Rebeca Andrade: como a estrela brasileira superou grandes expectativas para fazer ainda mais história em 2024

A brasileira de 25 anos ganhou quatro medalhas, incluindo ouro no solo, em Paris 2024 e escreveu mais um capítulo em sua grande história.

 Rebeca Andrade poses for photo during Flamengo tribute to Olympic medalists from Paris 2024
(2024 Getty Images)

Não importa o que o futuro reserve para a superestrela da ginástica artística brasileira, Rebeca Andrade, sua campanha em 2024 consolidou seu legado como uma das melhores – e mais inspiradoras – atletas da história do seu esporte.

Aos 25 anos, ela se tornou uma presença constante na história da ginástica.

Seu ponto de virada foi há três anos, nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, quando conquistou a medalha de prata no individual geral, atrás da americana Suni Lee, sendo essa a primeira medalha Olímpica de qualquer ginasta da América do Sul no feminino. Dias depois, ela levou a medalha de ouro na final do salto feminino.

Mas não parou por aí: Rebeca adicionou mais ouros aos seus feitos nos Campeonatos Mundiais de 2021, 2022 e 2023.

Com Paris 2024 pela frente, o Brasil tinha grandes expectativas para sua estrela. E ela entregou.

Rebeca brilhou na capital francesa, conquistando quatro medalhas, incluindo a repetição da prata no individual geral de Tóquio e o ouro na final do solo feminino, sua sexta medalha, que a tornou a maior medalhista Olímpica de seu país.

"Isso é muito especial para mim... vocês estão vendo de fora, mas eu passei por tantas coisas também", disse ela sobre sua incrível trajetória. "Para mim, é uma honra estar nessa posição e mostrar todo o potencial que o Brasil tem, ao lado das outras meninas, mostrando o potencial dos atletas de todos os esportes. Espero que possamos receber mais apoio para os jovens atletas e para aqueles que estão na elite [da ginástica]."

Superando obstáculos

Mas tudo isso facilmente poderia nunca ter acontecido.

Rebeca sempre teve talento – ela terminou em terceiro lugar na classificatória na Rio 2016 – mas lesões a assombraram no início de sua carreira.

Ela enfrentou e superou rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA) em 2015, 2017 e 2019, lesões que poderiam ter lhe dado um motivo válido para deixar o esporte.

Determineda a ver seu talento brilhar, Rebeca reestruturou sua abordagem no treinamento e nas competições – onde, frequentemente, opta por não competir no salto e no solo – com a confiança total de seu treinador, Francisco Porath.

"Tenho total liberdade para falar com o Chico [Porath], e ele sabe que, quando estou com dor, eu falo, 'Hoje está muito difícil. Podemos deixar essa parte do treino de lado e fazer um treino mais leve?' porque ele sabe que no dia seguinte eu vou chegar na academia e vou dar o meu melhor", explicou Andrade sobre sua abordagem. "Isso é muito importante para mim. Essa troca que temos, a confiança que temos um no outro – e também a parte física, o preparador físico, a parte multidisciplinar com fisioterapia, massoterapia, psicóloga [também são importantes]."

"Acho que a combinação de todas essas coisas me faz sentir bem e preparada, mesmo após todas as cirurgias, mesmo após longos dias de competição, de vir e falar assim, 'Vai dar tudo certo. Estou bem, posso fazer isso,'" continuou. "Mesmo estando fisicamente ou, às vezes, mentalmente exausta, sabe? Acho que a preparação que fazemos diariamente na academia ajuda. Me prepara para estar aqui."

Rivalidade com Simone Biles: "É uma honra poder competir ao lado dela"

A competição de ginástica feminina em Paris teve seu foco na disputa entre Rebeca e a americana Simone Biles, com ambas conquistando quatro medalhas.

Cada uma afirmou que a outra a impulsionou e motivou a melhorar seu trabalho. Ambas expressaram a admiração que têm uma pela outra.

"Eu não quero mais competir com a Rebeca. Estou cansada; ela está muito perto," brincou Biles em Paris, após a disputa acirrada no individual geral. "Nunca tive uma atleta tão próxima, então definitivamente me colocou em alerta, e isso trouxe o melhor de mim. Estou empolgada e orgulhosa de competir com ela."

Rebeca concordou.

"É sobre dar o meu melhor, e espero que ela também dê o melhor dela, porque é uma honra poder competir ao lado dela", disse Rebeca antes de Paris, de acordo com a AFP.

Celebrando o seu ano: "É o reconhecimento de todo o nosso trabalho"

Rebeca tem desfrutado da repercussão de suas vitórias em Paris, posando para capas de revistas e recebendo honra após honra, incluindo a nomeação como uma das 100 Mulheres de 2024 da BBC.

"Olha o ano que tivemos. Tem que comemorar. É o reconhecimento do nosso trabalho, de todo o nosso compromisso, de tudo o que o atleta faz junto com sua equipe para ser reconhecido", disse ela recentemente à Globo.

"Acho que tivemos, como muitas outras pessoas, um ano muito bom. Tem que valorizar isso, né!?" continuou Rebeca. "Todo o nosso empenho, nosso esforço, nossa vontade de acordar todos os dias para fazer o melhor, não só por nós, mas por todo o nosso país."

Quanto aos seus planos futuros de competição, Rebeca ainda não fez muitas promessas firmes, mas deu a entender que pode continuar em um papel mais especializado.

"Acredito que foi meu último solo, sim, mas o futuro pertence a Deus", disse ela após conquistar a medalha de ouro no solo em Paris. "Não sei se veremos uma 'nova Rebeca', provavelmente uma Rebeca que não vai mais fazer todos os aparelhos."

Ainda assim, um objetivo permanece bem claro para a próxima fase de Rebeca: "[Eu] não vou perder a alegria, o brilho ou a vontade de continuar inspirando as pessoas."

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