti, treinador da seleção brasileira masculina.

Sim, tem muito mais emoção. Cada jogo vale muito mais. Eu não vou deixar de me jogar na bola porque eu quero deixar o meu amigo, o cara que está comigo há 15 anos na seleção, orgulhoso de jogar comigo. Eu não vou deixar ele na mão. Então são coisas desse tipo que fazem com que cada jogo seja mais importante, que cada posse bola mais importante, a pressão é maior também, você está defendendo um país, você está jogando um Mundial, você está jogando uma Olimpíada ou a chance de estar no Mundial, a chance de estar em uma Olimpíada. A pressão é muito grande nesse sentido.

Quando comparou atuar pela seleção brasileira e por clubes ou franquias.

Ele é um dos técnicos que sabem diferenciar a quadra da vida muito bem. Ele começa o treino, estou dentro da quadra, ele vai me cobrar, ele vai me dar esporro 'Tiago corre mais rápido, Tiago faz isso, não erra isso, presta atenção'. Então ele vai exigir muito, de qualquer erro. Termina o treino e você está tomando café, ou no avião, no ônibus, ele vai sentar do teu lado e vai perguntar da tua vida como está a tua família, como estão os seus pais. Então ele é um cara muito humano nesse sentido. E era uma coisa que eu nunca tiveantes. Ou o cara era muito bonzinho fora e dentro da quadra ou o cara era muito durão na quadra e não conseguia ser gente boa fora da quadra. Eu nunca tive isso e ele sabe diferenciar isso muito bem. É difícil um líder tem isso. Você conseguir diferenciar isso e ele faz isso muito bem.

Sobre Gregg 'Pop' Popovich, seu treinador no San Antonio Spurs, com quem foi campeão da NBA na temporada 2013-2014.

Eu vou falar de um jogador, mas assim que...não sei se é subestimado, mas eu acho que ele ainda poderia ser mais, que é o próprio Jokić, que acaba de ser campeão. Eu acho que o que ele tem e o que ele faz dentro da quadra é impressionante. E ele não...por muito que 'ah foi campeão, MVP', não se fala tanto dele como se deveria. A inteligência dele, o nível de entendimento do jogo é realmente de outra galáxia. Para ele conseguir jogar da forma que ele joga com o físico que ele tem, ele tem que ser muito bom em outras coisas e é isso que ele é.

Ao opinar em relação ao pivô sérvio Nikola Jokić, campeão da temporada 2022-2023 da NBA pelo Denver Nuggets.

Olha, eu acho que dos caras o que me ajudou mais foi Manu, o Ginóbili. Quando eu cheguei no Spurs, ele me abriu as portas da casa dele. A gente tinha amigos em comum, mas ele que me ensinou os atalhos para ganhar minutos, para jogar bem, o que eu tinha que fazer, como que eu tinha que atuar e o que o Pop gostava que ele não gostava. Então ele me ajudou um pouco nisso e fora da quadra também, desde encontrar casa, enfim, tudo. Então o Manu, ele me ajudou muito nessa parte.

Quando relembra o amigo e companheiro nos Spurs, Manu Ginóbili, campeão Olímpico em Atenas 2004.

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