Jogos Pan-Americanos Santiago 2023: conheça os melhores atletas Olímpicos chilenos da história

Faltam quatro dias para o início dos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023, de 20 de outubro a 5 de novembro. Embora seja anfitrião desse evento pela primeira vez, o Chile tem diversos atletas que fizeram história em diferentes edições Olímpicas e um histórico de 13 medalhas conquistadas: duas de ouro, sete de prata e quatro de bronze.

Entre eles estão o ex-tenista Nicolás Massú, único a ostentar dois ouros em todo o país; o maratonista Manuel Plaza, primeiro a conquistar uma medalha Olímpica para o Chile; e Érika Olivera, que, aos 40 anos, se tornou a primeira mulher a participar de cinco maratonas nos Jogos, entre outros.

Conheça alguns dos atletas que levaram o Chile ao pódio nos Jogos Olímpicos:

Nicolás Massú, o dono dos ouros chilenos

Nascido em Viña del Mar em 1979, Nicolás Massú se tornou um dos grandes protagonistas da história Olímpica do Chile por ser o único atleta do país a ter obtido duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos.

Competindo no circuito da ATP desde os 17 anos, ele tem sete títulos, sendo um de nível ATP 500, quatro de 250 e os ouros Olímpicos em simples e duplas.

Em âmbito Olímpico, ele segue sento o único tenista da história a ter obtido duas medalhas de ouro em uma mesma edição dos Jogos - algo que nem mesmo o chamado "Big 3", formado por Rafael Nadal, Novak Djokovic e Roger Federer conseguiu.

O feito aconteceu em Atenas 2004, quando ele foi campeão das chaves Olímpicas de simples e duplas em um lapso de apenas 24 horas. 

Em 21 de agosto daquele ano, Massú formou dupla com Fernando González para superar os alemães Nicolas Kiefer e Rainer Schüttler em nada menos que 3 horas e 43 minutos. Eles salvaram quatro match points no quarto set, após recuperar-se de um 6 a 2 a favor dos europeus no tie-break. 

No dia seguinte, Massú teve de encarar quase quatro horas para superar o americano Mardy Fish na final de simples e faturar o segundo ouro. Na memória ficaram as imagens do tenista esgotado, sentindo contraturas em diversas partes do corpo. 

“Trabalhei toda a minha vida para conseguir algo grande e aquela semana foi meu momento. Estava preparado para isso porque havia treinado muito. Quando uma oportunidade dessas aparece, é preciso aproveitá-la porque você nunca sabe quando voltará a acontecer. Ainda sou o único tenista a ganhar dois ouros em uma mesma edição de Jogos Olímpicos," disse ele em entrevista ao Olympics.com em 2021. 

• Participações em Jogos Olímpicos: Sídney 2000, Atenas 2004, Beijing 2008
• Medalhas Olímpicas: ouro em simples e duplas no tênis masculino (Atenas 2004)

Marlene Ahrens: força e destreza no lançamento do dardo

Marlene Ahrens está entre as grandes esportistas do Chile e sempre é apontada como a principal atleta do sexo feminino - afinal, é a única mulher a ter obtido uma medalha Olímpica para o país,uma prata no lançamento do dardo em Melbourne 1956.

Nascida em 1933 na cidade de Concepción, seu nome foi uma homenagem à cantora e atriz Marlene Dietrich. Ela começou no esporte por acaso, depois que seu namorado da época resolveu encaminhá-la ao pessoal do atletismo do clube do qual fazia parte como jogador de hóquei ao vê-la como atirava pedras ao mar. Foi ali que ela começou uma carreira de sucesso.

Além da prata Olímpica, obtida com uma marca de 50m38, ela viria ainda a ganhar duas medalhas de ouro no lançamento de dardo no Pan (Chicago 1959 e São Paulo 1963), quatro títulos no Campeonato Sul-Americano de Atletismo e outro primeiro lugar nos Jogos Ibero-Americanos.  

