Pâmela Rosa se abre sobre lesão antes de Tóquio 2020: ‘Eu não desisti’
Em carta para sua mãe no Players Tribune, skatista brasileira explica por que decidiu não contá-la sobre rompimento de ligamento do tornozelo antes dos Jogos Olímpicos. Pâmela também falou sobre como o skate se impôs sobre o seu antigo sonho de ser jogadora de futebol.
Pâmela Rosa chegou a Tóquio 2020, disputado em 2021, como uma das principais favoritas no skate street feminino. Líder do ranking mundial e vivendo o seu auge, a brasileira acabou ficando fora da final, terminando na 10ª colocação.
Era nítido que Pâmela não havia conseguido mostrar o seu melhor em Tóquio, e pouco depois ela revelou o motivo, que nem sua mãe sabia naquele momento: ela havia rompido o ligamento do tornozelo esquerdo dois dias antes da viagem.
Em depoimento ao Players Tribune, Pâmela narra para sua mãe, Evânia, a montanha-russa que viveu naqueles dias.
'Um sonho que não era só meu'
A skatista sonhava com sua estreia nos Jogos Olímpicos, “uma competição que eu sempre quis participar”, ela disse.
“A expectativa de viver essa nova experiência fez com que os anos de 2018 e 2019 fossem vitoriosos, porque eu me sentia leve”, contou Pâmela.
Apesar da pandemia ter adiado o sonho por um ano, Pâmela sentiu uma “emoção gigante” nos meses antes dos Jogos. “De verdade, eu sentia que estava representando não só o Brasil, mas muitos atletas que estavam ali”, afirmou.
“Disputar uma Olimpíada, mãe, é carregar a esperança da torcida. Isso não me deixava pressionada, mas sim motivada. Eu estava vivendo um sonho que não era só meu, mas também de milhões de brasileiros.” – Pâmela Rosa ao Players Tribune
'Aceitei que não estaria 100%'
Evânia temia que Pâmela se machucasse, como acabou acontecendo.
“Queria escrever que consegui vencer esse obstáculo; que a dor é passageira, enquanto a glória da vitória dura para sempre. Mas eu não fui capaz”, contou Pâmela.
“Quando cheguei em Tóquio, já sabia, lá no fundo, que não conseguiria dar o meu melhor na competição para a qual me preparei durante vários anos da minha vida. Antes de entrar na pista, eu aceitei que não estaria 100% para o momento que eu mais sonhava”, lamentou.
“Ainda assim, eu não desisti. Tentei me recuperar e me concentrei para fazer algumas manobras, mas não deu”, completou.
Mas Tóquio também trouxe boas memórias para Pâmela, como a prata de seu grande amigo Kelvin Hoefler, no street masculino. “Vibrei como se fosse uma vitória minha”, disse a skatista.
O skate tomou Pâmela do futebol
Antes de se tornar uma das melhores skatistas do mundo, Pâmela sonhava em ser jogadora de futebol. Apaixonada pelo São Paulo Futebol Clube, ela enfrentava alguma resistência de Evânia, que tinha medo da filha se machucar.
A garota de São José dos Campos só entrou em contato com o skate porque uma amiga deixou o dela na casa de Pâmela, que experimentou o esporte pela primeira vez e se apaixonou.
_“_Sim, eu queria ser jogadora de futebol, já tinha recebido até propostas para jogar em times, uma coisa que eu desejava muito, mas, quando eu comecei a andar de skate, a sensação de liberdade... Não tinha igual. Foi mais forte do que eu”, lembrou.
“O skate me escolheu antes que eu pudesse escolher o skate”. – Pâmela Rosa ao Players Tribune
Os pais de Pâmela deixaram de pagar contas para comprar um skate para a filha. Um sacrifício que seria infinitamente recompensado com seis medalhas em X-Games, dois títulos mundiais e a chegada ao Olimpo.