Podcast: Bruno Fratus, as braçadas de um brasileiro pela glória em Paris 2024
Medalhista em Tóquio 2020, nadador é o convidado do sétimo episódio do podcast do Olympics.com. Na conversa, compartilhou de onde vêm as suas características mais marcantes dentro e fora d'água, a importância da saúde mental e de ser um dos grandes nomes no esporte em prova que, para ele, é "a mais difícil da natação": os 50m livre. Confira.
"Os caras são grandes...mas 'nóis é ruim'". Quem não se lembra dessa célebre frase de Bruno Fratus? Na ocasião, ela foi dita na zona mista à saída da piscina logo após a conquista do bronze nos 50m livre em Tóquio 2020, medalha Olímpica muito celebrada pelo nadador, convidado do sétimo episódio do podcast em português do Olympics.com.
"Eu comecei a treinar aos 11 anos de idade...e aos 32 foi quando eu conquistei a minha medalha Olímpica. Então foram 21 anos de treino, 21 anos de menores sucessos e inúmeros fracassos para conseguir o que foi até hoje o maior sucesso da minha carreira", relembrou.
Em quase uma hora de entrevista, ele resgatou o início da carreira: "Eu cresci e me desenvolvi como atleta tendo que enfrentar o campeão Olímpico [César Cielo] em toda a competição doméstica." Um adversário que tornou-se sua principal referência: "Para mim, o César é o grande exemplo."
O ambiente fez com que Fratus desenvolvesse uma mentalidade vencedora: "Se eu quisesse ter sucesso no esporte, se eu quisesse vencer não só no esporte da natação, mas no âmbito esportivo de alto rendimento, eu teria que me superar", revelou. "Eu construí meus resultados em torno justamente desse tipo de mentalidade", acrescentou.
Sucesso é superação física e mental
No bate-papo, Fratus refletiu bastante sobre a saúde mental e que a superação (mencionada acima) não é só física: "Gente, essa é a parte fácil. É fácil acordar cedo para tomar banho de piscina embaixo do sol". Mas também uma superação psicológica: "A parte difícil é a parte mental e emocional."
A saúde mental é um aspecto que Bruno trabalha bastante. "Eu costumava levar muita coisa no dente e no braço...aquela coisa de que o atleta tinha que ser capaz de aguentar a pressão e ficar calado", falou. No entanto, a situação mostrou-se outra : "Aí teve o choque de realidade...a vida te dá um tapa na cara", revelou.
Após os Jogos Rio 2016, o nadador passou por um quadro de depressão e ansiedade, que interferiu bastante em sua saúde, sem falar nos "pensamentos intrusivos acontecendo durante o dia", segundo ele mesmo.
A partir de então, procurou apoio do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e, sob orientação de uma psicóloga, começou a trabalhar situações fora do esporte. Foi através de tratar questões pessoais que hoje Bruno consegue identificar e lidar com a ansiedade.
Diante do que passou, o nadador procura ajudar seus companheiros: "Eu me coloco à disposição...eu sei o que fez com que eu saísse dessa situação", revelou. E vai além, essa ajuda tornou-se um propósito: "se eu pudesse ser uma dessas pessoas que fez diferença na vida de alguém, isso vai ser bem legal."
O grande objetivo: Paris 2024
Atualmente, Bruno se recupera de cirurgia realizada no ombro e revela não ter muita pressa para retornar às competições. De olho na próxima edição dos Jogos, a maturidade e as experiências que viveu refletem em suas atitudes e planejamento: "Quero estar totalmente recuperado para os Jogos de Paris, que é o grande palco e o grande objetivo...eu quero estar '100%', não quero estar com nenhum tipo de dor no ano que vem em Paris, eu não quero estar com nenhum tipo de dúvida."
Com calma e maturidade, trata do ombro e do retorno às piscinas com muito cuidado, ou, nas suas próprias palavras: "que nem vó preparando um bolo." Doses de cautela e paciência na medida exata, necessárias para cada um dos pouquíssimos segundos da sua prova, a mais rápida da natação: os 50m livre. Para ele, também a mais difícil: "A prova mais difícil da natação, de fato, é o 50 [metros] livre." E explica o porquê: "É uma prova que é mal interpretada e mal entendida...tem três atletas no mundo que treinam especificamente para essa prova e conseguem ter programas de sucesso nela. A gente ainda não entende ela completamente e precisa de um feeling diferenciado, por isso eu acho ser a prova mais difícil da natação."
Bruno Fratus | Nadador planeja retorno para o fim do ano
Por falar em Jogos Olímpicos, Bruno mencionou no podcast quem para ele tem se destacado na natação do Brasil: "Guilherme Caribé, Guilherme Costa ['Cachorrão'], que já são realidade. E a Beatriz Dizotti eu acho que são meu top três no momento." E não fica só nisso: "A Bia não vou ficar surpreso se ela se tornar medalhista no ano que vem [Paris 2024]."
Entrevista | Os sonhos de Beatriz Dizotti
Sobre colocar a bandeira do Brasil no lugar mais alto
A natação proporcionou muito para Bruno Fratus, como ter conhecido o mundo todo. Algo que fez com que as oportunidades e o potencial do Brasil e dos brasileiros saltassem aos olhos do nadador. Nas redes sociais ou na televisão, suas declarações deixam evidente esse seu pensamento, sem tergiversar dos problemas e desafios do país. "Quando eu falo sobre o assunto, nada mais é do que a visão e o sentimento de um brasileiro", disse no episódio.
Ao mesmo tempo, vê em seu trabalho diário também um propósito para a carreira: "Eu dedico uma vida aí a levar a bandeira e as cores do meu país." E finaliza: "Estou buscando formas de colocar a bandeira do nosso país lá em cima...eu sou brasileiro...eu acredito no nosso potencial, que a gente tem em comum como povo, como país."
Confira abaixo o sétimo episódio do podcast em português do Olympics.com, também disponível nas principais plataformas.
Podcasts do Olympics.com
Confira os seis primeiros episódios do podcast em português do Olympics.com:
- Episódio 1 | José Roberto Guimarães fala sobre a expectativa para o Pré-Olímpico de vôlei
- Episódio 2 | Debinha analisa atual momento da seleção brasileira feminina de futebol
- Episódio 3 | Augusto Akio explica como chocou o mundo do skate com vice mundial
- Episódio 4 | Ketleyn Quadros e os segredos da longevidade no judô
- Episódio 5 | Carol Solberg, um sonho Olímpico em família
- Episódio 6 | Tatiana Weston-Webb, a embaixadora do surfe feminino brasileiro em busca da medalha Olímpica