Alison dos Santos quer curtir o momento, sem perder o foco: ‘Não quero largar o osso’
O campeão mundial brasileiro sonha com o retorno ao Brasil e o reencontro com a família, mas suas metas continuam vivas em sua mente. Confira a entrevista exclusiva de Alison ao Olympics.com, no dia seguinte à sua vitória em Eugene.
Depois de vários meses nos EUA se preparando para o Mundial, Alison dos Santos está pronto para voltar a falar português e jogar truco.
No dia seguinte à sua vitória histórica nos 400m com barreiras em Eugene, o brasileiro falou com exclusividade ao Olympics.com sobre os seus desejos para o futuro imediato, no Brasil, e seus objetivos nas pistas.
“A primeira coisa que vou fazer quando chegar no Brasil vai ser pegar o meu carro, ir para a minha cidade [São Joaquim da Barra] e quando eu chegar lá, é festa. Quero ver a minha sobrinha, jogar truco com o meu pai, churrasco com os amigos”, contou o campeão mundial.
O foco daqui para frente, no entanto, continua o mesmo: quebrar o recorde mundial de 45s94 de Karsten Warholm.
“Com certeza, o recorde mundial é meu objetivo. Em 2021, fizemos isso, só que os outros [Warholm e Benjamin] foram mais rápidos. Agora eu quero conquistar essa marca, ser chamado de recordista mundial. A gente sabe que é capaz, então por que não?”, disse.
Piu, Gelado e 'Dos Santos'
O primeiro passo para chegar ao recorde é manter a invencibilidade na temporada.
“Não me sinto invencível. Mas sinto que estou com muita fome de vencer. Em muitas provas eu lutei para ser segundo, ser terceiro, agora eu senti o gosto de como é ganhar. Não quero largar esse osso”, afirmou.
“Competir vai ser importante nesse momento também, porque tem a energia que o público vai passar. Vai ser importante para pegar a prova com o Warholm e o Benjamin saudáveis, na melhor condição deles. Que a gente consiga dar um show de novo e continuar levando os 400m com barreiras para outro nível.”
Uma coisa é certa: Alison agora é uma estrela global. O primeiro gostinho da fama já veio na própria noite do título.
“Fomos para uma pizzaria, uma garota olhou para mim e disse ‘Dos Santos!’ e não me deixou pagar. Comi pizza de graça”, contou.
“Sinto que a minha vida está mudando para sempre e que esse é só o começo, que estamos crescendo muito e construindo nosso nome, nossa história. Ainda temos muito o que fazer ainda. É maravilhoso fazer o que a gente ama e ser bom nisso é melhor ainda, não tem preço.”
'Acredito no meu país'
A evolução meteórica de Alison nos últimos anos é fruto de muito talento, mas também de muita estratégia ao lado do treinador Felipe de Siqueira. Após o bronze em Tóquio 2020 em 2021, o brasileiro mudou seu padrão de passadas.
“Fomos tentando várias coisas e o melhor padrão que chegamos foi correr 12 passadas da segunda até a sexta barreira. Era o melhor que poderíamos encaixar para ser mais rápido naquele momento. Essa diferença das passadas foi gigantesca para conseguir ter uma corrida mais leve, mais solta”, explicou.
Alison chegou ao topo do mundo em Eugene, mas gostaria de ter companhia brasileira por lá.
“Como atleta, como brasileiro, acho que abri uma porta para outros caras que vão me ver correndo e vão achar que é possível. Eles podem vir aqui ao Mundial e ganhar, lutar pelo ouro, fazer história, quebrar um recorde”, comentou.
“Ser atleta no Brasil é diferente, comparado aos EUA ou outro país, mas nós somos capazes. Acredito no meu país.”