Conheça o nadador português Diogo Ribeiro: de um acidente que quase tirou sua vida ao bronze europeu

Promessa da natação portuguesa, há pouco mais de um ano sofreu acidente de trânsito que poderia ter colocado um fim à carreira. Recuperado, coleciona recordes e soma medalhas internacionais em um grande ano de 2022. A última delas, um histórico bronze no Europeu.

5 minPor Virgílio Franceschi Neto
Diogo Ribeiro (POR) com a medalha de ouro nos 50m borboleta dos XIX Jogos do Mediterrâneo, em Orã, Argélia. 
(Adelino Meireles/Comité Olímpico de Portugal)

O coimbrense Diogo Ribeiro deu a Portugal sua terceira medalha da história nos Europeus de natação, que estão sendo realizados em Roma (Itália) até o dia 21 de agosto.

Ele foi bronze nos 50m borboleta, prova em que o dono de duas medalhas Olímpicas, Thomas Ceccon (ITA), foi ouro e Maxime Grousset (FRA), prata.

Antes disso, as medalhas lusas tinham sido as de Alexandre Yokochi, com o bronze nos 200m costas em Sófia 1985 e Alexis Santos, também bronze nos 200m medley, em Londres 2016.

Um roteiro que poderia ter sido bem diferente. Há pouco mais de um ano, Diogo Ribeiro sofreu um acidente de trânsito. Tinha acabado de ser medalhista no Campeonato Europeu Júnior. Teve várias fraturas e permaneceu internado.

De uma hora para a outra, o seu destino parecia ter tomado um outro rumo.

Entretanto, encontrou forças e, com bastante trabalho e disciplina, voltou ao esporte e às competições.

O resultado tem sido uma brilhante e inesquecível temporada 2022, cujo ponto mais alto foi o pódio conquistado na capital italiana. Com apenas 17 anos de idade, é um promissor atleta da natação portuguesa.

Um acidente que quase colocou fim à sua carreira

Passavam poucos dias de ter sido medalhista de prata no Campeonato Europeu Júnior de natação, em julho de 2021, em Roma (Itália), nos 100m borboleta. De volta para casa, em Coimbra, conduzia sua moto de baixa cilindrada quando um veículo de carga chocou-se contra ele. Perdeu a consciência, acordando apenas na ambulância a caminho do hospital.

"Não conseguia mexer. Doíam-me as costas só de respirar", disse o nadador para o site "Mais Futebol". Ficou com hematomas pelo corpo todo, teve queimaduras nas pernas, deslocou o ombro direito, fraturou o pé, teve uma microrruptura no peito e perdeu parte do dedo indicador direito.

Uma situação bastante adversa. Ficou internado por uma semana e de cama, em casa, por um mês. Para ir ao banheiro, ia em cadeira de rodas.

A fisioterapia ajudou-lhe a voltar aos poucos. Fez a reconstrução do dedo e não percebeu alterações em sua sensibilidade.

Soube lidar com o tempo e respeitá-lo.

Foi presenteado com uma rápida recuperação.

(Adelino Meireles/Global Imagens/Comité Olímpico de Portugal)

Um ano 2022 que não deixa dúvidas do que é capaz

Sem tempo a perder, mesmo depois do acidente mudou-se para a capital portuguesa a fim de treinar no centro esportivo do Jamor, referência no país. Era o início da temporada 2021/2022 e começou a nadar pelo Sport Lisboa e Benfica, clube conhecido pelas suas fortes equipes de rendimento.

Tal como recuperou-se com vigor fora das águas, dentro dela Ribeiro não fez diferente. Foi um dos grandes nomes nos campeonatos nacionais, realizados entre março e abril deste ano, em sua Coimbra natal. Superou quatro recordes adultos durante o torneio, ajudado pela comida da mãe e por haver dormido em casa, segundo ele mesmo disse para o site "Mais Futebol".

"Todos os recordes são especiais. Mas o dos 100m livres é o mais. Foi a primeira vez que um português fez abaixo dos 49s (28s72) e eu nem tinha grandes expectativas para essa prova", acrescentou.

Entre o fim de junho e início de julho, fez parte da delegação portuguesa nos Jogos do Mediterrâneo, organizados na cidade argelina de Orã. Não desapontou: foi ouro nos 50m borboleta e prata nos 100m livre.

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Resultados que confirmaram o bom momento de Ribeiro e levaram-no para o 36º Campeonato Europeu de Natação, na mesma Roma onde, um ano antes, celebrara a prata nos 100m borboleta.

Um bronze para a história

Desta vez, o histórico bronze para Portugal nos 50m borboleta, o terceiro de sempre de Portugal no evento. Fez a distância em 23s07. Recorde nacional e a dois centésimos do recorde mundial júnior.

"Olhei para o ecrã (placar) e vi o terceiro...olhei para os meus treinadores e eles estavam a sorrir. É algo inesquecível. Agora é o Mundial Júnior e espero tentar melhorar o tempo", comentou o nadador para a RTP (Rádio e Televisão de Portugal).

Mas não apenas isso. Diogo Ribeiro fez o recorde nacional nos 100m livre com 48s52, obtido na semifinal da prova. O título foi para o romeno David Popovici, novo recordista do mundo (46s86). Nos 100m borboleta, classificou-se para a final e terminou em oitavo lugar, com a melhor marca do país, de 51s61. O ouro ficou com o magiar Kristof Milak, atual campeão mundial e medalhista de prata Olímpico na prova.

Diogo Ribeiro: "O acidente foi uma lição"

Em pouco mais de um ano muita coisa aconteceu na vida deste promissor nadador português.

O acidente de trânsito quase colocou fim à sua carreira, fez o jovem rever alguns conceitos e repensar o que queria para ela.

"O acidente foi uma lição. Deu-me força mental e psicológica...acho que ganhei uma segunda vida. E tenho de a aproveitar. Não posso cometer os erros que cometi no passado...achava que era indestrutível e que nunca me ia acontecer nada. Percebi que não era assim", acrescentou ele para o site "Mais Futebol".

Diogo Ribeiro quer mais e sabe que pode mais. É bastante novo e tem tempo para descobrir os caminhos que vão levá-lo aos sonhos. A medalha Olímpica é o principal deles. O clímax de um roteiro perfeito.

Seu próximo passo - ou melhor, sua próxima braçada - é a participação no Mundial Júnior, entre 30 de agosto e 4 de setembro, em Lima, no Peru.

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