Podcast: Darlan Romani, o homem de família em busca de mais feitos incríveis

Campeão mundial indoor no arremesso do peso e quarto colocado nos Jogos Tóquio 2020, ele é o convidado do 11º episódio do podcast em português do Olympics.com. Ele conta como usa a força de sua família para chegar ao topo e encantar o público.

6 minPor Virgílio Franceschi Neto
Darlan Romani, durante o Mundial de Pista Coberta, em 2022, em Belgrado.
(Getty Images)

Campeão mundial indoor do arremesso do peso e quarto colocado em Tóquio 2020, Darlan Romani (BRA) se prepara para o próximo compromisso, que é o Campeonato Mundial de Atletismo, em Budapeste (Hungria), entre 19 e 27 de agosto.

Relembre | O título Mundial Indoor de Darlan Romani

Tendo já obtido o índice Olímpico da prova, ele se encaminha para a que poderá ser a sua terceira participação em Jogos, em Paris 2024.

Discreto e de jeito simples, aos 32 anos este catarinense de Concórdia possui uma carreira repleta de títulos e recordes, nacionais e internacionais.

Às vésperas do dia dos pais, marcantes mesmo para Darlan - hoje pai da Alice e da recém-nascida Helena - são os bons exemplos e a forte referência que tem de seu pai, Moacir, falecido em 2012. Ao ser perguntado sobre as principais lembranças em sua trajetória, sequer menciona pódios, medalhas e troféus.

Darlan é o convidado do 11º episódio do podcast do Olympics.com, que destaca abaixo alguns trechos dos pouco mais de 40 minutos da conversa.

Spotify | Confira a 11ª edição do podcast do Olympics.com com Darlan Romani

Eles [os pais] não queriam que eu fosse [levar o arremesso do peso mais a sério]. Então eu nunca vou esquecer dessa conversa, eu falei 'Pai, eu sempre vi o senhor falar que o senhor era para ter sido um grande jogador de futebol. E o nonno, nosso avô, não deixou porque você tinha que ficar trabalhando e tal. Eu sempre vejo você falar essa história e eu não quero um dia falar isso para os meus amigos, sentar numa mesa e conversar e dizer que meu pai não deixou eu tentar.' E aí eu acho que foi onde eu ganhei ele. Ele falou: 'você quer ir, vai.' Aí é aquela conversa de pai para filho: 'você sabe que a vida não é fácil, aqui você tem tudo, você está estudando, isso eu não vou abrir mão, eu quero que você estude, eu quero que você se forme.' Aquela conversa de pai para filho, sabe? 'A vida lá fora é dura, ela vai bater, você vai ter que ser forte, você vai ter que ser valente para buscar sua vida.'

Ao se lembrar de quando teve que decidir ficar no esporte.

Quando eu machuquei os dois joelhos, eu tratava e não melhorava. Só sentia mais dor e mais dor. E eu falei, 'eu vou embora'. Liguei para o pai e falei 'Pai, não dá mais. Infelizmente vou voltar para casa.' Ele falou 'Por que você troca de médico? Já que você está aí, luta mais um pouco. Então eu falei: 'Quer saber de uma coisa? Vamos em frente.'

Em mais uma - decisiva - conversa com o pai.

Sempre foi o meu pai. Eu achava ele um cara muito fera. Sempre achei. Ele partiu muito cedo. Eu queria ter aprendido mais com ele. Outra pessoa por quem tenho muita admiração, é meu treinador, por esse jeito dele ser paciente. Ele está presente o tempo todo, em tudo.

Em resposta a quem são suas referências.

Hoje a nossa relação [de Darlan com seu treinador Justo Navarro] já é mais de pai para filho. Às vezes, só de olhar ele sabe que você não está bem. O cara faz um raio-x seu diário. Ele é um cara que, se está chovendo, ele está lá, pode estar caindo pedra, ele está lá. Se ele marcou o treino para as oito, às oito horas ele está lá, ele está contando repetição, ele está contando o volume. Tudo dele é anotado. Tudo dele é escrito. Às vezes até o que a gente conversa, ele anota, ele escreve. É o sistema dele de trabalhar e eu admiro muito. Se ele estiver doente, se ele estiver com dor, ele não falha no treinamento.

Quando perguntado sobre seu treinador, Justo Navarro.

Eu tive que fazer cirurgia na coluna, justamente por treinar em casa eu acabei machucando. Meu irmão um mês e pouquinho antes da Olimpíada pegou Covid e eu peguei Covid dele. Eu entrei na UTI para ver o meu irmão. Quando eu retorno para voltar pra casa, e continuar para Tóquio, minha mãe pegou Covid e foi para a UTI. Foi bem conturbado. O ano de 2021 é histórico pra mim, apesar da Olimpíada, de ter sido finalista com todos esses problemas na família, foi bem complicado.

Em relação ao treinamento durante a pandemia e os meses antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Um momento histórico, um cara da América do Sul, ser campeão Mundial e ganhar do [Ryan] Crouser, campeão Olímpico, recordista, tenho grande admiração por ele, um coração enorme. Ganhar naquele dia, eu não sei nem explicar pra falar a verdade, porque eu batalhei tanto e me dediquei tanto pra chegar naquele dia e conseguir acertar a prova. Fiz 22,53m, o mesmo que me deu o quarto lugar em 2019, em 2022 me fez ser campeão mundial. 

Sobre o título mundial indoor, em março de 2022.

Em Belgrado, no Mundial Indoor, ele faz o último arremesso e não ganha de mim. Ele sai do setor e vem dar os parabéns. Eu me lembro de uma entrevista em que ele falou 'O Darlan mereceu porque nesse ano ele bateu na trave várias vezes e aqui ele acertou e foi campeão. Parabéns, foi merecido', o cara é sensacional, de verdade, o cara é muito nobre.

Darlan ao falar de Ryan Crouser (USA), bicampeão Olímpico.

Eu acho que o pessoal gostou porque eu sou esse mesmo cara que está conversando com vocês. Se você vir, sentar na minha mesa pra conversar e comer junto, eu vou ser essa mesma pessoa. Não sou uma pessoa forçada. Acho que o pessoal viu que a gente pode ser a diferença, fazer a diferença na vida das pessoas. Acho que o pessoal gostou muito dessa minha simplicidade.

Ao relembrar o porquê de haver cativado o público brasileiro após os Jogos Tóquio 2020.

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