O tênis nunca foi uma um esporte fácil de prever. As expectativas que são colocadas em tenistas que tiveram um bom desempenho no juvenil podem ou não ser atendidas, levando em conta diversos fatores, como evolução técnica, tática, física e emocional.
Atualmente, o Brasil tem um tenista nesta delicada posição, o carioca João Fonseca, de 18 anos. Elogiado por Roger Federer, Novak Djokovic e pela comunidade mundial do tênis praticamente toda vez que entra em quadra, Fonseca tem o ‘privilégio da pressão’, como diz a lenda Billie Jean King.
Qualquer exercício de previsão de futuro é pura especulação a essa altura, mas é perfeitamente possível explicar por que Fonseca desperta tanta esperança entre os fãs de tênis. Confira abaixo.
A evolução de ranking de João Fonseca comparada a Guga Kuerten, Thomaz Bellucci e Bia Haddad Maia
O ranking para grande parte dos tenistas é como um Everest a ser escalado. As posições são difíceis de serem conquistadas e fáceis de serem perdidas.
Portanto, quando Fonseca sai de 730º do mundo no início da temporada para terminá-la em 145º (o Next Gen Finals não conta para o ranking), isso mostra uma evolução rápida.
Ex-número 1 do mundo e tricampeão de Roland Garros, Guga demorou duas temporadas para ter um salto parecido. O catarinense terminou 1993 em 670º, o ano seguinte em 371º e, ao final de 1995, ocupava a 188ª colocação. Ganhou 100 posições em 1996 e, como sabemos, estourou em 1997 com o título de Grand Slam na França, indo a 14º no encerramento daquele ano.
Thomaz Bellucci, que foi 21º do mundo, era o 878º no fim de 2005, o 583º ao final de 2006 e o 202º no desfecho de 2007. O paulista entrou no top 100 no ano seguinte e alcançou a 36ª colocação em 2009, começando então o seu auge.
O caminho de Beatriz Haddad Maia teve mais altos e baixos, muito por conta das lesões graves que ela sofreu no início de sua carreira como adulta. Bia era 746ª no fim de 2011 e, quatro anos depois, em 2015, foi a 198ª. Em 2017, terminou em 65º, caindo para 358º em 2020. No ano seguinte, iniciou a melhor fase de sua carreira, com a ascensão para o top 10 e a semifinal de Roland Garros em 2023.
Esses números significam que Fonseca terá resultados tão bons quanto Guga, Bellucci ou Bia? Não. Mas eles comprovam um potencial.
João Fonseca mostrou que não se intimida com os jogadores top
O termo “top players” (jogadores top) engloba um grupo extremamente diverso em termos de jogo e personalidade, mas Fonseca já teve o gosto de estar diante de tenistas já consolidados no circuito.
O maior exemplo é a recém-criada rivalidade com o francês Arthur Fils, número 20 do mundo. Eles se enfrentaram na primeira rodada do Rio Open, quando Fonseca ainda tinha 17 anos, e o carioca se impôs no saibro em casa.
A situação era um tanto diferente quando eles se reencontraram no Next Gen Finals, em quadra dura coberta, condição que favoreceria Fils. Fonseca lutou em uma partida dura de cinco sets e triunfou novamente.
Em outro jogo disputado diante do tcheco Jakub Mensik, número 48 do mundo, também no Next Gen Finals, Fonseca igualou o poder de fogo do adversário e tirou sua confiança, obtendo mais uma vitória importante.
Em um cenário de Copa Davis, onde até os melhores do mundo podem sucumbir à pressão, Fonseca derrotou o neerlandês Botic Van de Zandschulp, então número 68º do ranking, também na quadra dura.
Isso quer dizer que Fonseca passará por todos os tops que encontrar no caminho? Isso não se aplica a ninguém. Afinal, neste ano, o brasileiro também perdeu para Matteo Berrettini, James Duckworth, Brandon Nakashima, Cameron Norrie, Alejandro Tabilo e outros tenistas de peso. Porém, aos poucos, o carioca se mostra mais acostumado a encará-los de frente.
O feito que só Jannik Sinner e Carlos Alcaraz também conseguiram
Tenistas de 18 anos costumam ter a desvantagem de serem os mais novos no Next Gen Finals, já que o torneio reúne os oito melhores da temporada até 20 anos.
Isso não foi um problema para três jogadores: o italiano Jannik Sinner, campeão em 2019, o espanhol Carlos Alcaraz, vencedor em 2021, e João Fonseca, vencedor em 2024.
Há quem torça para a formação de um novo ‘Big 3’ com os três tenistas, e Fonseca terá um longo caminho para tentar chegar lá. O que fica a cada dia mais claro é que o carioca vem dando passos certeiros rumo a um grande futuro.