Podcast: Carol Gattaz luta contra burnout, lesões e o 'etarismo' no esporte feminino
Grande nome do vôlei brasileiro, ela conquistou a medalha de prata em Tóquio 2020. Enquanto se recupera da lesão que a tirou da Liga das Nações, Gattaz conversou com o Olympics.com sobre suas batalhas físicas e mentais diárias e sobre sua intenção de estar em Paris 2024.
Enquanto a seleção brasileira feminina de vôlei disputa a Liga das Nações, a central Carol Gattaz se recupera de uma lesão no joelho, tentando se recuperar a tempo de Paris 2024. Uma corrida contra o tempo, que tem suas implicações físicas e mentais.
Em entrevista ao oitavo episódio do podcast do Olympics.com, Gattaz revelou que não consegue ver muitos jogos da seleção porque 'dói' não estar lá, revelou sua luta contra um burnout logo antes do Mundial de 2022 e deixou clara sua intenção de recuperar seu espaço na seleção para os próximos Jogos Olímpicos.
Leia abaixo os melhores trechos da entrevista com a estrela do vôlei brasileiro.
"Então os cortes, obviamente que direcionaram a minha carreira até as Olimpíadas de Tóquio. Talvez esses cortes, se não tivesse tudo isso acontecido, eu não teria chegado até 2020 com a mesma vontade de jogar e de disputar uma Olimpíada como eu cheguei."
sobre não ter participado de Beijing 2008, Londres 2012 e Rio 2016
"Eu queria quebrar barreiras, principalmente na idade. Esse negócio de etarismo eu acho que as pessoas começam a falar, a gente sabe obviamente que depois dos 40 o corpo começa a cansar e tudo mais, mas existe um preconceito grande com pessoas que tem mais idade. Eu gostaria de tentar uma medalha [em Paris 2024] para quebrar esse tipo de barreiras. Às vezes as pessoas acham que eu estou velha. Não, não está velha, nunca para nada. Isso, isso cabe a nós."
sobre sua motivação para continuar em atividade e inspirar outras jogadoras.
"E aí um dia eu comecei a chegar ao treino e ficar irritada e começar a chorar do nada, e eu não sou de chorar. Eu chegava lá [no clube], começava a chorar, não queria ficar lá, queria ir embora. Eu chegava na academia, não conseguia fazer academia. E aí eu fui na médica. O médica falou 'Olha Carol, por tudo o que está me relatando, pelo que você, pelo que eu te conheço', porque é uma médica que me conhece há nove anos, 'mas você está com burnout. Você tem que parar, não tem como, tem que parar'."
sobre quando foi diagnosticada com burnout, em 2022.
"Com certeza vai ficar mais difícil, até porque não só Thaísa, mas tem outras grandes jogadoras ali disputando posição. Então que eu tenho a conta aqui são cinco ou seis jogadoras que podem estar ali entre as três que vão para as Olimpíadas. Então assim é uma coisa que não muda o que eu posso dar. O Zé sabe o que eu posso dar pra seleção, para quando eu estou bem. Acho que as meninas, o grupo também sabe o que eu posso dar ali. Então eu falo assim, se eu estiver bem e se eu puder estar ajudando a seleção de alguma maneira, eu vou brigar muito para ir."
em relação a uma possível disputa de posição com Thaísa, que voltou recentemente para a seleção feminina.
"Muita gente não acreditava nem que nós fôssemos passar das quartas de final. Nosso time não era um time que o voleibol mundial acreditava, que os torcedores acreditavam. A gente treinava muito, mas a gente era muito cúmplice uma da outra. A gente sabia que todas queriam muito, todas queriam estar ali, todas queriam ganhar. Cada fase que a gente ia pulando, era uma vitória até contra nós mesmas e contra todo mundo, porque ninguém acreditava. Então muitas pessoas falavam assim 'Ah, pra que que eu vou estar lá? Se cair nas quartas de final?' As pessoas não queriam passar vergonha, entendeu? Então agora todo mundo quer fazer parte da seleção, porque o time está bem, o time está em alta, o time está em evidência."
quando perguntada se a prata em Tóquio 2020 deu novo significado à seleção brasileira feminina.
Confira abaixo toda a conversa de Carol Gattaz com o Olympics.com no oitavo episódio do podcast em português.
Podcasts do Olympics.com
Confira os sete primeiros episódios do podcast em português do Olympics.com no Spotify:
- Episódio 1 | José Roberto Guimarães fala sobre a expectativa para o Pré-Olímpico de vôlei
- Episódio 2 | Debinha analisa atual momento da seleção brasileira feminina de futebol
- Episódio 3 | Augusto Akio explica como chocou o mundo do skate com vice mundial
- Episódio 4 | Ketleyn Quadros e os segredos da longevidade no judô
- Episódio 5 | Carol Solberg, um sonho Olímpico em família
- Episódio 6 | Tatiana Weston-Webb, a embaixadora do surfe feminino brasileiro em busca da medalha Olímpica
- Episódio 7 | Bruno Fratus, as braçadas de um brasileiro pela glória em Paris 2024
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