Chegar em um torneio com os oito melhores de sua geração e vencer todos eles, incluindo um top 20, é um feito para poucos. O tenista brasileiro João Fonseca agora carrega os louros e a responsabilidade de ser o campeão do Next Gen ATP Finals.
A estatística mais reproduzida sobre esta conquista foi que Fonseca se tornou o terceiro jogador de apenas 18 anos – o Next Gen reúne os melhores até 20 – a ser campeão. Os outros dois são ninguém menos do que o italiano Jannik Sinner, atual número 1 do mundo, e o espanhol Carlos Alcaraz.
“É uma pressão boa, mas diz também que eu estou no caminho certo. Quero, obviamente, fazer o que eles estão fazendo e atingindo, ganhando grande, ser número 1 do mundo, ter muitos fãs, uma rivalidade inacreditável, espero que em alguns anos... vou trabalhar pra isso”, disse Fonseca à imprensa brasileira após o título.
“Jogar com os oito melhores jogadores até 20 anos é muito bom. Só de ter qualificado já era muito importante para mim. Os sete eram melhores do que eu, mas eu obviamente não queria perder pra nenhum deles, nenhum partida. E jogadores muito bons, como Sinner, Alcaraz e Tsitsipas já ganharam aqui. Se eles fizeram essa trajetória, por que não posso fazer também?”, acrescentou.
Algumas perguntas depois, Fonseca ponderou que, por mais que ele tenha grandes ambições, cada história é escrita de uma maneira. A dele está só começando.
“Quando a gente vê um jovem brasileiro atingindo coisas relativamente grandes, eles já querem botar como promessa. Botar expectativa é bom, mas eu quero ser o João. Há uma pressão boa, com todos me comparando com nomes grandes, mas eu quero fazer a minha história. Viver o presente, sem pensar muito no futuro. ‘Ah, o João ganhou o Next Gen com 18 anos e três meses e o Sinner com dois meses’, são comparações meio inúteis. Cada um tem o seu tempo.”
Encontro com Rafa Nadal e decisões acertadas
Outro tenista que foi bastante precoce e entrou para os livros de história foi Rafael Nadal, que acompanhou a decisão em Jeddah e incentivou o brasileiro.
“Sensacional a aura que ele transmite. É tipo ver Deus, assim, é uma coisa surreal. Conversei com ele, me deu boa sorte e depois do jogo eu consegui encontrar com ele e ele disse coisas super legais”, compartilhou o brasileiro.
Fonseca viveu um turbilhão de emoções em 2024, com as quartas de final do Rio Open, um ATP 500, uma vitória em Masters 1000, um título de Challenger e a ascensão de 730º para 145º do ranking. Ele jamais teria passado por tudo isso se tivesse seguido o plano original de competir no tênis universitário americano.
“As coisas na minha vida acabaram acontecendo muito rápido. Eu era juvenil, ganhei o US Open juvenil, joguei no Rio Open. Fui crescendo. Eu avaliei muito com a minha família a possibilidade de faculdade ou não, mas depois do que aconteceu no Rio, não conseguiria dizer não. Falei para meus pais, que sempre me apoiaram, que queria ser profissional. É onde eu pertenço e quero viver”, relembrou Fonseca.
“Já ouvi muitas coisas boas [sobre a NCAA], mas não me arrependo não”, disse o carioca, sorrindo.
Nada de Natal: João Fonseca vai direto para Austrália e quer chave principal
Quem pensa que Fonseca agora degustará uma bela ceia de Natal se enganou redondamente. O carioca parte já nesta segunda-feira (23 de dezembro) para a Austrália, onde jogará um Challenger em Camberra antes do qualifying do Australian Open, primeiro Grand Slam de 2025.
“Com certeza esse título me traz mais confiança. Já estou no ano que vem, porque fiz pré-temporada e a gente já emenda, mas vai ser um ano desafiador pra mim, porque será o segundo ano como profissional. Tem que defender pontos. Vou estar mais acostumado com o circuito, mais maduro”, projeta João.
Em Melbourne, João terá que lutar na fase classificatória para obter um lugar na chave principal. Se tudo der certo, ele já atinge uma meta de 2025 logo em janeiro.
“Jogar a chave principal de um Slam é uma meta pessoal minha. Não gosto de falar tanto pra não criar expectativas. Mas quero jogar cada vez mais em torneios grandes.”