Ana Marcela Cunha e Ingrid Oliveira brilham no Mundial de Esportes Aquáticos

Nadadora brasileira venceu os 5km em águas abertas na capital húngara e tornou-se bicampeã mundial da prova. Foi seu sexto título e 13ª medalha em mundiais. Nos saltos ornamentais, Ingrid Oliveira deu ao país o melhor resultado na história, com o quarto lugar na plataforma de 10 metros.

5 minPor Virgílio Franceschi Neto
Ana Marcela Cunha comemora o ouro nos 5km em águas abertas durante o Mundial de Esportes Aquáticos em Budapeste, na Hungria, em 27 de junho de 2022.
(2022 Getty Images)

Ana Marcela Cunha continua fazendo história. Desta vez no lago Lupa, ao norte da capital húngara, a campeã Olímpica da maratona aquática venceu a prova de 5km em águas abertas do Mundial de Esportes Aquáticos, com o tempo de 57min52s90. Em segundo lugar terminou a francesa Aurelie Muller (57min53s80) e em terceiro a italiana Giulia Gabbrielleschi (57min54s90). Viviane Jungblut (Grêmio Náutico União) também participou da prova e terminou em sétimo, com 58min00s50.

Foi a primeira medalha de ouro do Brasil - e terceira no geral - neste Mundial de Esportes Aquáticos. Aos 30 anos de idade, este é o segundo título mundial de Ana Marcela nesta prova, repetindo o feito de 2019, em Gwangju. Foi sua sexta medalha de ouro em mundiais e 13ª medalha no evento, cuja primeira participação aconteceu em 2011, em Xangai, na República Popular da China.

Relação de todos os pódios em Mundiais de Ana Marcela Cunha:

  • Bronze nos 5km de Roberval 2010 - durante o extinto Mundial de Águas Abertas, não o de Esportes Aquáticos
  • Ouro nos 25km de Xangai 2011
  • Prata nos 10km de Barcelona 2013
  • Bronze nos 5km de Barcelona 2013
  • Ouro nos 25km de Kazan 2015
  • Prata nos 5km de equipe em Kazan 2015
  • Bronze nos 10km de Kazan 2015
  • Ouro nos 25km de Budapeste 2017
  • Bronze nos 5km de Budapeste 2017
  • Bronze nos 10km de Budapeste 2017
  • Ouro nos 5km de Gwangju 2019
  • Ouro nos 25km de Gwangju 2019
  • Ouro nos 5km de Budapeste 2022

Ana Marcela Cunha: 'Precisei me reencontrar'

Ao terminar a prova, Ana Marcela Cunha comentou para o Sportv:

"Estou muito feliz, claro, ser campeã é tudo o que a gente quer. Quero deixar muito obrigado aos meus pais e à minha namorada. Agradecer ao Alex, que me ajudou em Setúbal na última etapa da Copa do Mundo, usando aquele traje de borracha. No dia seguinte não conseguia levantar o braço. Acabei de sair da (preparação na) altitude, foi muito difícil. Não sei se este é o meu melhor momento, mas acho que talvez como atleta, pessoa, eu tenha virado uma chave que ninguém imagina. A gente sempre acha que após um título Olímpico tudo é maravilhoso. Mas só vemos como é depois de passarmos por uma dificuldade...agora é descansar e dar o meu máximo nos 10km e é certeza que vou em busca do meu melhor resultado."

Na mesma entrevista, a baiana comentou sobre o reencontro com aquilo que ama fazer, nadar:

"Estou bastante acostumada a treinar muitas provas, muita quilometragem, só nós sabemos como é. Agora na altitude eu me dei conta que não estava mais feliz nadando, e eu tinha dito que só nadaria enquanto isso me fizesse feliz. Em quatro, cinco dias precisei me reencontrar, achar a minha felicidade e entender os motivos pelos quais estava lá. É difícil, porque quando se lembra da Ana Marcela, lembra-se dela forte, sempre bem de cabeça...foi um momento difícil para mim, me conheci de uma outra forma que não imaginava, mas estou de volta e isso me dá confiança e espero dar o meu melhor na prova dos 10 (quilômetros)."

Por fim, complementou ao falar sobre a preparação mental que fez e como foi a prova de 5km:

"O lado mental é muito importante, trabalhei muito com ele nos últimos dias, estava muito forte de cabeça, precisei virar a chave e me reencontrei. Precisei mudar minha estratégia, aconteceram coisas na prova que tive que tomar decisões rápidas, acho que a experiência traz isso, sangue frio, de fazer uma prova tranquila. Assumi a ponta, mas não queria estar ali...entretanto foi necessário e consegui conduzir até o fim. Antes disso estava totalmente controlada na prova. Tive bastante cabeça e frieza."

Ana Marcela Cunha disputará os 10km (distância usada nos Jogos) na quarta-feira dia 29. Por fim, na quinta-feira dia 30 ela cai na água pela última vez para os 25km, distância em que é tetracampeã mundial.

Ingrid Oliveira obtém o melhor resultado do Brasil nos saltos

Nos saltos ornamentais, a brasileira de 26 anos somou 327,10 pontos durante a final da prova da plataforma de 10 metros. Com o resultado, terminou na quarta posição e deu ao Brasil a melhor colocação de sempre na história da modalidade em Mundiais de Esportes Aquáticos. Ela se manteve em terceiro lugar até o terceiro salto, quando fez 46,20 e caiu na classificação. Nas duas últimas apresentações, recuperou-se, fazendo 80,00 no quinto e último salto e obtendo o quarto lugar.

Para as redes da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), declarou: "Estou muito feliz pelo resultado. Briguei pela medalha, mas acabou não vindo, fiquei muito perto...estou feliz por tudo o que eu fiz, com os meus resultados e pela minha evolução, sinto que estou no caminho certo e o meu foco é (os Jogos de) Paris. Quero evoluir cada vez mais para chegar bem nos Jogos e trazer essa medalha para o Brasil, mostrar que eu posso."

À frente de Ingrid Oliveira, as medalhistas de ouro e prata em Tóquio 2020, mas agora em posições alternadas. Prata no Japão, desta vez o ouro foi para CHEN Yuxi (CHN), enquanto a prata ficou para QUAN Hongchan (CHN), campeã Olímpica na capital japonesa. O bronze foi para Pandelela Pamg (MAS), medalhista de prata na Rio 2016 e bronze em Londres 2012.

(2021 Getty Images)
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