Retrospectiva Olímpica 2022: ninguém acima de Alison dos Santos

De medalhista Olímpico de bronze a campeão mundial, o barreirista brasileiro não deu chance aos adversários e se colocou na briga pelo ouro em Paris 2024. Relembre sua campanha na temporada e saiba quais são suas principais competições para 2023.

5 minPor Sheila Vieira
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(2022 Getty Images)

Antes do título mundial dos 400m com barreiras no Mundial de Oregon de 2022, Alison dos Santos já estava impressionado com a velocidade que tudo mudou na sua vida nos últimos anos no atletismo.

"Se você me falasse em 2018, como imagina sua vida? Eu queria ir pro Mundial juvenil e brigar por alguma coisa. Em 2019, pelo Pan juvenil, nem sonhava chegar no Pan adulto. Queria fazer o índice Olímpico para sentir a energia dos Jogos Olímpicos. Ganhamos o Pan e fizemos final do Mundial em 2019 e depois disso tudo era possível. Mas não competi em 2020 por causa da pandemia, então não sabia como estava minha forma. Não imaginava brigar por medalha. Mas assim que voltamos, comecei a sonhar com 46. A gente evoluiu muito rápido", ele disse ao Olympics.com em maio.

Em Tóquio 2020, em 2021, o brasileiro de 22 anos alcançou o pódio, mas ainda parecia estar um patamar abaixo do norueguês Karsten Warholm, o recordista mundial, e do americano Rai Benjamin. Um ano depois, ele passou de forma invicta pela temporada, superando os dois rivais.

É fato que Warholm não estava no seu auge físico em 2022. O norueguês se lesionou poucas semanas antes do Mundial e, apesar de recuperado, teve a sua preparação prejudicada antes de correr em Oregon. Uma grande preocupação de Alison, inclusive, é treinar de uma maneira que evite lesões.

"Tocamos muito no ponto da longevidade. Entender que eu sou um atleta, mas não sou um robô. Se a gente pular etapas, posso correr mais rápido esse ano ou ano que vem, mas em 2025 e 2026 eu já não vou ter o mesmo rendimento, porque extraí tudo que tinha para extrair. Então é ter calma no trabalho, porque sou jovem", comentou.

Alison dos Santos em busca do recorde mundial

Neste ano, Alison aplicou um novo padrão de corrida, fazendo mais intervalos entre as barreiras com 12 passadas - o normal na prova são 13 - tática que melhorou sua eficiência na primeira parte da prova. Na reta de chegada, o brasileiro é superior aos adversários.

"Eu me sentia sufocado nas barreiras. Queria ser mais rápido, mas faltava espaço. Agora começamos a fazer testes. Faço 20 passadas até a primeira barreira, isso não mudou. Da primeira para a segunda, faço 13. E da segunda à sexta, faço 12. Depois volto a 13 até o final. Nos testes, estamos mais rápidos do que em Tóquio. Essa solução é para ser mais rápido no início, para ser mais competitivo contra o Warholm e o Benjamin nos 200 metros finais", contou.

Alison correu para 46 segundos três vezes em 2022, algo que ele não havia conseguido até o ano passado. Próxima meta: tentar alcançar os 45.94 de Warholm.

“Com certeza, o recorde mundial é meu objetivo. Em 2021, fizemos isso, só que os outros [Warholm e Benjamin] foram mais rápidos. Agora eu quero conquistar essa marca, ser chamado de recordista mundial. A gente sabe que é capaz, então por que não?”, disse Alison um dia após o título mundial.

'Piu' seguiu invicto até o final, conquistando o prêmio da Liga Diamante pela primeira vez.

“Não me sinto invencível. Mas sinto que estou com muita fome de vencer. Em muitas provas eu lutei para ser segundo, ser terceiro, agora eu senti o gosto de como é ganhar. Não quero largar esse osso”, afirmou.

Alison dos Santos em 2023: Mundial e Pan são ao alvos

Em fórmula que está ganhando, não se mexe. Portanto, Alison continuará com a mesma programação em 2023. O brasileiro fica em São Paulo até fevereiro, quando parte para um campo de treinamento nos EUA ao lado do treinador Felipe de Siqueira.

“Sinto que a minha vida está mudando para sempre e que esse é só o começo, que estamos crescendo muito e construindo nosso nome, nossa história. Ainda temos muito o que fazer ainda. É maravilhoso fazer o que a gente ama e ser bom nisso é melhor ainda, não tem preço.”

Os principais objetivos de Alison em 2023 são o bicampeonato no Mundial de Budapeste, que acontece de 19 a 27 de agosto e será classificatório para os Jogos Olímpicos Paris 2024, e os Jogos Pan-americanos, de 20 de outubro a 5 de novembro.

“Vai ser importante pegar a prova com o Warholm e o Benjamin saudáveis, na melhor condição deles. Que a gente consiga dar um show de novo e continuar levando os 400m com barreiras para outro nível.”

Independentemente dos resultados dos próximos anos, Alison já marcou o seu nome na história do atletismo brasileiro. Ele foi o primeiro campeão mundial de uma prova masculina outdoor do país.

“Como atleta, como brasileiro, acho que abri uma porta para outros caras que vão me ver correndo e vão achar que é possível. Eles podem vir aqui ao Mundial e ganhar, lutar pelo ouro, fazer história, quebrar um recorde”, comentou.

“Ser atleta no Brasil é diferente, comparado aos EUA ou outro país, mas nós somos capazes. Acredito no meu país.”

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Tempos de Alison dos Santos nos 400m com barreiras em 2022

  • Meeting de Des Moines - 48.41
  • Liga Diamante Doha - 47.24
  • Liga Diamante Eugene - 47.23
  • Liga Diamante Oslo - 47.26
  • Liga Diamante Estocolmo - 46.80
  • Mundial eliminatórias - 49.41
  • Mundial semifinal - 47.85
  • Mundial final - 46.29
  • Liga Diamante Cherzow - 47.80
  • Liga Diamante Bruxelas - 47.54
  • Liga Diamante Zurique - 46.98
  • Meeting Galà dei Castelli - 47.61
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