Brasil x Argentina: relembre jogos do clássico na Copa do Mundo FIFA e outras partidas marcantes

Brasileiros e argentinos já se enfrentaram em quatro ocasiões em Copas do Mundo. A última vez foi na Itália, em 1990. Um quinto confronto poderá acontecer no Catar. As duas seleções somam sete títulos mundiais e quatro medalhas de ouro Olímpicas. 

8 minPor Virgílio Franceschi Neto
Zico é perseguido por Osvaldo Ardiles, durante jogo entre as duas seleções pela Copa do Mundo FIFA 1982, na Espanha. O Brasil venceu a Argentina por 3 a 1, em Barcelona, na Espanha. 
(1982 Getty Images)

Brasil e Argentina fazem um clássico sul-americano do futebol e um dos maiores do mundo. A "Amarelinha" e a "Alvi-Celeste" são camisas icônicas que vão além de representar suas respectivas bandeiras nacionais. Sugerem identidades nacionais, o "Jogo Bonito" brasileiro e o "Estilo Criollo" argentino. O samba e o tango chegam a ser argumentos para explicar as habilidades dos futebolistas de cada país.

Nações do futebol, sem margem para dúvidas. Suas seleções masculinas têm, juntas, sete títulos mundiais (1958, 1962, 1970, 1978, 1986, 1994 e 2002). Medalhas de ouro Olímpicas, são quatro (Atenas 2004, Beijing 2008, Rio 2016 e Tóquio 2020).

Das várzeas do Brasil e dos potreros da Argentina, brotam talentos que transpiram garra, improviso, dedicação, espírito coletivo e vontade de vitória. Elementos que ficam cristalizados e ganham os olhos de todo o planeta quando jogam essas duas seleções. Mais ainda quando joga uma contra a outra.

Um clássico com mais de um século de história e mais de 100 partidas disputadas, quatro delas em Copas do Mundo. Um quinto encontro poderá acontecer no Catar, caso brasileiros e argentinos vençam seus jogos de quartas de final, contra Croácia e Países Baixos, respectivamente.

O Olympics.com relembra os duelos entre Brasil e Argentina em Mundiais, além de mais dois históricos confrontos que ajudaram a construir o imaginário em volta deste grande clássico. Ou melhor, "Super Clássico".

Brasil 2 x 1 Argentina: o primeiro jogo, na Copa do Mundo FIFA 1974

Quando se enfrentaram pela primeira vez em Mundiais, o Brasil já era tricampeão do mundo (1958, 1962 e 1970). A Argentina acumulava títulos continentais e seus clubes, reconhecidíssimos na América do Sul. Entre 1964 e 1974, só times argentinos venceram a Libertadores, exceto em 1971, quando foi conquistada pelo Nacional, do Uruguai.

Na primeira fase, o Brasil empatou duas (contra Iugoslávia e Escócia) e venceu uma (sobre o Zaire), enquanto a Argentina perdeu uma (para a Polônia), empatou outra (com a Itália) e goleou o Haiti (4 a 1).

Brasil e Argentina caíram no mesmo grupo da segunda fase naquele Mundial. Na rodada anterior, os brasileiros venceram a Alemanha Oriental pelo placar mínimo e, a Argentina, havia sofrido uma goleada dos Países Baixos por 4 a 0.

Os tricampeões mundiais já não tinham mais os craques da Copa passada, como Pelé e Tostão. No entanto, foram dois remanescentes daquele esquadrão que fizeram os dois gols da vitória do Brasil. Rivellino abriu o placar aos 32 minutos em chute rasteiro de canhota, de fora da área. Não demorou para o meia do Huracán, Brindisi, empatar em uma bela cobrança de falta. No início do segundo tempo, Jairzinho, livre, de cabeça, fez o gol que colocou os números finais no jogo.

As duas seleções ficaram sem chances de chegar à final daquela Copa do Mundo. Na partida seguinte, o Brasil perdeu por 2 a 0 para os Países Baixos, enquanto a Argentina empatou em um gol com a Alemanha Oriental. Na descisão pelo terceiro lugar, nova derrota brasileira, para a Polônia, por 1 a 0.

Brasil 0 x 0 Argentina: "A Batalha de Rosário" da Copa do Mundo FIFA 1978

As duas equipes voltaram a se enfrentar no Mundial seguinte, quatro anos mais tarde, na Argentina. O palco: o estádio "Gigante de Arroyito" - verdadeira "panela de pressão" - na cidade de Rosário. Um jogo válido também pela segunda fase de grupos. Mas desta vez, Brasil e Argentina vinham de vitórias na rodada inicial: sobre o Peru (3 a 0) e Polônia (2 a 0), respectivamente.

Seria, portanto, um jogo decisivo para ambos na caminhada rumo ao título.

O estádio estava lotado e em um cenário típico do futebol argentino: os trapos (faixas) pendurados em todas as partes, os cânticos ensurdecedores, sem faltar os papeizinhos picados que cobriam todo o campo. Nas quatro linhas, uma partida truncada, repleta de faltas, mas que mesmo assim gerou boas oportunidades de gol para os dois lados.

Um jogo tenso e equilibrado que resultou em um placar nulo e ganhou a alcunha de "A Batalha de Rosário."

"Antes do jogo, em campo, o Chicão (zagueiro do Brasil) perguntou: 'quem devo marcar?'. Eu disse a ele: 'está vendo aquele cabeludinho ali?' e apontei para o Mário Kempes (atacante da Argentina). 'Você não pode deixá-lo jogar'", disse Leão, goleiro brasileiro daquela partida, no programa "Boleiragem", do Sportv. "Na primeira chance, o Chicão fez falta. Kempes não viu a cor da bola o jogo todo", completou.

