Revezamento 4x100 do Brasil quer reacender tradição no Mundial de Atletismo 2023

Erik Cardoso, Paulo André Camilo, Felipe Bardi, Rodrigo Nascimento e Renan Gallina dão esperança de que o Brasil volte a ser uma das grandes forças da prova. O título no Mundial de Revezamentos de 2019 foi o início da caminhada desta geração, que quebrou a barreira dos 10 segundos.

6 minPor Sheila Vieira
Revezamento 4x100 do Brasil no Sul-Americano 2023.
(Wagner Carmo/CBAt)

Os brasileiros que assistiram aos Jogos Olímpicos Sydney 2000 se lembram muito bem da narração "É prata, é prata, é prata, é prata, é prata" de Galvão Bueno para a conquista do revezamento 4x100m masculino do país. Um momento histórico para o Brasil, que eternizou uma prova na memória afetiva dos torcedores.

Desde então, o Brasil repetiu o segundo lugar no Mundial de 2003 em Paris, com o mesmo time de Sydney, mas sem Claudinei Quirino; conquistou o bronze em Beijing 2008 ainda com Vicente Lenílson no time; e foi campeão do Mundial de Revezamentos de 2019, já com um esboço do time atual: Rodrigo Nascimento, Derick Silva, Jorge Vides e Paulo André Camilo.

Em 2023, o Brasil conta com Paulo André, Erik Cardoso, Felipe Bardi, Rodrigo Nascimento e Renan Gallina. Jorge Vides também treina com o revezamento brasileiro e está em Budapeste. Saiba mais sobre os velocistas que tentam levar o país ao pódio no Mundial de Atletismo pela primeira vez em 20 anos.

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(Wagner Carmo/CBAt)

Erik Cardoso, o recordista brasileiro

Erik Cardoso, 23, garantiu o protagonismo na equipe após se tornar o primeiro brasileiro a correr os 100m em menos de 10 segundos, com vento válido. O atleta de Piracicaba fez 9.97 no Sul-Americano em 30 de julho.

Filho de uma jogadora de vôlei, Erik sempre esteve próximo ao esporte. "Fui para o atletismo por influência de uma professora de educação física. Ela me incentivou bastante, falou para eu correr, porque eu me dava bem. Aí cai em um berço abençoado, que são as mãos do Darci e da Rosana [treinadores do SESI da Vila Industrial]", contou.

Bastante apegado à sua fé, Erik lamentou ter parado nas eliminatórias dos 100m em Budapeste, com 10.25: "Primeiro é agradecer a Deus e a Nossa Senhora por estar aqui. Foi longe do esperado, eu esperava uma melhor marca, mas vou ver onde errei. A competição continua, é aprender com os erros e seguir em frente."

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Erik Cardoso disputa semifinal dos 100m no Mundial de Atletismo 2022 em Eugene, nos Estados Unidos.

(Carol Coelho/CBAt)

Paulo André, o hexa brasileiro correndo por amor

Atleta que cruzou a linha de chegada no título de 2019, Paulo André, 25, viveu uma montanha-russa de emoções desde então. Ele participou do reality show Big Brother Brasil em 2022, ficando na segunda posição, e se tornou uma celebridade nacional, trazendo um grande fã-clube para a audiência do atletismo.

De volta às pistas em 2023, PA teve como ápice neste ano o hexacampeonato no Troféu Brasil nos 100m. “Eu tinha certeza do que eu queria, que eu tinha potencial. Também tinha o pé no chão e a consciência de que eu não era o favorito da prova, então teria que ter tranquilidade e paciência. O objetivo era vencer o Troféu Brasil para me garantir no Mundial no revezamento e consegui”, disse PA ao Olympics.com.

O que motiva PA a encarar todos os sacrifícios mais uma vez? O amor. “O atletismo, os 100m, a velocidade... mesmo depois de tudo que eu passei, isso nunca morreu dentro de mim. Sempre tive essa chama acesa. Mesmo que ela tenha esfriado um pouco, ela sempre esteve dentro de mim."

