Podcast: Sheilla Castro de volta à seleção feminina de vôlei como mentora

Com duas medalhas de ouro em Jogos, ela agora tem importante papel agora à beira da quadra, como assistente técnica da seleção feminina. Confira a conversa com a estrela do vôlei brasileiro e internacional no 13º episódio do nosso podcast.

6 minPor Sheila Vieira e Virgilio Franceschi Neto
Sheilla Castro, bicampeã Olímpica em Beijing 2008 e Londres 2012, convidada do 13º episódio do podcast em português do Olympics.com.
(Getty Images)

Difícil não pensar em Sheilla Castro quando se trata de vôlei. Referência nas quadras, colecionou títulos nos clubes onde passou e na também na seleção brasileira feminina. Pelo Brasil, foi bicampeã Olímpica, em Beijing 2008 e Londres 2012, medalhas que eternizaram uma geração que Sheilla fez parte.

Hoje ela é treinadora assistente dessa mesma seleção, ou seja, continua sendo importante peça para a projeção do vôlei do Brasil pelo mundo, no topo do esporte.

Então eu estou aqui também para deixar o caminho de todo mundo mais leve, fazer ponte entre comissão e atletas. Essa ponte, essa comunicação ser mais fluida, ser mais fácil. E também estou experimentando, lógico, esse lado fora quadra também de assistente, disso e daquilo. De poder contribuir com isso também, por todos os anos que eu passei aqui. Está sendo uma experiência muito legal. Estou tentando ajudar no máximo que eu posso, mas assim planos de ser treinadora? Não, mas assim não falo 'nunca' para nada na minha vida, entendeu?

Sheilla sobre sua nova função na seleção feminina.

No seu primeiro desafio à beira das quadras, a conquista do título sul-americano, obtido no fim de agosto, no Recife. Ela é a convidada do 13º episódio do podcast em português do Olympics.com, que você pode conferir nas principais plataformas.

Algumas frases marcantes na conversa foram separadas abaixo, quando falou sobre carreira, uma partida inesquecível e as características da atual seleção.

Eu ainda acho mais fácil estar dentro de quadra. Lógico, eu vou, eu falo assim, vou sentir uma falta de estar dentro de quadra jogando pro resto da minha vida, porque ele sempre foi meu porto seguro, era o lugar que todos os problemas meus ficavam fora e eu pensava só em voleibol, em jogar, em treinar, até treino mesmo, assim eu sempre gostei muito. Mas não é que eu tenho essa vontade de estar dentro de quadra mais. Eu gosto de estar fora, gosto de ajudar fora. Ainda não acho tão fácil. Fácil não, é difícil também a gente jogar. Não é que eu tô falando que é fácil não, mas eu ainda acho que a gente tem mais controle quando está dentro de quadra. Eu preciso ainda de me adaptar com essa situação de estar fora, mas está sendo muito gostoso, uma experiência muito legal.

Quando comparou estar dentro e fora da quadra pela seleção.

É um grupo muito amigo e sim, um grupo que torce muito pela outra, muito unido. É um grupo que quer muito, assim, e foi proposto para elas malhar muito pesado, ficar forte e melhorar a defesa. A gente vê que elas estão correndo atrás, então assim elas, tudo o que é proposto elas seguem, elas correm atrás e uma sempre ajudando a outra, uma dando força para a outra. E isso é muito legal de ver também. 

Quando perguntada sobre os pontos fortes da atual seleção.

Eu cheguei em 2002. A gente pegou essa crescente no vôlei assim que a geração de antes fez esse 'boom' do vôlei. Mas depois daquela derrota para a Rússia [semifinal em Atenas 2004], o que todo mundo falava era que era 'amarelona'. O Brasil amarelando. As mulheres do vôlei eram 'amarelonas', as mulheres não aguentavam a pressão. E a gente sofreu muito com isso. Chegou em 2005 a gente ganhou tudo naquele ano, uma seleção completamente renovada, ganhamos tudo. Aí chega 2006, voltam Fofão e Walewska, a gente perde para a Rússia na final do Mundial, de 3 a 2. Um jogo muito disputado, muito difícil. A gente perde e volta o negócio de 'amarelonas', 'amarelonas'. E era na base da pancada, assim. E naquela época, o segundo lugar era uma droga. Você estava em segundo lugar, você 'amarelou'. A gente se fortaleceu tanto assim na base da pancada mesmo que eu falo que 2008 a gente chegou naquela Olimpíada, eu acho que a gente naquele ano, enfim, onde virou a chave durante o Grand Prix, que a gente tinha certeza de que aquele ouro seria nosso na Olimpíada. Acho que todas as jogadoras, toda a comissão técnica, eu acho que todo mundo que trabalha aqui em Saquarema, que a gente fica muito em Saquarema, via, tinha certeza disso. Eu acho que era uma coisa que a gente passava pra todo mundo. 

Ao relembrar o primeiro ouro Olímpico, em Beijing 2008.

Então quando a gente faz 13 a 11 e elas viram de 14 a 13 de novo, foi muito igual. A recordação que eu tinha era muito igual 2010, 2006. E naquela hora eu falei assim 'nem ferrando que eu vou sentir aquela dor de novo'. Eu falei assim. Eu lembro que o Zé [José Roberto Guimarães] pede tempo, eu nem escuto direito que ele fala, eu só falo 'esse jogo é nosso' bem certa assim. E quando eu entro em quadra, eu só olho para a Dani, nem falo nada. Eu acho que a Dani também sentiu e o time todo eu senti uma energia também de que queria. Não foi todo mundo falando, era todo mundo assim com aquele negócio 'o jogo é nosso e pronto'. E foi. Bola a bola, elas faziam o ponto, a gente fazia, elas faziam, a gente fazia, até a gente conseguir ganhar. Primeiro match point aí a gente conseguiu ganhar. Mas foi um jogo muito legal de assistir Assim, esses últimos pontos que sempre me marcam assim, semanalmente, me marcam esse jogo desde 2012. É muito legal!

Quando relembrou o Brasil x Rússia das quartas de final em Londres 2012.

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