“Competia com tanto orgulho por estar defendendo meu país que, a cada vez que ia a uma competição, lançava entre dois e dois e meio metros a mais do que vinha fazendo nos treinos ”, comentou Ahrens ao jornal chileno "La Tercera".

Ahrens, que tentou ainda competir no tênis e no hipismo, morreu em 2020, aos 86 anos. 

• Participações em Jogos Olímpicos: Melbourne 1956, Roma 1960
• Medalhas Olímpicas: prata no lançamento de dardo (Melbourne 1956)

Fernando González e suas três medalhas Olímpicas

Fernando González é nome certo em qualquer lista dos maiores esportistas do Chile nos Jogos: é ele que detém o maior número de medalhas Olímpicas na história do evento - um ouro, uma prata e um bronze, todos no tênis masculino, entre duplas e simples, em edições diferentes.

Nascido en La Reina en 1980, o "Mano de Piedra" foi um dos representantes da melhor geração do tênis chileno, ao lado de Massú e Marcelo Ríos, entre outros. Ex-número 5 do mundo, em 14 anos como profissional ele venceu nada menos que 11 títulos do circuito da ATP, além de ter chegado à final do Aberto da Austrália de 2007.

O seu ouro Olímpico veio nas duplas ao lado do amigo Massú em Atenas 2004, após superar os alemães Kiefer e Schüttler.

González chegou perto de fazer uma final 100% chilena na capital grega, mas acabou superado por Mardy Fish na semifinal por conta de um problema no tornozelo que o fez cair de rendimento depois de vencer o primeiro set.

Apesar da derrota, ele acabou com o bronze naquela edição dos Jogos, superando na decisão Taylor Dent, também dos EUA. Assim como na final de duplas, González precisou salvar match points para conquistar a medalha.

Quatro anos depois, em Beijing 2008, ele chegou com moral, tendo sido porta-bandeira do Chile na cerimônia de abertura. A boa energia passou à quadra e ele deixou pelo caminho rivais como Marin Cilic o James Blake para encarar Nadal na decisão. À época, o chileno não foi páreo para o espanhol, número dois do mundo, e perdeu por 2 sets a 1.

“Os Jogos me deram algumas das melhores lembranças da minha carreira e acho, de verdade, que é algo de que as pessoas lembram bastante, pelo qual mais me reconhecem. Os Jogos foram uma experiência nova como tenista, pois vivia no circuito da ATP e os Jogos Olímpicos eram um torneio completamente distinto; representavam a magia, o início, a alma do esporte (...) os Jogos não são sobre dinheiro, não há luxo, e sim a magia de todos os atletas que lutam por algo em comum”, afirmou o ex-tenista em entrevista ao Olympics.com em 2023.

• Participações em Jogos Olímpicos: Atenas 2004, Beijing 2008
• Medallas Olímpicas ganadas: Ouro nas duplas masculinas e bronze em simples masculino (Atenas 2004). Prata em simples masculino (Beijing 2008)

Manuel Plaza: a primeira medalha da historia do Chile

O dia 5 de agosto de 1928 ficará para sempre marcado para o esporte chileno por ter sido a data da conquista da primeira medalha Olímpica da história do país. E ela veio com quem? O maratonista Manuel Plaza, prata na prova de Amsterdã 1928.

A conquista veio com uma marca histórica de 2h33min, apenas 26 segundos atrás do francês El Ouafi Bougueira, que venceu a prova.

Natural de Lampa e nascido em 17 março de 1900, Manuel Jesús Plaza Reyes dominou as provas de fundo na América do Sul na década de 20. O próprio lembrava que começou a entender o talento que tinha ainda aos 12 anos, quando trabalhava como entregador de jornais e foi criando a velocidade e resistência necessárias - afinal, quem entregava mais, ganhava mais dinheiro.

Quatro anos antes de ser prata em Amsterdã, Plaza correu a maratona de Paris 1924 e terminou em sexto lugar.

Durante muitos anos, circulou no Chile um rumor de que Plaza havia se perdido durante a corrida - até mesmo o próprio revelou em algum momento que se enganou em dois momentos, embora com o passar do tempo tenha desmentido isso.

