Agora que o Brasil já rompeu a aguardada barreira dos 100m em menos de 10 segundos, graças aos 9.97 de Erik Cardoso no Sul-Americano, o foco dos velocistas brasileiros é o Mundial de Budapeste, que começa em 19 de agosto. Entre nomes já consagrados, surgiu uma nova promessa: Renan Gallina, 19, que correu para 10.01 em junho.
“Eu olhei o cronômetro e falei ‘quê?’. Foi um misto de emoções, nem consegui expressar direito. Estava desacreditado no que tinha feito”, disse Gallina ao Olympics.com sobre o feito no Sul-Americano Sub-20. “Foi algo que me abriu portas. Eu não estaria aqui (treinando com a seleção) se não fosse essa marca.”
Um centésimo a mais, e Gallina teria conquistado o índice para Paris 2024. Mas outras oportunidades não faltarão. A próxima será entre 4 e 6 de agosto, no Pan-Americano Sub-20.
“Penso que posso obter o índice para Paris (10.00), então estou focado nisso. Conseguir essa vaga é um sonho e pode ser realizado com muito empenho”, comentou.
O 'novato' na equipe brasileira do 4x100m
Por mais que seja considerado um ‘novato’, Gallina sabe que não há tempo a perder.
“Eu penso sim em medalha mundial ou Olímpica no futuro. É importante pensar nisso, porque o tempo passa muito rápido no atletismo, nossa carreira é curta.”
Logo após o 10.01, Gallina sofreu uma lesão na coxa esquerda e não pôde disputar o Troféu Brasil. Após se recuperar, ele fez um camping com a equipe brasileira do 4x100m.
“Tive que me poupar para ter uma capacidade melhor de competir depois. Eu não estava pronto para voltar”, lamentou.
Junto a Paulo André Camilo, Erik Cardoso, Felipe Bardi, Rodrigo Nascimento e Jorge Vides, Gallina tem aprendido mais sobre a passagem de bastão no revezamento e tem divertido os seguidores nas redes sociais comentando suas interações com os companheiros.
Em um post no Twitter, ele escreveu: "Que noite, jantarzinho com o pessoal, que satisfação mesmo, os caras que só via nas redes mandando bem aí fora, pessoal bem resenha, parece até que tô vivendo um sonho, muito obrigado mesmo pela moral."
“O pessoal zoa um pouco por eu ser mais novo, mas é bom que quebra o gelo. Eles me ajudam muito. No primeiro dia eu tive alguns problemas com a passagem e depois foi melhorando. A gente já saiu juntos, só jantar, nada de bagunça. É um clima legal”, contou.
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As origens de Renan Gallina: ex-saltador e treinado por uma mulher
A disputa interna dos 100m é fundamental para que o Brasil volte a brigar no topo no revezamento, segundo Gallina.
“Quero estar nesse bolo, para o nosso revezamento crescer mundialmente, fora da América do Sul. O pessoal está correndo muito bem lá fora e precisamos mostrar serviço também por aqui. Queremos voltar a brigar a nível mundial”, disse.
Gallina também se destaca nos 200m, prova em que pode mostrar a característica pela qual mais recebe elogios: sua curva.
“Eu novinho aqui e o pessoal me fala ‘sua curva é muito boa’, que não sabe como eu tenho perna para aguentar. É muito gratificante ver as pessoas me analisando e comentando.”
Lutar por espaço é algo com que Gallina já está acostumado. Treinado por Sandra Regina Crul em Maringá, ele cresceu longe dos grandes clubes esportivos. Disputou o salto em altura até poucos anos atrás, mas a pista o escolheu.
“É bom para mostrar que pode sair gente de qualquer canto do país com potencial e talento”, afirmou.