Kempes liderou a Argentina para a conquista da primeira Copa do Mundo, alguns dias mais tarde. O Brasil, pelo saldo de gols, fez a decisão pelo terceiro lugar contra a Itália e venceu por 2 a 1.

Brasil 3 x 1 Argentina: grande exibição brasileira na Copa do Mundo FIFA 1982

Pela terceira vez consecutiva em Copas, Brasil e Argentina se cruzavam pelo caminho, na mesma fase do Mundial. O Estádio do Sarriá, em Barcelona, também estava cheio, mas perdominavam o verde-e-amarelo da torcida brasileira.

Os brasileiros tinham um grande time, um dos mais celebrados da história, com Zico, Sócrates, Júnior e Falcão, entre outras estrelas. Do lado argentino, outra constelação com Maradona e alguns campeõs mundiais de 78, como Passarella e Ardiles.

A euforia nas arquibancadas foi transmitida para os gramados a favor do Brasil, que dominou toda a partida. Zico, Serginho Chulapa e Júnior fizeram os gols, enquanto Ramón Díaz, na última volta do cronômetro, descontou.

As duas seleções ficaram de fora das semifinais daquela Copa. A Argentina já havia perdido para a Itália e a derrota para o Brasil a eliminava do torneio. A eliminação brasileira aconteceria na partida seguinte, no hat-trick de Paolo Rossi nos 3 a 2 para a Itália.

Brasil 0 x 1 Argentina: Maradona e Caniggia comandam vitória alvi-celeste

Na Copa do Mundo de 1990 na Itália, o Brasil buscava quebrarm um jejum de duas décadas sem títulos, enquanto a Argentina vinha da conquista da Copa de 1986, no México.

Muitos dos vencedores quatro anos antes jogaram contra os brasileiros, em Turim, pelas oitavas de final daquela edição do torneio. A seleção brasileira acertou a trave de Goycoechea duas vezes, fazia um bom jogo e estava conseguindo neutralizar as ações dos craques argentinos.

Entretanto, como se diz no futebol, "basta uma bola." Uma chance apenas.

Aos 36 minutos do segundo tempo, Maradona recebeu no círculo central e conduziu a bola pela intermediária, livrando-se de dois marcadores e encontrando Caniggia pela esquerda, que recebeu a bola, passou por Taffarel e marcou. Vitória da Argentina por 1 a 0 e Brasil eliminado em sua pior campanha em Copas, desde a edição de 1966.

A Alvi-Celeste chegou à final, tendo sido derrotada para a Alemanha Ocidental por 1 a 0.

Copa América 2021: Argentina sai do jejum na "casa" do Brasil

Nos anos 90 e primeira década de 2000 a Argentina foi bastante vitoriosa com suas seleções de base, com títulos mundiais e um bicampeonato Olímpico (Atenas 2004 e Beijing 2008). No entanto, a sua seleção masculina adulta não era campeã desde a conquista da Copa América de 1993, no Equador.

Quase três décadas depois, em 2021 o fim deste jejum, com o título do mesmo campeonato regional, sob liderança de Lionel Messi (campeão dos Jogos em 2008). De quebra, vitória na final sobre o grande rival, o Brasil, em casa brasileira: o Maracanã, no Rio de Janeiro. O placar foi 1 a 0, gol de Di María (também medalhista de ouro em Beijing 2008).

"A felicidade que sinto é inexplicável...sinto que Deus estava guardando esse momento para mim, contra o Brasil na final e no seu país", disse Messi para o jornal 'Lance!'. "Acho que vai ser um jogo que vai ficar para a história, não só porque fomos campeões da América, mas também porque vencemos o Brasil no país deles", acrescentou.

(Buda Mendes)

Copa das Confederações 2005: Brasil goleia a Argentina na final

Anos antes, em 2005, um dos resultados mais expressivos na história dos confrontos entre as duas seleções. Brasil e Argentina fizeram a final da Copa das Confederações, em Frankfurt. As duas equipes contavam com grandes jogadores e esperava-se, dos dois lados, um jogo bastante equilibrado, assim como costuma ser todo Brasil x Argentina.

Adriano com dois gols, Ronaldinho Gaúcho e Kaká lideraram a goleada brasileira por 4 a 1. Aimar, que entrou no segundo tempo, descontou para os argentinos.

"Acredito que foi uma grande apresentação do Brasil, a melhor dentro da competição. Conseguimos encaixar a marcação, saímos na frente e foi muito bom. Acho que deu para fazer as observações, os testes que queria, e o melhor foi sair daqui com o título", disse Ronaldinho Gaúcho para o jornal 'Folha de S. Paulo' sobre o título.

(2005 Getty Images)

Caso se enfrentem no Catar, Brasil e Argentina serão capazes de proporcionar um grande espetáculo de futebol para o mundo tudo. Seleções que têm bastante história e que presentearam o universo com gênios da modalidade, como Pelé e Maradona. Camisas que são exemplos de excelência, criatividade e compromisso.

Impossível não mencionar a grande rivalidade entre essas duas seleções. É o ingrediente principal deste clássico. No entanto, ao mesmo tempo que ela é grande, diretamente proporcional é o respeito que o futebol de um país tem pelo outro, o que torna o Brasil x Argentina ainda maior.

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