Porta-bandeira nas Cerimônias de Abertura de París 1924 e Amsterdã 1928, ele foi apontado por muitos especialistas como o melhor atleta chileno de todos los tiempos. Ele faleceu em fevereiro de 1969, com 68 anos, em Santiago.

"No momento em que Jorge Matte e Guillermo Subercaseaux desceram à pista e me abraçaram, estava fora de mim; realmente não sabia como comemorar a conquista daquela vitória para o meu país e minha emoção aumentou quando ouvi os aplausos de milhares de mãos que se levantaram em todas as partes do estádio”, disse Plaza em entrevista à revista "Los Sports".

• Participações em Jogos Olímpicos: París 1924, Amsterdã 1928
• Medalhas Olímpicas: Prata na maratona (Amsterdã 1928)

Óscar Cristi, o "General" do hipismo chileno

Óscar Cristi foi um dos muitos militares que brilharam como atletas nos Jogos. Graças ao seu talento no hipismo, ele foi o primeiro chileno da história a obter duas medalhas Olímpicas em uma mesma edição do evento, em Helsinque 1952 - marco que só foi superado 52 anos depois, com Massú e os dois ouros em Atenas 2004.

Nascido em Valparaíso em 1916, ele começou a praticar hipismo quando iniciou a carreira na cavalaria e, pouco a pouco, foi subindo de cargo, chegando a ser General de Carabineros.

À época dos Jogos de Helsinque, o Chile começava a disputar torneios internacionais - portanto, quaisquer medalhas não passavam de um sonho distante. Entretanto, mesmo depois de uma exaustiva viagem, Cristi surpreendeu montando “Bambi” e levou a prata na disputa individual em 3 de agosto de 1952, atrás do francês Pierre Jonquères d’Oriola.

Além disso, ele também se destacou na disputa por equipes, ao lado de Ricardo Echeverría e César Mendoza, conquistando sua segunda prata, atrás apenas da Grã-Bretanha.

Cristi morreu aos 38 anos, em um acidente de carro em San Fernando.

• Participações em Jogos Olímpicos: Helsinque 1952
• Medalhas Olímpicas: Prata no salto individual e por equipes do hipismo (Helsinque 1952)

Érika Olivera: uma vida dedicada à maratona Olímpica

O esporte chileno também tem um lugar em sua história para o sacrifício, a perseverança e o amor próprio. Foi o caso da maratonista Érika Olivera, que até hoje detém o recorde de ser a chilena com mais participações em diferentes edições dos Jogos Olímpicos.

Nascida em Santiago em 1976, ela iniciou sua carreira no atletismo aos 11 anos. Aos 23 anos, conquistou a medalha de ouro na maratona feminina nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg 1999 e quatro anos depois levaria o bronze na edição de 2003, em Santo Domingo.

Sua primeira participação olímpica foi aos 20 anos, em Atlanta 1996, onde terminou na 37^a colocação. Quatro anos depois, teve seu melhor desempenho Olímpico, um 27^o lugar em Sydney 2000. Em Atenas 2004 ela terminou em 58^o.

Ausente em Pequim 2008, voltou em Londres 2012, onde terminou na 61^a posição. Da mesma forma, encerrou sua jornada nos Jogos aos 40 anos no Rio 2016, ficando na 105^a colocação. Nesse mesmo dia, Olivera se tornou a primeira mulher na história a participar de cinco maratonas Olímpicas.

“Vou embora como queria (...). Tenho muito orgulho de ter completado todas as cinco maratonas e de ser a primeira mulher na história a fazê-lo. Sinto-me jovem, feliz por ter conseguido terminar a corrida. É um desafio que propus a mim mesma há quatro anos”, disse Olivera aos jornalistas locais logo após terminar a maratona no Rio de Janeiro. 

• Participações em Jogos Olímpicos: Atlanta 1996, Sídney 2000, Atenas 2004, Londres 2012 e Río 2016
• Melhor resultado nos Jogos: 27^a colocada na maratona feminina (Sydney 2000)