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Felipe Bardi, que ficou a 0.1 m/s do recorde nacional

Felipe Bardi, 24, ficou a 0.1 m/s de ser o primeiro brasileiro sub-10. Ele correu para 9.97 em na semifinal do Troféu Brasil deste ano, mas o vento era de 2.1 m/s, sendo que o máximo permitido para ratificar o recorde brasileiro seria 2.0 m/s.

"Talvez esse seja o time mais forte que o Brasil já teve (no 4x100m), todo mundo correndo 10 baixo. A gente já tinha uma passagem de bastão boa, que é uma tradição do Brasil. Melhorando ainda mais as passagens e correndo bem, temos tudo para fazer grandes resultados", afirmou Bardi ao Olympics.com.

"Eu faço uma corrida mais agressiva e sempre corro bem no revezamento. Acho que vai dar certo, o time está bem encaixado", acrescentou.

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Rodrigo Nascimento, o irmão mais velho

A referência do grupo é Rodrigo Nascimento, 28, que também foi campeão em 2019. Ele concorda com Bardi que esta geração brasileira tem tudo para fazer história.

"Tenho grande esperança nesse time, é o melhor elenco que já tivemos", disse Rodrigo ao Olympics.com. Ele ressalta que o desempenho individual é importante, mas a sintonia do grupo mais ainda. "É uma mescla de gente nova e mais experiente. Quando o time se une é algo diferente, vira uma modalidade coletiva. É preciso que todos estejam entrosados."

"Tem a pressão do Mundial, o estádio cheio, as equipes mais fortes do mundo ao lado. A gente precisa manter a calma e ir ao limite para dar medalha, e eu digo ouro", avaliou.

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Renan Gallina, o promissor velocista bom de curvas

O caçula do time é o paranense Renan Gallina, 19, que correu para 10.01 neste ano e tem se destacado nos 200m, com o título pan-americano sub-20 e a semifinal no Mundial de Budapeste. Seus colegas elogiam muito a sua curva, um trunfo importante no revezamento 4x100m.

“Eu penso sim em medalha mundial ou Olímpica no futuro. É importante pensar nisso, porque o tempo passa muito rápido no atletismo, nossa carreira é curta", comentou Gallina durante o camping do revezamento em São Paulo.

Divertido nas redes sociais, Gallina gostou da recepção que recebeu dos outros atletas da seleção adulta.

“O pessoal zoa um pouco por eu ser mais novo, mas é bom que quebra o gelo. Eles me ajudam muito. No primeiro dia [do camping do revezamento] eu tive alguns problemas com a passagem e depois foi melhorando. A gente já saiu juntos, só jantar, nada de bagunça. É um clima legal”, disse.

No Sul-Americano deste ano, o Brasil levou o título com PA, Erik, Bardi e Rodrigo, mas Gallina estava se recuperando de lesão. Resta saber se o novato terá uma oportunidade nas eliminatórias ou na decisão, se o Brasil avançar.

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Principais resultados do revezamento 4x100 masculino brasileiro

  • Jogos Olímpicos Atlanta 1996 - Bronze - André Domingos, Arnaldo Oliveira, Edson Luciano, Robson Caetano
  • Mundial de Atletismo Sevilha 1999 - Bronze - Raphael de Oliveira, Claudinei Quirino, Édson Luciano, André Domingos
  • Jogos Olímpicos Sydney 2000 - Prata - André Domingos, Claudinei Quirino, Édson Luciano, Vicente Lenílson, Cláudio Roberto Souza
  • Mundial de Atletismo Paris 2003 - Prata - Vicente Lenílson, Édson Luciano, André Domingos, Cláudio Roberto Souza
  • Jogos Olímpicos Beijing 2008 - Bronze - Vicente Lenílson, Sandro Viana, Bruno Lins, José Carlos Moreira
  • Mundial de Revezamentos 2019 - Ouro - Rodrigo Nascimento, Derick Silva, Jorge Vides, Paulo André Camilo

Mundial de Atletismo 2023: horário e onde assistir ao 4x100 masculino

  • 25 de agosto (sexta-feira) - 14:30 - Eliminatórias
  • 26 de agosto (sábado) - 16:40 - Final

O Sportv 2 transmite o Mundial de Atletismo 2023 para o Brasil.

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