Christian de Oliveira dá a volta ao mundo para representar Portugal nos Jogos de Inverno
Português e australiano, formado nos EUA e treinando na Áustria, o atleta de 22 anos estreia na Copa do Mundo de snowboard para buscar a classificação para Beijing 2022. Confira a entrevista de Oliveira para o Olympics.com.
O snowboard deu muitos presentes a Christian de Oliveira. Fez com que ele conhecesse em seu país natal, a Austrália, o treinador austríaco que o incentivou a se mudar para os EUA, até se tornar um atleta de alto nível e receber um convite para representar Portugal, a sua nação paterna.
Oliveira estreia na temporada 2021/22 da Copa do Mundo FIS de snowboard neste sábado e domingo (11 e 12 de dezembro), em Bannoye, na Rússia. Em seguida, vai a duas etapas italianas (Carezza e Cortina D’Ampezzo), nos dias 16 e 18.
Como já atingiu os 100 pontos FIS, Oliveira precisa de um top 30 em um desses eventos para praticamente carimbar seu passaporte para os Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022, que acontecem de 4 a 20 de fevereiro. Saiba mais sobre este cidadão do mundo.
A meta é o top 20
Especialista no slalom gigante paralelo, Oliveira quer mais do que atingir o resultado necessário para a classificação Olímpica. “Sei que posso fazer melhor que isso, posso ser top 20. Chegar às finais seria o meu objetivo principal na temporada”, afirmou o snowboarder ao Olympics.com.
“Estou bastante confiante. Os treinamentos durante o verão foram muito bons, tenho pranchas novas. Em comparação com meus colegas, meus tempos têm melhorado bastante”, acrescentou. Oliveira ficou em 34º no Mundial de 2021 no slalom gigante paralelo e já quebrou a barreira do top 30 na Copa do Mundo no início de 2020.
Fã de Vic Wild (ROC), que conquistou dois ouros em Sochi 2014, Oliveira sonha com a chance de disputar os Jogos Olímpicos pela primeira vez.
“Seria muita satisfação, depois de ter trabalhado tão duro para chegar lá. Estou muito animado para me tornar um Olympian, cheio de empolgação. Seria incrível poder representar Portugal nos Jogos Olímpicos”, disse.
A volta ao mundo
Filho de José de Oliveira, português que emigrou para a Austrália há 30 anos, Christian conheceu as montanhas de neve em seu país natal.
“Temos bom acesso às montanhas, até tem bastante neve na Austrália. Temos bons locais de treinamento, vários clubes, treinadores internacionais, e foi assim que entrei no snowboard. Meu treinador é austríaco, trabalhava lá, e foi quem me incentivou no snowboard alpino, porque não é um esporte muito grande na Austrália. Ele me mostrou o mundo”, contou Oliveira.
Para continuar estudando sem deixar o sonho de ser atleta de lado, Oliveira se mudou para os EUA, terra de lendas do snowboard, como Shaun White e Chloe Kim. “Quando comecei a disputar torneios FIS aos 15 anos, percebi que poderia ter um grande futuro no esporte e chegar a disputar os Jogos Olímpicos”, lembrou.
Após morar na Oceania e América do Norte, Oliveira se mudou para a Europa, na Áustria. “Todas as etapas da Copa do Mundo, exceto as da Rússia, eu consigo ir de carro. Então é perfeito. Temos mais de 100 montanhas para escolher onde treinar”.
“Tenho muita sorte de ter esse esporte na minha vida, que me levou a tantos locais. Além de ser muito divertido, ainda vejo o mundo, que é um ótimo bônus.”
- Christian de Oliveira
As montanhas sempre foram a paixão de Oliveira, tanto para o snowboard, quanto para o seu outro esporte favorito, a escalada.
O orgulho de José
Oliveira foi convidado pela Federação Portuguesa de Desportos de Inverno para representar o país em 2017. “Nem pensei muito, sabia que era uma oportunidade incrível e aceitei. Queria ajudar Portugal a crescer nos esportes na neve, então é uma grande oportunidade de ajudá-los e ser um pioneiro do esporte no país”, afirmou.
Quem mais comemorou a decisão foi seu pai, José. “Ele ficou muito feliz. Foi muito legal, depois de 30 anos na Austrália, ele voltar a ter essa conexão com Portugal”, comentou o atleta.
Visitando Portugal com mais frequência, Oliveira entendeu por que seu pai gosta tanto de gastronomia. “As refeições não são uma coisa muito importante na Austrália, mas quando fui para Portugal eu entendi como a comida faz parte da cultura”.
Outra característica marcante da cultura portuguesa que Oliveira tem percebido é a receptividade. “A federação portuguesa é como se fosse família para mim. Eles me apoiam tanto, todo mundo é muito próximo e familiar”, acrescentou.
Esse sentimento também existe entre todos os competidores do snowboard. Assim como no skate, a amizade é tão ou mais importante do que a vitória. “Até na Copa do Mundo, você pode pedir algo emprestado para qualquer atleta e eles emprestam. É uma comunidade pequena, então todos são amigos”.
Com um pedaço de sua vida em cada canto do mundo, Oliveira segue sua jornada em busca do sonho Olímpico.