Martine Grael e Kahena Kunze, o par perfeito da vela brasileira, disputa final em Tóquio 2020

Campeãs da classe 49er FX na Rio 2016, as velejadoras brasileiras estão em segundo lugar na classificação geral e disputam a medal race nesta terça (3) às 0h30 (horário de Brasília) para tentar aumentar a coleção de medalhas Olímpicas do país na modalidade.

4 minPor Sheila Vieira
martine grael kahena kunze
(2016 Getty Images)

Uma das coisas com as quais os brasileiros sempre contam nos Jogos Olímpicos é medalha na vela. Não é por menos, já que a modalidade é a segunda que mais deu pódios ao país, 18 no total, atrás apenas das 24 do judô (o vôlei conquistou 23 entre a quadra e a praia).

Trazida por imigrantes no século 19, a vela se tornou uma cultura entre famílias de origem europeia, incluindo os Grael e os Kunze. Desta história, surgiu o par perfeito que tentará o bicampeonato Olímpico em Tóquio 2020 em 2021.

Martine Grael e Kahena Kunze - que disputam a medal race da classe 49er FX feminina nesta terça (3) às 0h30 da madrugada (horário de Brasília), com transmissão no Brasil de Globo/SporTV e Bandsports - mostraram que são mais fortes juntas. A data original da regata onde serão atribuídas as medalhas era essa segunda, mas a falta de vento levou ao adiamento em um dia da competição.

(Clive Mason/Getty Images)

Segunda colocação antes da medal race

A vela em Tóquio 2020 é disputada na pequena ilha de Enoshima, na qual Martine e Kahena foram campeãs do evento teste. O local de competição é o mesmo dos Jogos Olímpicos Tóquio 1964. Doze regatas foram disputadas durante quatro dias antes da final, e Martine e Kahena ocupam a segunda colocação geral na classe 49er FX.

“Acho que foi um bom dia, conseguimos ganhar a última regata, então acho que foi um bom dia. Estava bem complicado lá e acho que velejamos muito bem. Não fomos as mais rápidas, mas esse não era o foco hoje. As condições mudavam bastante e rapidamente, então é muito fácil ficar bem para trás. Os barcos estavam bem rápidos, mas com os ventos mudando, tudo que aconteceu foi esperado."

- Martine Grael após o primeiro dia de competição

As primeiras colocadas na classificação geral são as neerlandesas Annemiek Bekkering e Annette Duetz e atrás das brasileiras aparecem as alemãs Tina Lutz e Susann Eucke.

A medal race é uma corrida decisiva em que os pontos distribuídos são dobrados. Esses pontos são somados aos das regatas anteriores e a dupla com menos pontos perdidos leva a medalha de ouro.

(2021 Getty Images)

Grael e Kunze: muito mais que sobrenomes

Filha de Torben Grael, cinco vezes medalhista Olímpico, a niteroiense Martine começou a velejar com quatro anos no Rio de Janeiro, e aos 13 era campeã brasileira na classe Optimist.

Ao mesmo tempo, em São Paulo, a filha do campeão mundial juvenil Cláudio Kunze, Kahena, aprendia a velejar na represa de Guarapiranga. Fruto de uma gravidez complicada, Kahena ganhou esse nome graças a uma personagem de um livro que sua mãe leu, que era uma guerreira mitológica.

Martine e Kahena competiram contra a outra e juntas no juvenil com muito sucesso, mas decidiram buscar parceiras mais experientes para o profissional. No entanto, elas perceberam que em time que está ganhando não se mexe e se reencontraram. O resto é história.

Na Rio 2016, as duas se tornaram as primeiras velejadoras mulheres do Brasil a vencerem um ouro Olímpico. Também conquistaram um ouro e quatro pratas em Campeonatos Mundiais. Todas essas credenciais as colocaram em posição de favoritismo chegando a Tóquio.

Irmão de Martine disputa Jogos pela segunda vez

Além de Torben, Lars e Martine, a família Grael tem um quarto atleta Olímpico: Marco Grael, que está nos Jogos Olímpicos pela segunda vez junto a Gabriel Borges na classe 49er masculina. Os dois foram campeões pan-americanos em 2019.

Entre as 10 melhores duplas do mundo na classe 470, Fernanda Oliveira (medalhista de bronze em Beijing 2008 e primeira velejadora mulher medalhista Olímpica pelo Brasil junto a Isabel Swan) e Ana Barbachan estão em sexto lugar em sua classe após seis regatas.

Jorge Zarif, que ficou em quarto na Rio 2016, disputa a classe Finn pela terceira vez. Já na 470 masculina, Bruno Bethlem e Henrique Haddad representam o país novamente. Única competição mista da vela em Tóquio, a Nacra 17 conta com os brasileiros Gabriela Nicolino e Samuel Albercht.

"A expectativa nossa é manter a tradição de trazer medalha. Estamos aqui com oito equipes e todos possuem chance de chegar na regata final. Eu tenho muita confiança nessa equipe de jovens e mais experientes. Foi difícil fazer eventos por conta do fechamento da fronteira. Mas acredito que mesmo assim todos atletas estão muito bem preparados”.

- Torben Grael, chefe da equipe da vela do Brasil em Tóquio 2020

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