Guilherme Costa quer disputar 200m em Paris 2024: 'Pode ser uma prova nova para mim'
O “Cachorrão” teve seu grande resultado da carreira neste ano, com o bronze nos 400m no Mundial de Budapeste. Representante brasileiro nas distâncias longas, ele quer acrescentar mais um desafio na conta: a prova de 200m, para participar do revezamento mais forte do Brasil. Confira a entrevista para o Olympics.com.
O nadador brasileiro Guilherme Costa deixou Tóquio 2020, em 2021, com um sentimento de decepção. Na sua prova mais forte, os 400m livre, ele ficou de fora da final. O “choque”, como ele mesmo descreve, foi fundamental para sua evolução em 2022, que culminou em um bronze no Mundial de Budapeste.
“Foi um pouco frustrante para mim, porque eu estava muito preparado. Assim como no Mundial, eu já estava pronto para a medalha. E justo nos 400m eu não fui para a final, fiquei bem perto de entrar. Fui nos 800m, mas era uma prova que não tinha treinado tanto quanto os 400m. Se eu pudesse ter escolhido a final, seria a de 400m”, disse o “Cachorrão” ao Olympics.com.
“Ainda mais que na final os tempos não foram tão fortes. Se eu fizesse o tempo do Mundial, teria ganhado a Olimpíada. Ainda me dói um pouco não ter nadado aquela final”, acrescentou.
Mais confiante após sua melhor temporada em 2022, Guilherme sonha em disputar cinco provas em Paris 2024. Saiba mais sobre os seus planos abaixo.
Das Olimpíadas ao Mundial
O nadador de 24 anos viu o Mundial de Budapeste de 2022 como uma chance de redenção na sua prova preferida.
“Depois da Olimpíada, eu evoluí muito. Vi algumas coisas que estavam erradas. Não em relação a treino, porque acho que já fazia basicamente tudo que eu precisava, mas eu aprendi a fazer o tempo certo na hora certa. Consegui esse ano, na competição mais importante, fazer o meu melhor”, comentou.
Além do bronze nos 400m no Mundial, Guilherme dominou as distâncias que disputa (também os 800m e 1500m) no Brasil e na América do Sul, batendo diversas vezes os recordes sul-americanos das provas.
“Era algo que eu já estava esperando há algum tempo, mas acho que esse ano foi o grande salto na minha carreira”, avaliou.
O Cachorrão não quer parar por aí.
Guilherme Costa nos 200m em Paris 2024?
No Troféu Maria Lenk de 2022, Guilherme disputou os 200m livre, ficando na quinta posição, uma abaixo do necessário para disputar o revezamento 4x200m em Budapeste. Entrar neste grupo em 2023 é um objetivo para o carioca.
“O revezamento 4x200m livre do Brasil ficou em quarto em Tóquio e tem bastante chance de medalha em Paris. Então quero entrar nesse revezamento e evoluir nesta prova”, explicou.
“As principais provas são 400m e 800m livre, mas eu também vejo como possibilidade os 200m, que pode ser uma prova nova para mim. Também tem os 1500m, ou seja, distâncias bem diferentes. Mas acredito que posso nadar bem essas quatro”, opinou.
Se os planos de Guilherme derem certo, ele estaria em cinco provas em Paris 2024. Mas não se preocupe com o seu sacrifício físico.
“No Mundial, eu nadei praticamente todos os dias, mas é uma coisa natural para mim e eu treino com um volume bem alto para chegar preparado para aguentar. É claro que, se os 400m fossem no último dia, eu não nadaria tudo. Mas como a minha melhor prova é a primeira, eu consigo encarar as outras depois.”
Para quem cresceu vendo Michael Phelps dominar diversas provas, tudo é possível. “Ver ele conquistar várias medalhas fez nascer isso dentro de mim”, contou.
'Tudo que eu faço é visando Paris'
Guilherme é curto e seco quando se trata de seu maior objetivo: “Ser campeão Olímpico”. Porém, até Paris 2024, há muitos eventos importantes para que este sonho se realize.
“Temos competições que serão importantes como preparação e temos metas todo ano, mas tudo que eu faço é visando Paris. Neste ano, já treinei um pouco mais para ter uma base para o ano que vem, porque 2023 terá muitas competições e não vou conseguir treinar tanto”, disse.
Além do Mundial de 2023, que acontece em agosto, Guilherme também está de olho nos Jogos Pan-americanos, no segundo semestre, em Santiago. Ele tem tudo para aumentar sua coleção de medalhas no evento, que por enquanto é um ouro nos 1500m.
“No Mundial, o objetivo é ganhar, ser campeão mundial. Fiquei em terceiro no último, então agora quero ganhar. Também quero conquistar o maior número de medalhas possível no Pan, que podem ser cinco.”
Guilherme também está de olho na nova geração, que pode ameaçar seu domínio nessas provas.
“Há alguns anos tinha mais diferença, mas hoje já começa a ficar mais forte. Acho que ajudei um pouco com isso. Temos o Stephan [Steverink], que ganhou o Mundial júnior nos 400m. Acho que ele vai chegar e isso me ajuda a melhorar.”
‘Rio 2016 mudou muita coisa em mim’
Por trás de um carioca sério e tranquilo, existe um jovem determinado a fazer história para a natação brasileira.
“Sou muito competitivo, amo competir. Nadar é algo natural para mim, sempre gostei de nadar na praia, mas quando comecei a competir que realmente me apaixonei pelo esporte”, comentou.
Quando não está viajando para competir, Guilherme treina no Parque Aquático Maria Lenk, uma das instalações dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
“A gente tem tudo que precisa e a estrutura é muito boa. Já viajei muito para treinar na Europa e aqui não deve nada a nenhum lugar. Tem fisioterapeuta, médico, academia, preparadores e mais.”
Oito anos depois da Rio 2016, Guilherme terá a oportunidade de realizar seu sonho de ser campeão Olímpico na piscina parisiense.
“Sou do Rio e pude acompanhar muito o clima dos Jogos e assistir a alguns eventos. Os Jogos mudaram muita coisa em mim. Comecei a pensar só nos Jogos, que eu queria estar nos próximos. Dá mais vontade ainda de estar lá.”