Tetracampeão do mundo e técnico medalhista Olímpico, Zagallo morre aos 92 anos  

Mário Jorge Lobo Zagallo faleceu no Rio de Janeiro no fim de noite dessa sexta-feira, 5 de janeiro de 2024. Único tetracampeão do mundo no futebol como jogador, técnico e coordenador, ele também levou o Brasil a uma medalha Olímpica no futebol em Atlanta 1996.  

4 minPor Gustavo Longo
Zagallo com a camisa da seleção brasileira de futebol
(Lucas Figueiredo/CBF)

Uma verdadeira lenda do esporte brasileiro morreu no fim de noite de sexta-feira, 5 de janeiro de 2024. Mário Jorge Lobo Zagallo, único tetracampeão do mundo no futebol, faleceu no Rio de Janeiro, onde morava. O anúncio foi feito pela família nos perfis das redes sociais do ex-atleta e técnico.

Nascido em Maceió, Alagoas, em 1931, mas morando no Rio de Janeiro desde os oito meses de idade, Zagallo se tornou um raro caso que faz história no esporte em diferentes funções. Primeiro como jogador versátil do elenco campeão do mundo em 1958 e 1962. Depois como técnico revolucionário no tri mundial em 1970. Por fim, como coordenador da equipe no tetra em 1994.

Em meio a estas conquistas com a seleção brasileira, ele também colecionou troféus e feitos em clubes brasileiros e seleções estrangeiras. Em uma época com menos informações e facilidades do que hoje, ele desbravou o Oriente Médio, comandando as seleções de Kwait (1976-1978), Arábia Saudita (1981-1984) e Emirados Árabes Unidos (1989-1990).

Também comandou a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos Atlanta 1996, garantindo a medalha de bronze com um elenco que serviria de base para o pentacampeonato mundial em 2002 – a única em que ele não esteve presente diretamente. De cadeira de rodas, também conduziu a tocha Olímpica antes da abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

“Você participar é uma emoção muito grande! Eu estava com a tocha na mão, numa cadeira de rodas e fiz um sacrifício muito grande porque estava representando o Brasil”, comentou ao site do COB. Em 2020, foi escolhido para integrar o Hall da Fama do Comitê Olímpico Brasileiro pelos serviços prestados ao esporte brasileiro.

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Zagallo comandou o Brasil no bronze em Atlanta 1996

Já consagrado como tetracampeão mundial de futebol em diferentes funções, Zagallo finalmente teve sua primeira experiência Olímpica como técnico da seleção brasileira em Atlanta 1996. Na ocasião, o país conquistou a medalha de bronze e voltou ao pódio da competição após oito anos.

Comandando uma geração que se destacaria no pentacampeonato em 2002, como Roberto Carlos, Ronaldo e Rivaldo, e veteranos do tetra como Bebeto e Aldair, o Brasil era um dos favoritos à medalha de ouro. No entanto, após abrir 3 a 1 sobre a Nigéria na semifinal, sofreu o empate no tempo normal e levou a virada na prorrogação com grande atuação de Kanu.

Restou a conquista do bronze, com uma vitória de 5 a 0 sobre Portugal. “É de grande importância para qualquer atleta participar dos Jogos Olímpicos”, recordou Zagallo em perfil publicado no site do Comitê Olímpico Brasileiro.

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Zagallo esteve perto dos Jogos Olímpicos em mais dois momentos

Os Jogos Olímpicos Atlanta 1996 foram a única experiência de Zagallo no evento por um mero capricho do destino. Em pelo menos duas oportunidades ele esteve perto de participar da competição: uma delas como jogador e outra como técnico.

Em 1952, era um dos cotados para integrar a seleção brasileira que disputaria os Jogos Olímpicos de Helsinque, no que seria a estreia do Brasil na modalidade. Entretanto, na época apenas jogadores amadores (ou seja, sem contrato profissional) poderiam participar – e Zagallo optou por assinar seu primeiro contrato com o Flamengo um ano antes.

“Ele [Newton Cardoso, técnico da seleção Olímpica) tinha falado, na época, que eu não assinasse o contrato porque seria um jogador que participaria da seleção em Helsinque, mas, na dúvida, eu preferi assinar”, comentou Zagallo ao Roda Viva, da TV Cultura, em 1996, e relembrado no perfil do COB.

Décadas depois, quando já era um técnico consagrado, ele conseguiu classificar a seleção da Arábia Saudita aos Jogos Olímpicos Los Angeles 1984 no pré-olímpico asiático. Contudo, em março daquele ano, ele foi demitido após um início ruim na disputa da Copa do Golfo e não pôde comandar o país no evento.

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